Sionismo & racismo

O jornalista Alberto Dines, no passado combativo profissional pelo Estado de direito no Brasil, entra em surto sempre que alguém critica os crimes de Israel

Por Emerson Leal
Doutor em Física Atômica e Molecular e vice-prefeito de São Carlos


Em meu artigo sobre a repercussão do discurso do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, na Conferência da ONU sobre o racismo em Genebra, não comentei a crítica dojornalista brasileiro Alberto Dines ao líder iraniano por este ter identificado sionismo com racismo.

Dines, que claramente não leu o discurso do presidente iraniano, vaticinou: “O insano discurso do presidente iraniano em Genebra (...) é uma das peças mais racistas e mais intolerantes desde o suicídio de Joseph Goebbels em maio de 1945”.
Disse mais: “A arenga do líder iraniano negou e minimizou o Holocausto [falso!] – obra máxima do racismo hitlerista –, retomou a viciosa comparação entre o nacionalismo judeu – o sionismo – com racismo e verberou os valores ocidentais”. Dines falou também de "delírio racista" e de "pequeno déspota".
Leia aqui a íntegra do discurso do presidente do Irã, em português.
Afora algumas questões de importância menor, não há como não concordar com as denúncias de crimes contra os direitos humanos e o terrorismo de Estado do governo de Israel contra os palestinos.
Dines, no passado combativo jornalista pelo Estado de direito no Brasil, ao que tudo indica, entra em surto sempre que alguém critica os crimes de Israel.
Ele se enfurece por Ahmadinejad identificar sionismo com racismo.

Pergunto, será que ele se enfureceu também com Nelson Mandela quando, em carta a Thomas Friedman (colunista do The New york Times), escreveu que ‘a estrutura de relações políticas e culturais entre palestinos e israelenses é sistema de apartheid’?
Mandela disse mais: “Thomas, se você acompanhar as votações em Israel durante os últimos 40 anos, vai encontrar o racismo claramente (...). Se você também analisar o sistema judiciário de Israel, verá que há discriminação contra os palestinos (...). A propriedade palestina não é reconhecida como propriedade privada e pode ser confiscada etc, etc”.
Pergunto, por que Alberto Dines não se indignou com o discurso proferido por Miguel D’Escoto, presidente da Assembléia Geral do ONU, em 24 de novembro passado sobre a ‘Questão Palestina’ quando afirmou, no mesmo tom do discurso de Ahmadinejad, que “ ... as políticas israelenses em território palestino ocupado assemelham-se ao apartheid que existiu em outra época e em outro continente”?
E completou: a ONU deveria adotar medidas semelhantes às que foram colocadas em prática contra a África do Sul como forma de “pressionar Israel a pôr fim às violações dos direitos humanos na Palestina ocupada”.

Se em Israel um palestino anda ou trafega por rua reservada exclusivamente para os israelenses ele é preso e condenado a seis meses de prisão (no apartheid da África do Sul, o negro só podia viajar de ônibus se ocupasse as últimas cadeiras).
No livro ‘O Apartheid de Israel’, do brasileiro-judeu Nathaniel Braia (Ed. Alfa-Omega, 2001), há centenas de outros exemplos.
E há quem tenha a pachorra de declarar que existe democracia em Israel. Como pode ser compatível com a democracia regime de apartheid dos mais nefastos como este promovido pelo governo nazisionista de Israel contra o povo palestino?
Que os países europeus aliados de Israel e os EUA boicotem toda e qualquer denúncia contra o racismo no país é compreensível.
Que Dines o faça também é profundamente lamentável.


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