Até tu, Eliane?... Até tu, Dines?

Jornalistas fazem assim o jogo do lobby pró-Israel – como o fizeram a Folha de S. Paulo, o O Estado de S. Paulo e a revista Veja – que aplaudiram a vinda ao Brasil de genocida como Bush e esculhambaram com o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, por ele ter tido a coragem de botar o dedo no nariz da potência imperial, os EUA, e de sua ponta-de-lança no Oriente – o regime israelense

Por Emerson Leal (foto)
Doutor em Física Atômica e Molecular e vice-prefeito de São Carlos



É realmente incrível como a mídia internacional e, principalmente, a mídia hegemônica brasileira ‘macaqueiam’ sem o menor senso crítico tudo que sai no New York Times.
O episódio relacionado com o discurso do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, na Conferência sobre o racismo em Genebra é exemplo claro, chegando mesmo às raias do absurdo.
Articulistas de peso, como Eliane Catanhêde, da Folha de S. Paulo, e Alberto Dines ou jogaram na defensiva ou, muito pior, repetiram mentiras propaladas pelo jornalão norte-americano sobre aquele discurso.
Eliane, em seu artigo “A ver navios” na FSP de 5 de maio, acabou por ‘proteger’ o regime nazisionista de Israel.
Disse ela: “O Brasil condena os ataques verbais de Ahmadinejad a Israel, como faz diante da matança de crianças em guerras”.
De que ‘guerras’ ela está falando? ‘Matança’ de crianças por quem?
Pois é, ela não teve a coragem de ser explícita.
Eliane deveria ter dito, no mínimo, o seguinte: “ ... como faz na condenação da matança de crianças palestinas em Gaza pelo regime de Israel”.
Já Alberto Dines, em matéria divulgada pela internet falou o tempo todo com o fígado, não com a razão.
Dines – que fez denúncias de peso contra o regime de arbítrio da ditadura que imperou no Brasil de 1964 a 1985 –, nas questões relacionadas com o conflito entre os palestinos e o governo israelense tem assumido, com certa freqüência, o papel de jornalista acrítico e pusilânime.
Dines, incompreensivelmente, absorveu mentiras do New York Times sobre a fala de Ahmadinejad.
Como experiente jornalista que é, deveria ter tido o senso crítico de ler e analisar antes o referido discurso; não o fez e, portanto, falou bobagens.
Calúnias, como a de que o presidente do Irã teria ameaçado ‘varrer Israel do mapa’ e, pior, de ‘exterminar os judeus’, como faz o NYT, perpassam as entre-linhas do artigo de Dines.
Nada disso foi dito no discurso do presidente iraniano. Leia o discurso aqui.
O maior pecado de Dines foi afirmar que em seu discurso Ahmadinejad teria “negado e minimizado o Holocausto e retomado a viciosa comparação entre o nacionalismo judeu – o sionismo – com racismo”.
Ora, li o discurso do presidente.
A referência mais próxima ao ‘holocausto’ que ele fez foi a seguinte: “... fizeram uso da agressão militar, depois da Segunda Guerra Mundial, para privar toda uma nação (a Palestina) de seu território com o pretexto (sic!) do sofrimento do povo judeu.
E enviaram para a região emigrantes (judeus) da Europa, dos EUA e de outras partes do mundo para estabelecer governo totalmente racista na Palestina ocupada”.
Foi nesta parte do discurso de Ahmadinejad que delegados de países amigos de Israel retiraram-se do recinto da Conferência.
A questão é que ele falou a pura verdade.
Por isso, foi aplaudido o tempo todo por representantes dos países que permaneceram no recinto.
E se é que Dines fez alguma crítica ao governo de Israel, foi muito de leve e consistiu no seguinte: "... as posições do governo israelense relativamente à imperiosa necessidade de se criar Estado palestino são equivocadas e nocivas".
Só!
Convenhamos, é muito pouco partindo deste que foi combativo jornalista nos áureos tempos das grandes lutas pelas liberdades democráticas no Brasil.
O que ele poderia ter feito também, é dar nome aos bois.
Dines deveria ter dito no mínimo o seguinte: ‘... o massacre genocida que há décadas o governo nazisionista de Israel vem perpetrando contra o povo palestino é covarde e merece o repúdio de todos os homens de bem do mundo’.
Eliane e Dines, com suas posições indignas de verdadeiros democratas, fazem assim o jogo do lobby pró-Israel – como a FSP, o Estadão e a Veja – que aplaudiram a vinda ao Brasil de genocida como Bush e esculhambaram com Ahmadinejad por ele ter tido a coragem de botar o dedo no nariz da potência imperial, os EUA, e de sua ponta-de-lança – o regime israelense.

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