Discurso sobre racismo, que a imprensa omitiu, proferido pelo presidente do Irã na ONU

Na conferência das Nações Unidas, em Genebra, dia 20 de abril, o líder iraniano Mahmoud Ahmadinejad (foto), afirmou que o racismo, resultado de desvio do verdadeiro caminho da vida humana e símbolo da ignorância, é sinal da frustração no desenvolvimento da sociedade humana.
"Como podemos esperar por justiça e paz no mundo quando a discriminação é legalizada e a origem da lei é dominada pela coerção, pela arrogância e pela força, ao invés de o ser pela justiça e pelo direito?
(...) As potências consideram-se conquistadoras do mundo enquanto ignoram ou pisam sobre direitos de outras nações através da imposição de leis opressoras e de arranjos internacionais", acrescentou ele.

Sr. Presidente, respeitável secretário-geral das Nações Unidas, respeitável Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Senhoras e Senhores:

Reunimo-nos na sequência da Conferência de Durban contra o Racismo e a Discriminação Racial a fim de elaborar mecanismos práticos para as nossas campanhas sagradas e humanitárias.
Ao longo dos últimos séculos, a humanidade atravessou grandes dificuldades e sofrimentos.
Na Era Medieval, pensadores e cientistas foram sentenciados à morte. Seguiu-se então por período escravocrata e de tráfico negreiro.
Pessoas inocentes foram aprisionadas aos milhões, separadas das suas famílias e seres amados para serem levadas para a Europa e a América sob as piores condições; período negro que também conheceu ocupações, saques e massacres de pessoas inocentes.
Muitos anos se passaram antes de nações se levantarem e combaterem pela sua liberdade e elas pagaram um alto preço por isso.
Perderam milhões de vidas para expulsar os ocupantes e estabelecer governos independentes e nacionais.
Contudo, não levou muito tempo até que ocupantes do poder impusessem duas guerras na Europa, as quais também assolaram parte da Ásia e da África.
Aquelas guerras horrendas ceifaram cerca de uma centena de milhões de vidas e deixaram atrás de si a devastação maciça.
Se as lições das ocupações, horrores e crimes daquelas guerras houvessem sido aprendidas, haveria raio de esperança para o futuro.

As potências vitoriosas consideram-se conquistadoras do mundo enquanto ignoram ou pisam sobre direitos de outras nações através da imposição de leis opressoras e de arranjos internacionais.

Senhoras e senhores,
Vamos olhar para o Conselho de Segurança da ONU o qual é um dos legados da I Guerra Mundial e da II Guerra Mundial.
Qual era a lógica por trás da garantia que se concederam ao direito de veto?
Como pode tal lógica concordar com valores humanitários ou espirituais?
Não seria isto inconformidade com os princípios reconhecidos de justiça, igualdade perante a lei, amor e dignidade humana?
Não seria isto discriminação, injustiça, violações de direitos humanos ou humilhação da maioria das nações e países?

O conselho é o mais alto corpo decisor mundial para a salvaguarda da paz e da segurança internacional.
Como podemos nós esperar a realização de justiça e paz quando a discriminação é legalizada e a origem da lei é dominada pela coerção e pela força ao invés de o ser pela justiça e pelo direito?

A coerção e a arrogância são a origem da opressão e das guerras.
Embora hoje muitos proponentes do racismo condenem a discriminação racial em palavras e slogans, certo número de países poderosos foi autorizado a decidir por outras nações com base nos seus próprios interesses e ao seu próprio arbítrio e eles podem facilmente violar todas as leis e valores humanitários como têm feito.

A seguir à II Guerra Mundial, recorreram à agressão militar para tornar sem lar toda uma nação sob o pretexto do sofrimento judeu e enviaram migrantes da Europa, dos Estados Unidos e de outras partes do mundo a fim de estabelecer governo totalmente racista na Palestina ocupada.
E, de fato, em compensação pelas terríveis consequências do racismo na Europa, ajudaram a levar ao poder o mais cruel e repressivo regime racista na Palestina.
O Conselho de Segurança ajudou a estabilizar o regime de ocupação e apoiou-o nos últimos 60 anos dando-lhes liberdade de ação para cometer toda a espécie de atrocidades.
É de todo ainda mais lamentável que certo número de governos ocidentais e os Estados Unidos tenham-se comprometido a defender aqueles racistas perpetradores de genocídio enquanto os povos com consciência e mente livre do mundo condenam a agressão, as brutalidades e o bombardeamento de civis em Gaza.
Os que apoiam Israel têm sido sempre coniventes ou silenciosos em relação aos crimes do regime sionista.

Caros amigos, distintos delegados, senhoras e senhores.
Quais são as raízes dos ataques dos EUA contra o Iraque ou da invasão do Afeganistão?

Era o motivo por trás da invasão do Iraque qualquer outra coisa senão a arrogância da então administração dos EUA e as pressões crescentes da parte dos possuidores de riqueza e poder para expandir a sua esfera de influência atendendo aos interesses de gigantescas companhias fabricantes de armas, afetando cultura nobre com milhares de anos de história, eliminando as ameaças potenciais e práticas de países muçulmanos contra o regime sionista ou para controlar e pilhar os recursos energéticos do povo iraquiano?
Por que, na verdade, quase dos milhões de pessoas foram mortas e feridas e outros milhões foram deslocados?
Por que, na verdade, o povo iraquiano sofreu enormes perdas que montam a bilhões de dólares?
E por que bilhões e bilhões de dólares foram impostos ao povo norte-americano em resultado destas ações militares?
Não foi a ação militar contra o Iraque planejada pelos sionistas e seus aliados na então administração dos EUA em cumplicidade com os países fabricantes de armas e os possuidores de riqueza?
Será que a invasão do Afeganistão restaurou a paz, a segurança e o bem-estar econômico no país?
Os Estados Unidos e os seus aliados não só fracassaram em conter a produção de drogas no Afeganistão como também o cultivo de narcóticos multiplicou-se durante a sua presença.
A questão básica é qual foi a responsabilidade e a função da então administração dos EUA e dos seus aliados?

Representavam eles os países do mundo?
Foram autorizados pelos povos do mundo a interferir em todas as partes do globo, naturalmente sobretudo na nossa região?
Não serão estas medidas um exemplo claro de egocentrismo, racismo, discriminação ou violação da dignidade e da independência de nações?


Senhoras e senhores, quem é responsável pela atual crise econômica global?
Onde é que a crise começou?
Na África, Ásia ou nos Estados Unidos em primeiro lugar propagando-se então através da Europa e entre os seus aliados?

Durante longo tempo, os EUA e seus aliados impuseram regulamentações econômicas injustas através do seu poder político sobre a economia internacional.
Os EUA e aliados impuseram sistema financeiro e monetário sem adequado mecanismo de supervisão internacional sobre nações e governos que não desempenhavam qualquer papel nestas tendências ou políticas repressivas.
Os EUA e aliados nem mesmo permitiram ao seus povos supervisionar ou monitorar suas políticas financeiras.
Os EUA e aliados aprovaram as leis e regulamentos em desobediência a todos os valores morais para proteger interesses dos possuidores de riqueza e poder.
Além disso apresentaram definição de economia de mercado e de competição que negou muitas das oportunidades económicas que poderiam ser disponibilizadas a outros países do mundo.
Os EUA e aliados até transferiram os seus problemas para outros povos enquanto as ondas de crise os açoitavam praguejando as suas economias com bilhões e bilhões de dólares de déficits de orçamentos.
E hoje, estão a injetar trilhões de dólares dos bolsos do seus próprios povos e de outras nações em bancos, companhias e instituições financeiras fracassadas tornando a situação cada vez mais complicada.
Estão simplesmente pensando na manutenção do poder e da riqueza.

Sr. Presidente, senhoras e senhores.
O racismo está baseado na falta de conhecimento quanto às raízes da existência humana como as criaturas selecionadas de Deus.
É também o resultado do desvio do verdadeiro caminho da vida humana e das obrigações da humanidade no mundo da criação, deixando de conscientemente orar a Deus, não sendo capazes de pensar acerca da filosofia da vida ou o caminho para a perfeição que são os principais ingredientes dos valores divinos e humanitários os quais restringiram o horizonte da perspectiva humana tornando interesses transitórios e limites a medida para a sua ação.
Eis porque o mal do poder moldou-se e expandiu-se no âmago do poder enquanto privava outros de desfrutarem oportunidades de desenvolvimento correctas e justas.
O resultado foi a feitura de racismo desenfreado que está a colocar as mais sérias ameaças à paz internacional e obstaculiza o caminho para construir a coexistência pacífica por todo o mundo.
Indubitavelmente, o racismo é o símbolo da ignorância que tem profundas raízes históricas e é, na verdade, o sinal da frustração no desenvolvimento da sociedade humana.
É, portanto, crucialmente importante detectar as manifestações de racismo em situações ou em sociedades onde a ignorância ou a falta de conhecimento prevalece.
Esta crescente consciência geral e entendimento da filosofia da existência humana é a luta de princípio contra tais manifestações e revela a verdade de que a humanidade centra-se na criação do universo e que a chave para resolver o problema do racismo é um retorno a valores espirituais e morais e finalmente a inclinação para orar a Deus Poderoso.
A comunidade internacional deve iniciar movimentos colectivos para elevar a consciência em sociedades afligidas em que a ignorância do racismo ainda prevalece de modo a dar um basta à propagação destas manifestações malignas. Caros amigos, hoje, a comunidade humana enfrenta espécie de racismo que empana a imagem da humanidade no princípio do terceiro milénio.
O sionismo mundial personifica o racismo que falsamente recorre a religiões e abusa de sentimentos religiosos para ocultar o seu ódio e a sua cara horrenda.
Contudo, é de grande importância por em foco os objetivos políticos de algumas das potências mundiais e daqueles que controlam enormes recursos e interesses econômicos no mundo.
Essas potências mobilizam todos os recursos, incluindo a sua influência econômica e política e os meios de comuncação mundiais para prestar apoio em vão ao regime sionista e maliciosamente minimizar a indignidade e desgraça deste regime.
Isto não é simplesmente questão de ignorância e ninguém pode terminar estes fenômenos horrendos através de campanhas diplomáticas.
Devem ser efetuados esforços para por fim ao abuso dos sionistas e dos países que os apoiam para respeitar a vontade e as aspirações das nações.
Os governos devem ser encorajados e apoiados nos seus combates destinados a erradicar este racismo bárbaro e para moverem-se rumo à reforma dos atuais mecanismos internacionais.

Não há dúvida de que todos vocês estão conscientes das conspirações de algumas potências e de círculos sionistas contra os objetivos desta conferência.
Infelizmente, tem havido textos e declarações em apoio aos sionistas e aos seus crimes.
E é da responsabilidade dos respeitáveis representantes das nações revelar estas campanhas, as quais são executadas contra os valores e princípios humanitários.

Ao defender direitos humanos é basicamente importante defender os direitos de todas as nações participarem igualmente em toda decisão internacional importante sem a influência de certas potências mundiais.

É necessário reestruturar as organizações internacionais existentes e os seus respectivos arranjos.
Portanto esta conferência é campo de teste e a opinião pública mundial hoje e amanhã julgará as nossas decisões e as nossas ações.

Sr. Presidente, Senhoras e Senhores, o mundo atravessa mudanças rápidas e fundamentais.
As relações de poder tornaram-se fracas e frágeis.
Os ruídos do estalar dos pilares dos sistemas mundiais agora são audíveis.
As principais estruturas políticas e econômicas estão à beira do colapso.
Crises políticas e de segurança estão em ascensão.
A piora da crise na economia mundial, para a qual não se vê perspectiva brilhante, demonstra maré ascendente de mudanças globais de extremo alcance.
Enfatizei repetidamente a necessidade de alterar a direção errada em que o mundo está administrado e também adverti das horrendas consequências de qualquer atraso nesta responsabilidade crucial.
Agora, neste valioso evento, gostaria de anunciar a todos os líderes, pensadores, nações do mundo presentes nesta reunião e para aqueles que anseiam por paz e bem-estar econômico que a injusta administração econômica do mundo está agora no fim da estrada.
Este impasse era inevitável uma vez que a lógica desta administração imposta era opressiva.
A lógica da gestão coletiva dos assuntos mundiais é baseada sobre nobres aspirações que se centram nos seres humanos e na supremacia do Deus poderoso. Portanto ela desafia qualquer política ou plano que vá contra o poder das nações.
A vitória do certo sobre o errado e o estabelecimento de sistema mundial justo foi prometido pelo Deus Poderoso e pelos seus mensageiros e foi objetivo partilhado de todos os seres humanos de diferentes sociedades e gerações no curso da história.
A realização de tal futuro depende do conhecimento da criação e a crença da fé.

A feitura de sociedade global é de fato o cumprimento de objetivo nobre contido no estabelecimento de sistema global comum que será executado com a participação de todas as nações do mundo em todos os principais processos de tomada de decisão e a raiz definida para este sublime objetivo.
Capacidades técnicas e científicas, assim como tecnologia de comunicação, criaram entendimento comum e generalizado da sociedade mundial e proporcionaram o terreno necessário para sistema comum.
Agora cabe a todos os intelectuais, pensadores e dirigentes políticos do mundo cumprirem a responsabilidade histórica com crença firme nesta raiz bem definida.
Também quero enfatizar o fato de que o liberalismo ocidental e o capitalismo chegaram ao seu fim uma vez que fracassaram em perceber a verdade do mundo e os humanos tais como eles são.
Eles impuseram os seus próprios objetivos e direções aos seres humanos.
Não há respeito por valores humanos e divinos, de justiça, liberdade, amor e fraternidade e basearam a vida sobre a competição intensa.

Agora devemos aprender com o passado iniciando esforços coletivos para tratar dos desafios presentes e em conexão com isto, como uma observação final, quero chamar a vossa gentil atenção para duas importantes questões:
Primeiro, é absolutamente possível melhorar a situação existente no mundo. Contudo, deve-se notar que isto só pode ser alcançado através da cooperação de todos os países a fim de conseguir o melhor das capacidades e recursos existentes no mundo.
Minha participação nesta conferência deve-se à convicção quanto a estas importantes questões bem como à nossa responsabilidade comum de defender os direitos das nações em relação ao fenômeno sinistro do racismo e de estar convosco, os pensadores do mundo.

Segundo, é necessário focar valores divinos e humanitários relativos à verdadeira definição de seres humanos baseados sobre a justiça e o respeito pelos direitos de todos os povos em todas as partes do mundo e reconhecendo as transgressões passadas na administração do mundo, e empreender medidas colectivas para reformar as estruturas existentes.

Quanto a isto, é crucialmente importante reformar rapidamente a estrutura do Conselho de Segurança, incluindo a eliminação do discriminatório direito de veto e mudar os atuais sistemas financeiros e monetários do mundo.

É evidente que a falta de entendimento da urgência de mudança equivale a custos muito mais pesados com o atraso consequente.

Caros amigos, movermo-nos rumo à justiça e à dignidade humana é como fluxo rápido na corrente de rio.
Não nos esqueçamos da essência do amor e da afeição.
O futuro prometido dos seres humanos é um grande ativo que pode servir aos nossos propósitos de nos mantermos juntos para construir um novo mundo.
A fim de fazer do mundo lugar melhor cheio de amor e de bênçãos, mundo destituído de pobreza e de ódio, fundindo as crescentes bênçãos de Deus Poderoso e a gestão correta do ser humano perfeito, vamos todos unir as nossas mãos na amizade para o cumprimento de tal novo mundo.
Agradeço ao Sr. Presidente, ao Secretário-Geral e a todos os respeitáveis participantes terem tido a paciência de me ouvir.
Muito obrigado.


Clque AQUI para ler este texto em inglês.

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