Crise eleva em mais de 400 mil o número de mortes por fome nos lugares mais pobres do mundo


Se nações doadoras aproveitarem o momento crítco da economia como desculpa para dar as costas compromissos de ajudar os países, a situação, que já é grave, poderá tornar-se catastrófica

Por Rosaria Amato, jornal La Repubblica, da Itália
Tradução de Moisés Sbardelotto


A instituição internacional Action for Global Health (Ação para a Saúde Global) afirmou que rejeita as afirmações de Robert Zoellick (foto), diretor do Banco Mundial, de que a crescente recessão econômica, somada ao aumento dos preços dos produtos alimentares e dos combustíveis, tornará ainda mais difícil, para os governos dos países em via de desenvolvimento, proteger os pobres.
Segundo a instituição, é justamente neste momento de crise que aumenta a responsabilidade de defender os pobres.
Respeitar os compromissos assumidos como estratégia anticrise é a tese que surge de relatório da Action for Global Health, que
têm sede em Bruxelas e reúne 15 organizações não-governamentais atuantes no Reino Unido e na França, Alemanha, Espanha, Reino Unido e Itália.
“A saúde é direito fundamental humano. Constitui contribuição fundamental para a redução da pobreza, para o desenvolvimento social, para a segurança humana e para o crescimento econômico”, diz o relatório.
Abandonar os países em vias de desenvolvimento em meio à crise significaria condenar à morte centenas de milhares de pessoas, sobretudo mulheres e crianças. A pobreza não é igual para todos, lembra a Ação para a Saúde Global: “Atualmente, no sul do mundo, a cada minuto uma mulher morre no parto. Para cada mulher que morre, 20 sofrem de invalidez ou doenças. Cerca de 75% das infecções do HIV na faixa de idade compreendida entre os 15 e 24 anos se referem às jovens mulheres. Cerca de 120 milhões de crianças e de mulheres são submetidas à mutilação dos genitais”.

Segundo o relatório, criança que nasce em país em vias de desenvolvimento já tem 13 vezes mais probabilidade de morrer do que criança nascida em país industrializado.
"Mas com a crise o risco de morte infantil se tornará mais elevado. Calcula-se que a atual crise econômica comportará entre 200 mil e 400 mil mortes por ano, devido, em grande parte, à dramática piora da desnutrição infantil”, diz o relatório.

Sociedade sadia é capaz de ativar círculo virtuoso do qual se beneficiam as relações internacionais, lembra a Ação para a Saúde Global.
"É preciso evitar que a crise da saúde desemboque em catástrofe humanitária nos países em vias de desenvolvimento", afirmam os dirigentes da Ação para a Saúde Global.

O único caminho, relembra a organização, é a de enfrentar os compromissos já assumidos, a partir dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, acordados em Nova Iorque em setembro de 2008, valorizando também a eventualidade de incrementar os financiamentos já garantidos.

Particularmente com referência à saúde, os objetivos assumidos são três: reduzir em dois terços a taxa de mortalidade infantil com menos de cinco anos; melhorar a saúde materna; combater o HIV/Aids, a malária e outras doenças.

Segundo
Zoellick, em 94 países em vias de desenvolvimento do total de 116 já está verificando-se desaceleração do crescimento econômico, e apenas um quarto das nações mais vulneráveis possui os recursos necessários para prevenir aumento da pobreza.
“Os 22 países mais pobres do mundo poderão necessitar neste ano, para resistir, de ajudas de 25 bilhões de dólares. Mas se a crise piorar além das previsões, essa cifra pode alcançar os 140 bilhões de dólares", diz o Banco Mundial.

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