Desmascarando editoriais do Wall Street Journal

Jornal é a fonte ideológica do fanatismo de extrema-direita nos EUA

Mike Whitney [*]

A página editorial do Wall Street Journal é a fonte ideológica do fanatismo de extrema-direita nos EUA.
Ela não é fórum para debate aberto e sim viveiro de ideias tóxicas que minam as instituições democráticas.
Todos os dias, há novo conjunto de opiniões extremistas a defenderem absurdo após outro.
Tipicamente, os artigos focam as duas questões de importância crucial para todos os conservadores: a guerra e os impostos.
É espantoso quantas variações podem ser feitas sobre os mesmos temas triviais.
Os conservadores são naturalmente desconfiados quanto a idéias, de modo que criaram plataforma onde podem exprimir as suas visões reaccionárias em linguajar de ressonância acadêmica sem qualquer tentativa real de se actualizarem em matéria de política social.
Aparentemente há reserva infindável de fanáticos da supply side da era Reagan e enfatuados think-tanks mais do que ansiosos por promover o assunto do dia, seja ele qual for.
Através da utilização de celebridades da extrema direita como porta-bandeira, o WSJ é capaz de elevar os argumentos mais vulgares e sem sentido do mundo a um nível de respeitabilidade.
E este é o objectivo — fazer com que o chauvinismo endurecido e estreito apareça como política esclarecida.
Tipicamente, os editoriais tomam como alvo qualquer regulamentação que restrinja a indústria ou qualquer lei que proteja o cidadão.
Os artigos são escolhidos na base de como seriam recebidos por pequeno grupo de mandarins corporativos cujas visões acerca de como o mundo deveria ser organizado são praticamente idênticas.
Em outras palavras, é "câmara de eco" para a classe dos investidores.
Eis porque os liberais deveriam prestar-lhe atenção.
Os homens que actualmente dirigem o mundo não têm timidez quanto a revelar o que têm em mente para o resto de nós.
Será que não vale o preço de uma assinatura para descobrir o que é?
Nos últimos dias o WSJ publicou artigos defendendo a Exxon contra a multa de US$ 2,5 bilhões a que foi condenada pelo Tribunal de Apelações do Nono Circuito pela fuga de petróleo maciça no Alasca há cerca de duas décadas atrás.
O WSJ também publicou enfadonha defesa do juiz Robert Bork, a alegada vítima de caça às bruxas da esquerda. Estamparam um arrazoado jurídico em defesa dos Marines envolvidos na "orgia de sangue" em Haditha; mais uma promoção das extorsões do Banco Mundial; pedido emotivo para "Salvar os cortes fiscais de Bush" e, naturalmente, tese com 1500 palavras (o máximo permitido) sobre porque "A vitória está ao nosso alcance no Iraque" escrito pelo lunático neoconservador Michael Ledeen.
Na segunda-feira, 22 de outubro, o WSJ publicou artigo de David Rivkin, "Getting Serious about Torture", o qual na essência defende o tratamento "cruel, desumano e degradante" de suspeitos de terror destacando a natureza relativas destas expressões. (Não é estranho que as questões relativas à tortura nunca tenha surgido antes de Bush tomar posse?).
Como disse Rivkin: "As palavras cruel, desumano e degradante, se sim ou não método particular de interrogatório choca a consciência depende muito das circunstâncias".
Claro, David, é tudo relativo, não é? E se arrancássemos olhos, também estaria bem?
Recordam quando os conservadores utilizaram o refrão contra o relativismo moral? Naquele momento, parecia questão de princípio.
Agora podemos ver que era apenas postura oca.
No fim do artigo Rivkin recorda-nos que "Não há almoço gratuito: interrogatórios coercivos têm sido chave para impedir ataques sobre solo americano após o 11 de Setembro".
Realmente. Para mim isto soa como uma linda e fogosa defesa da tortura.
Será que me escapou algo?
Nenhuma teoria é demasiado louca ou obscena para a página editorial do WSJ na medida em que se conforme à tendência de extrema-direita dos seus leitores. Por apenas um dólar qualquer um pode sentar no campo do inimigo e ouvi-lo. Parece-me um bom negócio.

O original encontra-se em http://www.counterpunch.org/whitney10262007.html

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