Agenda militar de Bush permanece nos EUA

Nobel da Paz Barack Obama 
amplia guerra sem fronteira

Por Michel Chossudovsky

Os EUA, em parceria com a Organização do Tratado Atlântico Norte (OTAN) e Israel, lançaram aventura militar global que ameaça o futuro da humanidade.
Nesta conjuntura crítica da nossa história, a decisão do Comitê Nobel da Noruega de conceder o Prêmio Nobel da Paz ao presidente Barack Obama constitui absoluta ferramenta de propaganda e distorção, apoio irrestrito à "Longa Guerra" do Pentágono. 

Esta é guerra sem fronteiras, no verdadeiro sentido da expressão, caracterizada pela instalação em escala mundial do poder militar dos EUA.
Aparte a retórica diplomática, não houve reversão significativa da política externa dos EUA em relação à presidência George Bush, o que poderia ter justificado remotamente a concessão do Prêmio Nobel a Obama.
De fato, aconteceu o oposto. 

A agenda militar de Obama tem procurado estender a guerra a novas fronteiras.
Desde o princípio do governo Obama, o projeto militar global norte-americano tem-se tornado cada vez mais generalizado, com o reforço da presença dos EUA em todas as principais regiões do mundo e o desenvolvimento de novos sistemas de armas avançadas em  escala sem precedentes.
Conceder o Nobel da Paz a Obama dá legitimidade às práticas ilegais de guerra, à ocupação militar de terras estrangeiras, à matança implacável de civis em nome da democracia.
A administração Obama e a
OTAN ameaçam diretamente a Rússia, a China e o Irã.
Os EUA sob Obama desenvolvem "Sistema de Escudo para Primeiro Ataque Global por meio de Mísseis" ("First Strike Global Missile Shield System").
Juntamente com armas baseadas no espaço, o Laser Aerotransportado (Airborne Laser) é a próxima fronteira de defesa. Nunca o sonho de Ronald Reagan de camadas de defesa de mísseis – a Guerra das Estrelas, em suma – esteve tão próximo, pelo menos tecnologicamente, de tornar-se realidade.
Em momento algum desde a crise cubana dos mísseis o mundo esteve tão próximo do impensável: cenário de 3ª Guerra, conflito militar global envolvendo a utilização de armas nucleares. 

Veja alguns indicadores:
1. O chamado escudo de defesa de mísseis ou a iniciativa Guerra da Estrelas, envolvendo a utilização em primeiro ataque de armas nucleares, está sendo desenvolvido globalmente em diferentes regiões. O escudo de mísseis é em grande medida dirigido contra a Rússia, a China, o Irã e a Coreia do Norte.
2. Nova bases militares americanas foram instaladas para estabelecer influência dos EUA em todas as regiões do mundo bem como cercar e confrontar a Rússia e a China.
3. Tem havido escalada da guerra na Ásia Central e Oriente Médio. O orçamento de defesa, sob Obama, teve aumento vertiginoso com verbas acrescidas tanto para o Afeganistão como para o Iraque.
4. A construção de novas bases na América Latina, incluindo a Colômbia na fronteira da Venezuela.
6. A ajuda militar a Israel tem aumentado. Obama exprimiu o seu apoio inflexível aos militares israelenses e tem permanecido mudo sobre as atrocidades cometidas por Israel em Gaza. Não tem havido nem mesmo aparência de negociações renovadas israelenses-palestinas.
9. Os EUA tentam promover novas divisões entre o Paquistão e a Índia, o que poderia levar a guerra regional, bem como à utilização do arsenal nuclear da Índia como meio indireto de ameaçar a China.
A natureza diabólica deste projeto militar foi esboçada no Project for a New American Century (PNAC), de 2000. 

Os objetivos declarados do PNAC são:
-- defender a pátria norte-americana;
-- combater e vencer decisivamente guerras múltiplas e simultâneas nas principais regiões;
-- desempenhar os deveres "de polícia", associados à moldagem de ambientes de segurança em regiões críticas;
-- transformar as forças dos EUA para explorar a revolução em assuntos militares ( Project for a New American Century, Rebuilding Americas Defenses. September 2000).
A revolução em assuntos militares refere-se ao desenvolvimento de sistemas avançados de armas: militarização do espaço, novas armas químicas e biológicas, mísseis refinados guiados por laser, bombas rompedoras de bunkers, sem mencionar o programa de guerra climática da US Air Force (HAARP) baseado em Gokona, Alasca, são parte do "arsenal humanitário" de Obama.
O Comitê Nobel diz que Obama deu ao mundo "esperança para futuro melhor".
A concessão do Nobel da Paz a Obama tornou-se parte integral da máquina de propaganda do Pentágono; proporciona rosto humano aos invasores, reforça a demonização daqueles que se opõem à intervenção militar estado-unidense no mundo.
A decisão de conceder o Nobel da Paz a Obama foi sem dúvida negociada cuidadosamente com o Comitê norueguês aos mais altos níveis do governo dos EUA. 

A decisão tem implicações de grande alcance; reforça a condução estado-unidense da guerra como "causa justa" e apaga os crimes de guerra cometidos pelas administrações Bush e Obama.
A teoria da "guerra justa" serve para camuflar a natureza da política externa dos EUA.
Tanto nas suas versões clássica como contemporânea, a teoria da guerra justa confirma a guerra como operação humanitária; apela à intervenção militar nos planos ético e moral contra "insurgentes", "terroristas" ou "estados vilões".
Geralmente, a teoria da guerra justa na versão moderna é parte integral da propaganda de guerra e da desinformação da grande imprensa, aplicada para obter apoio público à agenda de guerra.
Sob Obama, laureado com o Nobel da Paz, a guerra justa tornou-se aceita universalmente, endossada pela assim chamada comunidade internacional.
O objetivo final é subjugar os cidadãos, despolitizar totalmente a vida social na América, impedir o povo de pensar e conceitualizar, de analisar fatos e desafiar a legitimidade da guerra conduzida pelos EUA-OTAN.
A guerra tornou-se paz, meritório "empreendimento humanitário".
A discordância pacífica tornou-se heresia.
Em 8 de outubro, um dia antes da decisão do Comitê Nobel, o Congresso dos EUA concedeu a Obama lei que autoriza 680 bilhões de dólares para a defesa, destinada a financiar o processo de escalada militar:
Poucas horas após a decisão do comitê norueguês do Nobel, Obama reuniu-se com o Conselho de Guerra (ou talvez devêssemos chamá-lo o "Conselho da Paz"?).
Esta reunião, cuidadosamente programada para coincidir com a do comitê norueguês,a portas fechadas, na Casa Branca, incluiu o vice-presidente Joe Biden, a secretária de Estado Hillary Clinton, o secretário da Defesa Robert Gates e conselheiros políticos e militares chave. 



Clique aqui e leia o artigo de Pablo Stefanoni "A fúria da extrema direita norte-americana contra Barack Obama"

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