Repressão em Honduras está a cada dia mais brutal: grande imprensa omite-se diante da violência militar e esconde a história de Palmerola

A Missão Internacional de Solidariedade, Observação e Acompanhamento a Honduras, com participação de movimentos sociais do Brasil, Argentina, México, Frnça, Espanha, El Salvador e Finlândia, tem denunciado e repudiado a brutal repressão ao governo de fato de Honduras, liderado pelo golpista Roberto Micheletti, contra milhares de pessoas que estão mobilizadas em manifestação pelo retorno do presidente deposto Manuel Zelaya.
Há quase 40 dias, a Frente Nacional Contra o Golpe de Estado vem se organizando em mobilizações e manifestações diárias.

Tropas do Exército e as Forças Especiais da Polícia Nacional de Honduras têm atacado manifestantes em mobilização pacífica, com armas de fogo, balas de madeira e borracha, além de gazes de efeito moral, inclusive de helicópteros.

O Comitê de Familiares de Presos Desaparecidos em Honduras COFADEH informa que há centenas de feridos (entre eles alguns jornalistas) e presos.

Mulheres têm sido vítimas da violência policial e militar de acordo com depoimentos de manifestantes que foram maltratadas e golpeadas brutalmente, inclusive com caráter sexual (golpes nas nádegas e ameaças de estupro).

A imprensa corporativista dos EUA e latino-americana, no Brasil representada pelas emissoras de TV Globo e Bandeirantes, pelos jornais O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo e O Globo e pela revista Veja, omite não apenas as violências contra a população, mas aspectos-chave na história que se desenrola nas Honduras, como o caso da base aérea americana em Soto Cano, também conhecida como Palmerola. Segundo o jornalista Nikolas Kozloff, em artigo publicado pelo site insistir.info, antes do recente golpe militar o presidente Zelaya declarou que transformaria a base em aeroporto civil, intenção a que se opôs imediatamente o embaixador dos EUA. Durante muitos anos, antecedendo o golpe, as autoridades hondurenhas discutiam a possibilidade de converter Palmerola em instalação civil.
Afirmavam que Toncontín, o aeroporto internacional de Tegucigalpa, era pequeno demais e incapaz de lidar com os grandes aviões comerciais.
O aeroporto de Palmerola tem a melhor pista no país, com 2700 m de comprimento e 50 m de largura.

O aeroporto foi construído mais recentemente, em meados dos anos 80, com custo declarado de US$ 30 milhões e foi usado para abastecer os Contras na guerra por procuração promovida pelos EUA contra os Sandinistas na Nicarágua ou ainda para conduzir operações de contra-insurreição em El Salvador.
No pico da guerra dos Contra, os EUA tinham mais de 5000 soldados em Palmerola.
Conhecida como "o porta-aviões inafundável" dos Contra, esta base albergava Boinas Verdes assim como operacionais da CIA que trabalhavam como consultores e conselheiros dos rebeldes da Nicarágua.

Com a saída das bases estado-unidenses do Panamá em 1999, Palmerola tornou-se uma das mais utilizadas bases aéreas disponível para os EUA em solo latino-americano.
A base localiza-se a aproximadamente 48 km para Norte da capital, Tegucigalpa.
Em 2006, parecia que Zelaya e a administração Bush estavam a aproximar-se de acordo quanto ao futuro estatuto de Palmerola Em junho de 2006, Zelaya foi a Washington para se encontrar com Bush e pediu que Palmerola fosse convertida em aeroporto comercial.
Supostamente Bush terá dito que a ideia era "perfeitamente razoável" e Zelaya declarou que auto-estrada de quatro pistas seria construída de Tegucigalpa a Palmerola com fundos provenientes dos EUA.
Em troca do apoio da Casa Branca com as instalações de Palmerola, Zelaya ofereceu aos EUA acesso à nova base militar que se localizaria na área de Mosquitia, na fronteira das Honduras com a Nicarágua. Mosquitia supostamente serve como corredor para passagem de drogas do Sul para Norte.
Pouco depois, Bush recuou em relação à ideia de restituir Palmerola a Honduras.

As relações EUA-Honduras deterioraram-se, tendo Zelaya estreitado laços com a Venezuela.

Zelaya levou adiante o plano de tornar Palmerola aeroporto civil, mas não conseguiu atrair investidores internacionais.

Finalmente em 2009 Zelaya anunciou que as forças armadas hondurenhas realizariam a construção.

Para pagar o novo projeto o presidente utilizaria fundos provenientes da ALBA (Alternativa Bolivariana para as Américas) e do Petrocaribe, dois acordos comerciais recíprocos impulsionados pelo líder venezuelano Hugo Chávez.

Previsivelmente a direita hondurenha saltou em cima de Zelaya por este usar fundos venezuelanos.
Algumas semanas depois de Zelaya ter anunciado que as forças armadas procederiam à construção de Palmerola, os militares rebelaram-se. Liderado por Romeo Vásquez, o exército removeu Zelaya e exilou-o.
Palmerola permanece sob inteiro controle dos EUA.

Outros destaques:
Golpe de estado em Honduras tem analogias com implantação da ditadura no Brasil em 1964
Presidentes Manuel Zelaya, de Honduras, e João Goulart, do Brasil, democratas, ensaiavam tímidas reformas a fim de tornar menos injustos os seus países
Editorial do site resistir.info
Leia

Agrocolonialismo: investidores e governos estrangeiros avançam sobre terras de países pobres
Reservas mundiais de grãos estão em queda e falta de pão provoca motins em várias cidades no mundo; grandes exportadores de alimentos impõem restrições à venda externa e gera medo de fome de piorar
Leia



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Buscar neste site: