Artigo de Deirdre Griswold
Do Workers World Party e ex-candidata à presidência dos EUA
O Alto Comissariado para os Refugiados da ONU (UNCHCR, sigla em inglês) informou que quase um milhão e meio de pessoas registraram-se para receber assistência desde que a guerra dos EUA contra os Talibans intensificou-se, na fronteira do Afeganistão com o Paquistão, elevando o número de deslocados na região para mais de 2 milhões, sem incluir os 300 mil que o governo crê que não se registraram.
Não há contagem dos mortos nem dos feridos porque os EUA não permitem que a imprensa entre na área.
Washington exigia esta ofensiva há muitos anos.
Asif Ali Zardari, presidente do Paquistão, cedeu à tremenda pressão de Washington e lançou a ofensiva contra as áreas que os EUA afirmam estar controladas pelos Talibans, o grupo político-religioso que os EUA apoiavam até há pouco, quando queriam derrubar o governo progressista do Afeganistão, que estava próximo da União Soviética.
Ao mesmo tempo, o Secretário da Defesa dos EUA, Robert Gates, substituiu o comandante no Afeganistão, general David McKiernan, pelo tenente General Staley McChrystal.
O currículo de McChrystal inclui anos no cargo de Comando de Operações Especiais Conjuntas, efetivos treinados para ignorar as leis convencionais da guerra e descritos como tipos que “cortam pescoços e comem serpentes”.
Em outras palavras, são os especialistas na forma mais depravada de matar.
A administração Obama enviou mais alguns milhares de tropas dos EUA para o Afeganistão, apesar do óbvio mandato que recebeu do povo para acabar com as guerras, ali e no Iraque, e trazer as tropas para casa.
Todo este sangue derramado e as ameaças não podem apagar o fato de a guerra dos EUA no Afeganistão estar em profundo aperto.
A população norte-americana está claramente contra a guerra e a ocupação.
Os protestos ocorrem com regularidade, especialmente quando mais uma pequena povoação foi bombardeada e dezenas de pessoas são incineradas ou despedaçadas por bombas dos EUA.
À sua maneira típica, os imperialistas intensificam a guerra.
Contam em usar o exército paquistanês contra o povo, tal como fizeram anteriormente, com êxito, com larga série de ditadores militares na América Latina sustentados pelos EUA.
O império britânico foi construído apoiando-se na estratégia de dividir para conquistar.
Seria útil aos falcões do Pentágono recordarem o que se passou com os britânicos quando tentaram conquistar o Afeganistão em outra ocasião, nos anos 1890.
Os britânicos destruíram, mas não conquistaram.
Apesar da sua política de terra queimada e do emprego de soldados mercenários da Índia, os britânicos não puderam conquistar Malakand, a mesma região que agora é bombardeada, na sua campanha de 1897 contra o povo pashtu.
O próprio Winston Churchill participou nessa campanha e escreveu livro vilmente racista sobre o tema.
Os britânicos possuíam metralhadoras e puderam massacrar os heróicos defensores pashtus, mas nunca os puderam conquistar.
O diretor da região Ásia-Pacifico da Amnistia Internacional, Sam Zarifi, afirmou que o exército paquistanês está prosseguindo política de terra queimada em Malakand.
O exército impôs política de "disparar contra tudo o que mexa", contra qualquer pessoa que viole o toque de recolher indefinido que se impôs.
Mas o espírito de resistência à dominação imperial/colonial que derrotou os britânicos em 1897 continua forte no Vale Swat e na região inteira da Fronteira Noroeste.
As atrocidades mais recentes irão marcar mais profundamente o coração das gerações futuras.
Tradução de Guilherme Coelho.
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