Ação militar em Honduras tem analogias com o golpe de 1964 no Brasil


Editorial do site www.resistir.info


Tanto o presidente Manuel Zelaya,de Honduras, como João Goulart, do Brasil, bons homens e democratas, ensaiavam tímidas reformas a fim de tornar menos injustos os seus países.
Nenhum dos dois colocava em causa o capitalismo pois as suas pretensões eram modestas.

Zelaya queria comprar petróleo mais barato através da Alternativa Bolivariana para as Américas (ALBA), Goulart queria tímida Reforma Agrária (com indenização pelas terras expropriadas) e lei que limitasse as remessas de lucros das transnacionais.

Ambos foram derrubados por campanhas de acordo com o figurino do serviço de inteligência dos EUA (CIA), por militares doutrinados nos EUA, com o apoio ativo das Embaixadas Americanas locais, financiadas por transnacionais que operavam nos seus países.

Ambos eram homens ricos e não revolucionários.
Goulart, como Zelaya, não entendia a lei da bicicleta (a estabilidade é dada pela velocidade do avanço). Queriam apenas dar pequenos passos; mas ambos foram derrubados pela truculência das classes dominantes locais, organizadas pelas embaixadas americanas em campanhas financiadas por transnacionais, tudo com a benção da alta hierarquia da igreja católica.
O golpe em Honduras, já sob a presidência, nos EUA, de Barack Obama, encerra lições.
A primeira é que o imperialismo continua na ofensiva (como se vê também em outros lados do mundo: Colômbia, Paquistão, Afeganistão, Iraque, Irã, Coreia do Norte).
A segunda é que a máscara sorridente do novo presidente Obama não passa disso mesmo: de máscara – o imperialismo não mudou a sua natureza brutal.

A terceira é que o presidente Obama está à margem dos mecanismos decisórios da política externa dos EUA, que estão a outros níveis (seria impensável que os gorilas de Honduras avançassem sem o sinal verde da Embaixada Americana).

A quarta é que a reação hesitante do presidente Zelaya, que após o golpe procurou entendimento com o imperialismo, aceitando a mediação proposta pela secretária de Estado Hillary Clinton, está fadada ao fracasso.
A quinta é que o povo hondurenho mostra mais combatividade e disposição de luta do que Zelaya. A sexta é que, paradoxalmente, a insurreição nacional em Honduras pode definhar devido às vacilações do próprio Zelaya.

A sétima é que a OEA é espécie de Ministério das Colônias dos Estados Unidos pois a pedido de Washington prestou-se a intervir militarmente no Haiti e agora em relação a Honduras nem sequer fala em semelhante hipótese.

O povo hondurenho precisa da solidariedade ativa dos democratas de todo o mundo.

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