EUA admitem que Irã é incapaz de fabricar bomba nuclear

Daniel Luban
Da Inter Press Service

É improvável que o Irã produza suficiente urânio enriquecido antes de 2013 para, eventualmente, fabricar armas nucleares, segundo informe de inteligência dos Estados Unidos.
A avaliação, que contradiz outras informações a respeito divulgadas recentemente pela mídia corporativista e sionistaa dos EUA e europeia, foi elaborada pelo Escritório de Inteligência e Investigação (UNR) do Departamento de Estado e divulgada na semana passada.
O diretor nacional de Inteligência, Dennis Blair, apresentou o relatório, como testemunho escrito, perante comitê do Senado em fevereiro.
A divulgação chega em momento particularmente sensível para Washington, que debate a melhor forma de agir diante do Irã após a reeleição do presidente Mahmoud Ahamadinejad.
Analistas especializados no Irã pediram ao governo de Barack Obama que espere o desenvolvimento dos acontecimentos nesse país para iniciar estratégia de aproximação e que evite qualquer medida de confronto, com a adoção de sanções.
Mas os “falcões” (grupo direitista e mais belicista) nos governos dos Estados Unidos e de Israel afirmam que não há tempo a perder e pedem sanções contra as importações iranianas de petróleo refinado.
Esses grupos radicais, liderados pela indústria armamentista dominada pelos judeus, apostam no fracasso da política de aproximação diplomática de Obama com o Irã.
Há alto grau de especulação sobre a possibilidade de Israel lançar ofensiva unilateral contra as instalações nucleares iranianas.
A estimativa do Departamento de Estado, que chega depois de outros estudos também indicando que o Irã vai demorar alguns anos para poder alcançar capacidade nuclear, poderia servir para aliviar a tensão que caracteriza as discussões sobre o assunto em Washington e Telavive, e para fortalecer a posição dos que pedem paciência.
O testemunho de Blair no Senado foi feito em resposta a pedido com base na Lei de Liberdade de Informação apresentado por Steven Aftergood, da Federação de Cientistas Norte-americanos, e divulgado quinta-feira no site da entidade.
O estudo destaca que não toma posição quanto ao Irã precisar enriquecer urânio para construir arma, mas simplesmente avalia qual a sua capacidade para eventualmente fazê-lo.
O Irã nega que pretenda fabricar armas atômicas, e insiste em que seu programa nuclear tem fins puramente civis.
O testemunho de Blair no Senado indicou que, embora Teerã tenha feito “progressos significativos desde 2007 para instalar e operar centrífugas, a INR continua concluindo como improvável que esse país tenha capacidade técnica para produzir urânio altamente enriquecido antes de 2013”.
Além disso, disse que o governo iraniano “provavelmente usará instalações encobertas militares em lugar de locais nucleares declarados para produzir urânio altamente enriquecido”.
Segundo Blair, a ampla comunidade de inteligência “não tem evidência de que o Irã já tomou a decisão de produzir urânio altamente enriquecido”.
O estudo da INR vai ao encontro de outras estimativas recentes, sugerindo que o Irã ainda está longe de poder fabricar arma atômica.
Meir Dagan, chefe da agência de inteligência israelense Mossad, disse em junho que o Irã seria capaz de fabricar bomba nuclear em 2014.
Mas, informes alarmistas circularam na imprensa de direita dos EUA e Europa, alimentando a posição da direita sionista e belicista que pede ação imediata.

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