Golpe em Honduras: mídia brasileira enrola o povo para desgastar Lula

É impressionante ver como a mídia hegemônica nacional distorce os fatos sobre a realidade hondurenha.
É verdadeira inversão de valores.
Um golpista, como Micheletti, ganha grandes manchetes nos principais meios de comunicação de massa.
Já o encaminhamento dado ao problema pelo presidente Lula (e elogiado pelo presidente Barack Obama, pela OEA e pela ONU) não só não merece o mesmo destaque, como é ironizado por essa mesma mídia.
A mudança de posição dos EUA na reunião da OEA nesta segunda-feira pode significar que os norte-americanos realmente estiveram por trás da expulsão de presidente Zelaya do país.
Mais impressionante ainda é constatar a má-fé da mídia brasileira: faz de conta que desconhece que Zelaya, ao tentar realizar consulta popular sobre novo mandato presidencial, não descumpriu a Constituição hondurenha.
A mídia, contudo, não se cansa de afirmar o contrário, secundada pela oposição de direita no Congresso Nacional: PSDB e DEM.
Mauro Santayanna – jornalista que, por sua dignidade, honra e prestígio, dispensa comentários – fez importante análise dos acontecimentos em Honduras em artigo publicado pelo Jornal do Brasil semana passada.
“Qualquer que venha a ser o desfecho da crise, o Brasil não pode desculpar o insulto à sua soberania”, afirma ele.
Santayanna assinala que a intenção de Zelaya não era, absolutamente, “disputar segundo mandato” no referendum popular convocado para junho passado.
"Zelaya queria (e sem efeito vinculante) que o povo dissesse se concordava, ou não, que nas eleições de novembro próximo uma quarta urna fosse colocada nas seções eleitorais. Nessa urna especial, os eleitores aceitariam, ou não, a convocação de Assembleia Nacional Constituinte para redigir nova Carta Política”, diz o jornalista.
E acrescenta: “A consulta direta ao povo, por iniciativa do presidente da República, é prevista pela atual Constituição de Honduras, em seu artigo 5º. Embora provavelmente nova Assembleia Constituinte pudesse tratar também do problema dos mandatos, a consulta de novembro não faria referência expressa a isso, nem Zelaya seria beneficiado: a consulta coincidiria com a eleição do sucessor de Zelaya, dentro das regras atuais do jogo”.
Mais claro impossível!
Em síntese, quem está descumprindo a Constituição hondurenha, óbvio, são os golpistas.
A grande questão é que Zelaya e seu grupo migraram de posição ideologicamente conservadora para outra de centro-esquerda e de defesa dos interesses nacionais. Por isso, passou a sofrer oposição da oligarquia hondurenha – que o elegeram e que se considerava traída.
Daí o golpe de Estado.
Em seu artigo 3º, como chama a atenção Santayanna, a Constituição do país explicita a condenação a este tipo de golpe.
Senão, vejamos.“Ninguém deve obediência a governo usurpador nem a quem assumam funções ou empregos públicos pela força das armas ou usando meios e procedimentos que contrariem ou desconheçam o que a Constituição e as leis estabelecem. Os atos verificados por tais autoridades são nulos. O povo tem direito a recorrer à insurreição em defesa da ordem constitucional”.
Quem violou a Constituição, portanto, foram Micheletti e as forças civis e militares que o acompanharam.
A mídia hegemônica e golpista brasileira, escondendo isso, confunde a opinião pública brasileira.
Por quê? Simples: para desgastar o presidente Lula. Afinal, 2010 está aí!



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