Cinco regras da propaganda de guerra são aplicadas em Honduras

Grande imprensa impede debate sobre o papel da multinacionais, dos EUA e da UE no subdesenvolvimento da América Latina

Por Michel Collon, jornalista e historiador francês

Em cada guerra, golpe de Estado ou agressão efetuada por grupos dominantes contra forças populares, os grandes meios de comunicação aplicam as seguintes cinco "regras da propaganda de guerra".
1- Esconder a História.
Honduras é o exemplo perfeito da "república bananeira" nas mãos dos EUA. A dependência e a pilhagem colonial provocaram enorme fosso entre ricos e pobres. Segundo a ONU, 77% são pobres.
O exército hondurenho foi formado e treinado – até nos piores crimes – pelo Pentágono.
O embaixador estado-unidense John Negroponte (1981-1985) era chamado "o vice-rei de Honduras", mas a mídia ignorou este fato.
2- Omitir os interesses econômicos.
As multinacionais estado-unidenses que tanto explorar Honduras (banana Chiquita, café, petróleo, farmácia, ...) querem impedir que o país conquiste a independência econômica e política. A América do Sul une-se e vira à esquerda, mas Washington quer impedir que a América Central siga pelo mesmo caminho.
3- Diabolisar o adversário.
Os meios de comunicação acusaram o presidente de Honduras, Zelaya, de pretender fazer-se reeleger para preparar ditadura.
Houve silêncio total sobre os seus projetos sociais que ele implementou: aumento do salário mínimo, luta contra a hiper-exploração nas fábricas-prisão das firmas estado-unidenses, diminuição do preço dos medicamentos, ajuda aos camponeses oprimidos.
Silêncio sobre a sua recusa de encobrir os atos terroristas made in CIA; silêncio sobre a impressionante resistência popular.
4. Amenizar a situação.
Apresentou-se o presidente dos EUA, Barack Obama, como neutro quando ele se recusou a encontrar e apoiar o presidente Zelaya. Se Obama houvesse aplicado a lei e suprimido a ajuda estado-unidense às Honduras, o golpe teria sido rapidamente sufocado.
O jornal Le Monde e a maior parte dos outros meios de comunicação amenizaram o tratamento à ditadura militar em Honduras tratando o violento golpe como "conflito entre poderes".
As imagens de repressão sangrenta não são mostradas ao público.
5- Monopolizar a informação, excluir o verdadeiro debate.
Os meios de comunicação só divulgam informações e opiniões de fontes e peritos "aceitáveis" para o sistema. Toda análise crítica sobre a informação é censurada.
Assim, os meios de comunicação impedem o verdadeiro debate sobre o papel da multinacionais, dos EUA e da UE no subdesenvolvimento da América Latina.

O original encontra-se em www.michelcollon.info

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