Fuga de cérebros é maior na América Latina

Levantamento aponta que, dos anos 1970 para cá, houve mudança interessante no comportamento dos países: vários países da região deixaram de promover políticas de contenção da fuga de cérebros, assumindo que a perda de mão-de-obra qualificada é compensada pelo volume de remessas recebidos do exterior

Da redação com informações da BBC


A América Latina e o Caribe compõem a região com maior proporção de profissionais qualificados vivendo no mundo desenvolvido - fenômeno que se acentuou nas duas últimas décadas, segundo um relatório do Sistema Econômico Latino-americano e do Caribe (Sela), com sede em Caracas.
De acordo com o estudo, o total de latino-americanos qualificados nos países da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) passou de 1,92 milhão em 1990 para 4,9 milhões em 2007 - alta de 155%.
Isso equivale a dizer que 11,3% da mão-de-obra qualificada da região viviam em país rico em 2007.

No México, país que iniciou um tratado de livre comércio com os Estados Unidos em 1994, esse aumento foi de 270%.

O número de mexicanos qualificados nos países ricos era de 366 mil em 1990 e passou para 1,36 milhão em 2007 - 16,8% da força de trabalho qualificada.

O segundo maior aumento percentual foi registrado no Brasil: 242%.
Mas, proporcionalmente, as maiores taxas de emigração qualificada da região são registradas nos países pequenos.
O secretário permanente do Sela, José Rivera Banuet, disse à BBC que, como 60% dos migrantes que saem para os países ricos acabam trabalhando em áreas diferentes de sua formação, os conhecimentos desses indivíduos acabam perdidos para os países de origem e desperdiçados nos países de destino.

"Um dos desafios é o de encontrar um equilíbrio entre as necessidades nacionais de reter os especialistas em certas profissões ao mesmo tempo em que se desenvolve a cooperação com os países de destino", afirmou.

Já o número de brasileiros qualificados trabalhando nos países da OCDE saltou de 63 mil em 1990 para 218 mil em 2007.

Mas a situação brasileira preocupa menos os autores do estudo, porque o total de pessoas qualificadas no Brasil ainda é bastante grande.

Em 2007, estima-se que os brasileiros qualificados trabalhando fora correspondiam a 2,3% da força de trabalho qualificada total de 9,4 milhões.

O estudo alerta para o caráter irreversível da chamada "fuga de cérebros" nos países latino-americanos.

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