Israel, petulante, questiona relacionamento do Brasil com presidente do Irã

Itamaraty afirma que nosso País não consulta terceiros sobre suas relações internacionais; especialistas em políticas externas dizem que afronta de Israel à soberania brasileira é ato de desespero

Amorim: "se não aceitarmos visitantes porque determinados países não concordam com isso, não receberemos mais quase ninguém em nosso território”.

Antes do cancelamento, no início desta semana, da visita do presidente do Irã ao Brasil, governo de Israel teve a insolência de convocar o embaixador brasileiro em Tel Aviv, Pedro Motta Pinto Coelho, para exigir que o Brasil cancelasse o encontro do líder
Mahmoud Ahmadinejad com Luiz Inácio Lula da Silva,
que ocorreria nesta semana.
A atitude ridícula de Israel obrigou o Itamaraty a responder que o Brasil não consulta terceiros sobre suas relações internacionais.
“Se não aceitarmos visitantes porque determinados países não concordam com isso, não receberemos mais quase ninguém em nosso território”, afirmou o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.
Professores e estudiosos são unânimes em admitir a correção da posição do Itamaraty sobre as prioridades do Brasil em política externa, que, segundo eles, tem sido marcada pela diversificação das relações, sem preconceitos ou privilégios.
"O Brasil, que almeja ser protagonista no cenário político internacional, não pode jamais curvar-se a pressões daqui ou dali", acrescentam eles.
A visita do líder iraniano à América do Sul começaria por Brasília e em seguida iria prosseguir-se rumo a Quito, capital do Equador, e Caracas, Venezuela.
O governo de Teerã justificou a suspensão da viagem
em função da eleição presidencial iraniana, dia 12 de junho; Ahmadinejad tentará a reeleição.
O Brasil pretende incrementar o comércio com o Irã.
Em 2007, o intercâmbio comercial dos dois países foi de US$ 1,8 bilhão, mas caiu em quase 40%, em 2008.

Os dois países querem aumentar em cinco vezes esse comércio.

Presente no Irã desde 2003, a Petrobras deve fechar acordo para ampliar atuação no país.

Para o embaixador iraniano no Brasil, Mohsen Shaterzadeh, Lula e Ahmadinejad “têm idéias semelhantes quanto a nova ordem mundial”.

Quanto ao discurso de Ahmadinejad na Conferência das Nações Unidas sobre o Racismo (clique AQUI para ler o discurso na íntegra), Mohsen Shaterzadeh explica que o líder iraniano falou "em nome de todos os injustiçados e dos milhares de palestinos que morrem por causa de Israel".

O Estado de Israel, armado ameaçadoramente com bombas atômicas, usa como um dos principais argumentos contra a desenvoltura da política de relações externas do Irã a acusação, não comprovada, de que o país islâmico fabrica bombas atômicas, a partir da pesquisa de energia nuclear que desenvolve para fins pacíficos.
Segundo estudiosos acadêmicos das relações do nosso continente com o Oriente Médio, a agenda de relações internacionais do Irã provoca arrepios em Israel.
"O Estado judaico vê o Irã como ameaça à sua hegemonia bélica, no Oriente, mas daí passar a ditar o que o Brasil ou outros países devem ou não fazer, é afronta e desrespeito à soberania dos povos. Chamar o embaixador brasileiro para exigir que o encontro entre
Ahmadinejad e Lula fosse desfeito chega a ser ridículo, ato de desespero. É curioso como Israel coloca-se no papel de vítima, enquanto massacra covardemente os palestinos. O holocausto ocorreu, mas não justifica que Israel pratique atrocidade semelhante em relação aos palestinos. O mundo assiste atônito o Estado judaico submeter a todo tipo de humilhação, miséria humana e crimes os cidadãos palestinos", afirmam especialistas em relações externas ao MercadoGlobal.
O professor Idelber Avelar, da Tulane University, em Nova Orleans, EUA, diz que é mentira que Ahmadinejad tenha proposto a exterminação de judeus.
"Quando você vir alguém dizendo que Ahmadinejad propõe a exterminação dos judeus, faça algo muito simples: pergunte qual é a fonte. Pergunte quem traduziu o texto do persa. Porque o líder iraniano jamais disse isso. O que ele disse foi que o regime que ocupa Jerusalém deve ser apagado da página do tempo", afirmou ele.
Segundo Avelar, a calúnia de que Ahmadinejad ameaçou "varrer Israel do mapa" – e, a partir daí, a afirmativa "mais delirante ainda de que ele propõe a exterminação de judeus" – tem longa história, que se remonta à tradução manipulada do New York Times.
"É isso mesmo, quando se trata de Oriente Médio e do lobby pró-ocupação israelense, até as traduções devem ser minuciosamente revisadas. Não custa lembrar que o Irã não tem história de agressão contra seus vizinhos. Qual é o país do Oriente Médio que ocupa ilegalmente terras de outrem há mais de quarenta anos, com história de sistemática agressão contra seus vizinhos e de desrespeito às resoluções das Nações Unidas? Qual é o país do Oriente Médio que infiltra espiões até mesmo no território de seu maior aliado, que são os EUA? Não é o Irã", conclui ele.
Clique AQUI e leia o artigo do prof.
Idelber Avelar "A histeria da direita com a visita de Ahmadinejad"

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