Proposta de desenvolvimento local para América Latina e Caribe une Brasil, Chile, México e Uruguai

Programa estimula a criação de rede social, em que os participantes trocam experiências virtuais e presenciais

Franco: múltiplas formas de realizar as mudanças propostas


Por Rodrigo Zavala, da Rede Gife

Capacitar e instrumentalizar pessoas e organizações de diferentes países para criarem estratégias de indução a transformações sociais comunitárias.
Esse é o escopo do Programa de Desenvolvimento Local para a América Latina e Caribe, lançado em São Paulo, em novembro.
Desenvolvido pelo Senac de São Paulo, com apoio dos consulados do Chile, México e do Uruguai, e da organização transnacional Presença da América Latina (PAL), o projeto tem como foco investimento em capital social e na criação de redes sociais e governança local. “Mais do que conceito, o desenvolvimento comunitário é valor, é melhorar a vida das pessoas. Sustentabilidade é a conexão entre elas, que têm sonhos e acreditam que é possível transformar sua realidade”, afirmou o coordenador da área de desenvolvimento social do Senac e idealizador da iniciativa, Jorge Duarte.
Segundo Duarte, o programa apóia-se em quatro eixos de trabalho.
O primeiro é o de realizar, por meio de parcerias com governos e organizações similares ao Senac em cada país, série de capacitações pela América Latina voltada para representantes de movimentos sociais e gestores públicos.

O participante passa então a ter papel de multiplicar a metodologia no seu local de atuação.
A metodologia privilegia “o desenvolvimento de competências profissionais, no aprender a aprender, a percepção analítica, o raciocínio hipotético e a solução sistemática de problemas, de modo a promover o saber, o saber fazer e o saber ser, condições básicas para a autonomia individual e participação coletiva”.

Em seguida, estimula-se a criação de rede social, em que os participantes das oficinas de qualificação passam a trocar experiências, seja de forma virtual, seja presencial.
“O que importa é o coletivo trabalhando junto. Não existem fórmulas, mas o compartilhamento de boas práticas é essencial para qualquer projeto em rede dar certo”, disse a presidente da PAL, Oriana Jará Maculet.

Em um terceiro passo, o programa pretende trabalhar na construção de políticas migratórias, atuando conjuntamente às pastas governamentais que administram esse tema.
Dessa forma, pretende promover órgãos paritários para a elaboração de políticas públicas para esse público, em especial a qualificação profissional para imigrantes.
“Temos configuração diferente nos países, com populações multiculturais, multiétnicas, transnacionais que não se reconhecem como de um só país. Isso é causado pelo alto fluxo de pessoas na região. Assim, qualquer política de desenvolvimento deve incorporar preocupações com a mobilidade urbana”, analisou a subsecretária de Política Migratória Internacional do Equador, Paulina Larreátegui. Por fim, o programa trabalhará na realização de eventos, pesquisas e publicações, conjuntamente com organizações internacionais, sobre a temática latina.
O objetivo deste quarto passo é produzir conhecimento.
“Afinal, o conceito de América Latina é estranho. Trata-se de conjunto de países, nações? Existe cultura? O Brasil insere-se da mesma forma que os países vizinhos nessa América Latina?”, provocou o especialista e consultor em desenvolvimento local, redes e sustentabilidade, Augusto de Franco.

Para ele, o programa é positivo porque vê nas redes sociais as múltiplas formas de realizar as mudanças que propõe.
“Aqui é preciso entender que as redes não são expedientes instrumentais para pescar pessoas e levá-las a trilhar determinado caminho ou seguir determinada orientação. As redes farão coisas que seus membros quiserem fazer; ou melhor, só farão coisas conjuntas os membros de uma rede que quiserem fazer aquelas coisas”, argumentou.
Até 2018, o Senac e seus parceiros esperam ser reconhecidos, mundialmente, como instituições que contribuem para o desenvolvimento sustentável da América Latina e o Caribe, por meio da capacitação de lideranças em metodologias inovadoras.
”Existem numerosas iniciativas no mundo que trabalham na promoção do desenvolvimento. Nosso diferencial está na metodologia de indução ao desenvolvimento com foco no investimento em capital social”, finalizou Jorge Duarte.
Todo o trabalho tem como base as avaliações positivas ao Programa de Desenvolvimento Local, criado pelo Senac em 2004.
Com o objetivo de melhorar as condições de vida e de convívio social de uma determinada localidade, a iniciativa já possui 41 redes sociais articuladas, incorporando cerca de 1000 organizações – com mais de 400 mil pessoas beneficiadas.
Ao todo, são 150 projetos elaborados (70% em implementação) em 40 bairros espalhados pelo Estado de São Paulo.
“Esperamos utilizar essa metodologia para levar capacitação a pelo menos 15 países latinos até o final de 2009”, diz Duarte.

Outra meta estipulada no Programa é a criação do centro de tecnologia, em negociação multilateral: Centro Internacional de Formação da OIT, Cities Alliance (ligada ao Banco Mundial), Consulados do Uruguai, Chile e México, UN - Habitat, Presença da América Latina, Resource Alliance - Inglaterra, OIT – Bolívia e Universidade de Quebec – Canadá.


Clique aqui e conheça mais sobre o Programa de Desenvolvimento Local para a América Latina e Caribe

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