Lula: a crise é oportunidade para colocarmos o ser humano no centro da economia

Presidente brasileiro diz que a pobreza e a exclusão que atingem centenas de milhões de pessoas não é só problema econômico e social, mas questão política, ética e moral, que fere profundamente a consciência das pessoas e ameaça a paz na terra

Lula:
aventureiros que transformaram a economia mundial em grande cassino

“Penso que essa crise é oportunidade extraordinária para criarmos outro consenso em que o ser humano, o trabalhador e a produção sejam a razão de ser da economia, e não a especulação financeira”, afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Roma, na Itália, na semana passada.
Ao participar de seminário promovido pela Confederação Italiana dos Sindicatos dos Trabalhadores (CISL), Confederação Geral Italiana do Trabalho (CGIL) e União Italiana do Trabalho (UIL), sobre o tema “Nova economia, nova democracia”, Lula voltou a criticar duramente a especulação e disse que as decisões a serem tomadas para sair da crise são políticas e não econômicas.

“Temos, pela frente, desafios cuja solução não pode ser deixada nas mãos de tecnocratas, menos ainda dos aventureiros que transformaram a economia mundial em grande cassino”, disse o presidente.

Lula ressaltou que a pobreza e a exclusão que atingem centenas de milhões de homens e mulheres em todos os continentes não é só problema econômico e social. "É também questão política, ética e moral; ameaça a paz no mundo e fere profundamente nossas consciências. Sabemos que não se pode solucionar esses grandes problemas sem reorganização profunda dos mecanismos de governança global”.
Descontraído, Lula brincou com os sindicalistas em diversas oportunidades.

Uma delas foi quando ironizou as famosas agências de classificação de risco norte-americanas.

“Mas me deixa inquieto quando eu vejo agência de risco, com sede nos Estados Unidos, todos os dias medir o risco do Brasil, que está crescendo, que tem reservas, que tem saldo positivo na balança comercial, e não vi até agora nenhuma agência medir o risco dos Estados Unidos. É como se apenas os países pobres pudessem oferecer risco a qualquer investidor internacional”, disse Lula.

O presidente exaltou os avanços conquistados pelo seu governo, o bom entrosamento com o movimento sindical e disse que o governo irá priorizar o mercado interno.

“No Brasil, enquanto Estado, vamos fazer, até 2010, US$ 250 bilhões de investimentos em obras de infra-estrutura, e não vamos parar nenhuma obra por conta da crise. É o momento do mercado interno, é o momento de procurar novos parceiros. O fluxo comercial entre Brasil e Itália vai chegar a US$ 8 bilhões este ano. É pouco, temos que trabalhar para chegar a US$ 10 bilhões , para chegar a US$ 12 bilhões, para chegar a US$ 15 bilhões, porque quanto mais diversificada for a nossa relação comercial, menos sofreremos por conta da crise econômica, do que se estivermos subordinados a único país, ou a único bloco”, afirmou.

Na quarta-feira, após falar pelo telefone com o presidente eleito dos EUA, Barack Obama, Lula exaltou o resultado eleitoral norte-americano, elogiou Obama e defendeu o fim do bloqueio a Cuba.
“Não existe razão para manter o bloqueio contra Cuba”, afirmou.

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