Cresce o número empresários imigrantes em Portugal

Brasileiros estão entre os que têm mais negócios, mostrando-se com grande capacidade de criar e gerenciar projetos próprios

Da redação com Agência Lusa

A quantidade de empresários imigrantes em Portugal cresceu quase 2% em cinco anos, sendo os chineses os que apresentam as taxas de empreendedorismo mais elevadas, revela estudo divulgado em Lisboa.
A coordenadora da Unidade de Estudos e Relações Internacionais do Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural (ACIDI), Catarina Oliveira, diz que à semelhança do observado em países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a iniciativa empresarial imigrante reforçar-se em Portugal, tendo passado de 4,5 mil empregadores estrangeiros em 1981 para 20,5 mil em 2001.
Autora do estudo “Empreendedorismo Imigrante em Portugal”, publicado no número três da Revista Migrações, Catarina detalhou que, entre 2000 e 2005, a importância relativa de estrangeiros no total de trabalhadores por conta própria passou de 3,6% para 5,4%.

Os chineses, entre o grupo de estrangeiros, são os que apresentam as taxas de empreendedorismo mais elevadas (22% em 1981 e 36% em 2001), enquanto os ucranianos são os que apresentam a menor porcentagem de empregadores no total da sua população ativa: 1,5% em 2001.

A análise do peso relativo dos empregadores de cada nacionalidade para o total de empregadores estrangeiros permite destacar outros grupos, como o dos imigrantes oriundos dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (Palop).
Apesar dos imigrantes dos Palop estarem entre as nacionalidades com as mais baixas taxas de empreendedorismo – a maioria insere-se no mercado de trabalho português como trabalhador dependente –, a sua importância tem sido reforçada, em particular no casos dos cabo-verdianos e dos angolanos.

Em contrapartida, registrou-se ao longo das últimas três décadas a perda de relevância dos empregadores europeus comunitários, em particular dos espanhóis e ingleses.
Os brasileiros, segundo os dados de recenseamento de 2001, são os que mais transformaram-se em patrões, tendo passado de 7,9% em 1981 para 15,1% em 2001.
Os estudos mostram que os b
rasileiros mostram-se com grande capacidade de criar e gerenciar negócios próprios, muitas vezes até mesmo porque chegam mais capitalizados ou com formação profissional mais qualificada, para fixar residência em Portugal.
Catarina alertou que a avaliação rigorosa do número de empresários imigrantes em Portugal é “bastante complexa” atendendo à escassez e dispersão das fontes estatísticas disponíveis e às dificuldades de comparações entre os dados.

“Muitas vezes os dados parecem dizer que há populações imigrantes mais propensas à iniciativa empresarial em termos de comparação com outras, mas nem sempre é assim", disse a pesquisadora durante a conferência, organizada pelo ACIDI, que ocorre na Fundação Calouste Gulbenkian.

Muitas vezes o fato de determinadas nacionalidades destacarem-se mais do que outras na iniciativa empresarial é explicado pela própria evolução das políticas imigratórias das últimas décadas.

A pesquisadora deu como exemplo o caso dos chineses, que aparecem normalmente com taxas de empreendedorismo muito elevadas por comparação com os ucranianos.
Os ucranianos chegaram a Portugal ao abrigo da anterior Lei de Imigração, em que tinham título que não lhes permitia desenvolver atividade empresarial, enquanto os chineses vieram ao abrigo de contexto regulamentar que lhes concedia a oportunidade de desenvolver atividade empresarial com autorização de residência, justificou a pesquisadora.

Catarina salientou que “os estrangeiros têm maior propensão para a iniciativa empresarial do que os portugueses”, tendência que se verifica em relação à União Européia, mas têm “maiores constrangimentos” no acesso ao mercado de trabalho, o que pode estar relacionado com a sua condição de imigrante.

“A iniciativa empresarial surge para muitos deles como alternativa de participarem no mercado de trabalho”, afirmou.

De acordo com a responsável, a iniciativa empresarial imigrante em Portugal, como em outros países, é dominada por pequenas empresas com muito recurso ao trabalho familiar, como acontece com as próprias empresas portuguesas.

Os setores dominantes são o pequeno comércio, como lojas de roupa, de reformas de roupas e de consertos de utensílios domésticos; informática, pequenos cafés de bairro.

A nova Lei da Imigração de 2007 passou a prever, pela primeira vez, regime de concessão de visto de residência distinto para os empreendedores imigrantes e no Plano de Ação para a Integração dos Imigrantes é reconhecida a importância de reduzir as barreiras ao empreendedorismo imigrante, definindo-se medidas de incentivo.

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