Iraque: ocupação norte-americana mantém 6 mil crianças detidas e sob tortura

Entidades de direitos humanos e jornalistas estrangeiros denunciam herança maldita de Bush: torturas e abusos infanto-juvenis nas prisões administradas pelo Pentágono

A representante especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para Crianças e Conflitos Armados, Radhika Coomaraswamy (foto), denunciou a existência de menores em condições sub-humanas nas abarrotadas prisões iraquianas.
Segundo Coomaraswamy, os detidos estão em centros militares administrados pelo Pentágono.
Entre os prisioneiros, existem crianças de apenas 10 anos.
A representante falou a jornalistas na sede da ONU após apresentação de documentos com a denúncia no Conselho de Segurança.
Ela explicou que os menores sobrevivem sofrendo a absurda e criminosa violência, sem qualquer assistência legal externa quando passam pelos processos jurídicos.
O jornalista iraquiano Suhaib Badr-Addin al-Baz, detido quando filmava documentário e mantido preso em Abu Graib durante 74 dias, relatou a Neil Mackay, correspondente do jornal britânico Sunday Herald, que lá viu centenas de crianças sendo torturadas.

Al-Baz denunciou que soldados jogaram tanta água com mangueiras em garoto de quinze anos até que um dia ele morreu.

Jonathan Steele, do também jornal britânico The Guardian, disse que “centenas de crianças, algumas com menos de 9 anos de idade, estão presas em condições atrozes em cárceres de Bagdá, dormindo a temperaturas asfixiantes, em celas abarrotadas, submetidos a freqüentes abusos sexuais pelos guardas.

Steele consegue informações de atuais e antigos prisioneiros.
Raad Yamal, de 17 anos, foi capturado em sua casa em Doura por soldados norte-americanos e levado ao segundo regimento do exército iraquiano, onde foi pendurado com cordas do teto e golpeado com fios elétrico.
Jalid Rabia da Associação para a Justiça dos Prisioneiros de Bagdá, confirmou ao serviço de notícias humanitárias da ONU, que nas prisões iraquianas tratam as crianças como se fossem adultos.
"Nossas investigações, com testemunhas e provas demonstram que meninos de até 9 anos de idade são submetidos a abusos e torturas”, afirmou Jalid Rabia.

Segundo Sherwood Ross, correspondente do jornal americano True Blue Liberal, o motivo alegado para essas prisões e abusos é que os jovens representam riscos imperativos à segurança.
O repórter de TV alemã, Thomas Reutter, do programa Report Mainz, relata torturas de adolescente de 16 anos na presença do pai, também preso.

“Esse tipo de tortura, com a presença de pais, é comum como tática para obter confissões de pais presos”, denunciou o repórter.
O relato de Thomas Reutter tem por base declarações do sargento norte-americano, Samuel Provance.
Na tentativa de ocultar as condições dos centros de detenção iraquianos, os EUA negam autorização para a entrada de membros de entidades de direitos humanos como a Federação Internacional de Direitos Humanos.
Clara Gil-martin, Coordenadora do Programa do Conselho de Segurança no Fórum de Política Global (GPF, em sua sigla em inglês), exigiu que se abrissem as instalações para observadores nacionais e internacionais e sequer recebeu resposta.

O ex-presidente Jimmy Carter, após visitar seis prisões norte-americanas no Iraque, denunciou que encontrou “107 prisioneiros menores, alguns com menos de 8 anos de idade”.
Seymoor Hersh, cujas reportagens abriram o escândalo de Abu Graib, testemunhou que entre 800 e 900 garotos de entre 13 e 15 anos estavam presos.

O advogado iraquiano Sahar Yasiri disse que as seis mil crianças presas convivem entre mais de 400 mil iraquianos presos, distribuidos em 36 prisões e campos de detenção.

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