Obama está comprometido com agenda corajosa

Reverendo Jesse Jackson (à direita, com Obama) diz que o presidente eleito dos EUA sente-se como quem possui mandato para mudar o país, está consciente de que tem de sair fora do rumo definido pelo governo Bush e não quer desperdiçar a crise, verdadeira oportunidade para fazer grandes coisas

O presidente eleito dos EUA, Barack Obama, tem que ser cuidadoso: "o país é nação de centro-direita”, escreveu Bill Kristol; “o país segue dividido muito por igual”, diz o assessor de Clinton, Harold Ickes.
O melhor que Obama teria a fazer é ignorar o Congresso “liberal” e os lobbies liberais e governar a partir do centro.
A melhor resposta a isso veio do próprio campo de Obama: o recém-nomeado chefe de gabinete do novo presidente, Rahm Emanuel, disse ao programa da CBS News Face the Nation: “Regra número um: nunca deixe uma crise ser desperdiçada. Há oportunidades para fazer grandes coisas”.
John Podesta, que dirige a equipe de transição afirmou sobre Obama: “ele se sente como quem possui mandato real para a mudança. Temos que sair fora do rumo definido pelo governo Bush”.
Exatamente certo.
Obama venceu com a maioria dos votos do eleitorado depois de campanha focada em debate sobre que rumo tomar.
Aos americanos foi dada a escolha entre aquilo que Obama chamou de filosofia falida da era Reagan, advogada por Bush e McCain (cortes de impostos para o topo, negócios para as corporações, economia de favorecimento dos mais ricos como forma de gotejar benefícios sobre os mais pobres, desregulamentação) e o socialismo redistribucionista do qual McCain acusou Obama (reforma para instituir o imposto progressivo, investimento público em novas formas de energia, serviços de saúde acessíveis a todos).
Os americanos fizeram sua escolha clara.
E eles querem que sua escolha seja respeitada e Obama está consciente quanto a isto.
Em pesquisa na véspera do dia da eleição, conduzida pela organização Campanha pelo Futuro da América com Democracia, os eleitores eram perguntados se a posição certa dos republicanos seria dar a Obama o benefício da dúvida e ajudar a passar seu programa, ou se eles deveriam se opor a este programa por estar na direção errada. Por impressionante margem de 75 a 21 os eleitores querem que os republicanos cooperem com Obama.
Aquele mandato conquistado no dia da eleição foi reforçado pelo mandato imposto pela realidade.
Esta economia está com problemas e piorando.
Tivemos, em termos de registro de emprego, nestes oito anos, a pior situação dos últimos 60 anos.
E isto foi antes da recessão ficar pior.
Os salários não recuperaram o valor que tinham no ano 2000; pior ainda quanto ao serviço de saúde e a pobreza está crescendo.
Os eleitores querem ação, a economia precisa de ação corajosa.
Emanuel encorajou o Congresso a aprovar recursos para programa de recuperação na próxima semana em sessão especial e prometeu ação mais ampla em janeiro sobre economia, energia, serviços de saúde e corte de impostos para a classe média.
Que não sejam feitos planos pequenos.
Se Obama seguir esta agenda corajosa, ele não terá problemas em sustentar o cerne da coalizão que o impulsionou ao cargo – mulheres trabalhadoras, negros, latinos, trabalhadores sindicalizados e jovens.
Há muita especulação sobre se Obama vai realizar a agenda dos negros, ou vai ao encontro às reivindicações das diversas lideranças.
Mas o cerne da agenda dos afro-americanos não é diferente da dos trabalhadores cruzando todas as linhas de raça.
Eles querem trabalhos bem remunerados, planos de saúde acessíveis, escolas públicas muito boas para seus filhos. Eles querem que a nova economia verde os inclua e não seja fator de sua exclusão.
Os negros e latinos sofrem a pior pobreza.
Quando a economia decai, eles são os primeiros a sentir os efeitos.
Quanto a isso, Obama, direciona-se à agenda não concluída do movimento pelos direitos civis.
Para o reverendo Martin Luther King Jr., o primeiro movimento da sinfonia dos direitos civis era acabar com a segregação; o segundo era conquistar os direitos de voto.
Mas o terceiro, e inacabado movimento, era dar oportunidade econômica aos afro-americanos e à classe trabalhadora.
Somos uma família e devemos todos compartilhar as bênçãos da prosperidade.
Agora, trabalhadores de todas as raças, particularmente os jovens, vêem o sonho americano mover-se para mais longe e fora de seu alcance.
E agora, pela primeira vez desde Lyndon Johnson, eles têm presidente comprometido a ser tão corajoso quanto os problemas que enfrentamos.
Eles estão com toda a disposição e prontos para a jornada.

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