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Mercosul defende democracia na Bolívia e no Paraguai
Evo Morales expulsa embaixador norte-americano, em La Paz, e Fernando Lugo aborta, em Assunção, golpe da direita, comandado pelo general Oviedo e Partido Colorado
Da redação do MercadoGlobal
O Parlamento do Mercosul reúne-se a partir desta terça-feira para confirmar, mais uma vez, o posicionamento sobre a situação na Bolívia e Paraguai, países que que vivem sob ameaça de golpe de forças oligárquicas direitistas, que se opõem à democratização popular que acontece no continente sul-americano.
Outra reunião importante sobre o assunto, que se realiza nesta segunda-feira é a da Unasul (união do países da América do Sul), com a participação de quase todos os presidentes sul-americanos, convocada pela presidente "pro tempore" do organismo, Michelle Bachelet, presidente do Chile.
O que convenceu Michelle Bachelet de convocar a cúpula foi a advertência do presidente Evo Morales sobre a existência de relatório de inteligência, sobre iminente tentativa para derrubá-lo, informou o jornal El Mercurio.
Até agora foram confirmadas as presenças de nove presidentes à reunião de Santiago: Luís Inácio Lula da Silva (Brasil), Cristina Fernández (Argentina), Evo Morales (Bolívia), Álvaro Uribe (Colômbia), Rafael Correa (Equador), Fernando Lugo (Paraguai), Tabaré Vázquez (Uruguai) e Hugo Chávez (Venezuela), além da anfitriã, Michelle Bachelet.
O presidente da Bolívia, Evo Morales, inclusive já expulsou o embaixador norte-americano em La Paz, Philip Goldberg, por conspiração contra a democracia boliviana e por incrementar no país tensões independentistas.
No Paraguai, o presidente empossado dia 15 de agosto, Fernando Lugo, abortou golpe, patrocinado por forças militares, empresários e membros do Partido Colorado, que estavam há mais de 60 anos no governo e deixaram o país em situação de terra arrasada, tomada por traficantes, contrabandistas, falsificadores e corruptos.
O general Lino César Oviedo, que perdeu a eleição para Lugo coordenou a conspiração.
O presidente da Representação Brasileira no Parlamento do Mercosul, senador Aloizio Mercadante (PT-SP), vai apresentar na reunião projeto de declaração em defesa da manutenção da democracia na Bolívia e no Paraguai, para que o bloco deixe claro sua posição contrária a qualquer tentativa de golpe em ambos os países.
Antecipando-se à reunião, o presidente do Parlamento do Mercosul, deputado Dr. Rosinha (PT-PR), afirmou que Morales tomou atitude correta ao expulsar o embaixador norte-americano.
Segundo o presidente do Parlamento do Mercosul, Evo Morales vem divulgando informações seguras quanto à participação do governo dos Estados Unidos nas ações separatistas promovidas por setores de oposição a seu governo.
"O presidente Bush tem antecedentes intervencionistas no mundo todo; o fracassado golpe de 2002 na Venezuela, para retirar do governo o presidente eleito Hugo Cháves, é exemplo mais vergonhoso de caso ocorrido na América do Sul," afirmou.
A direita boliviana, derrotada no referendo nacional de agosto, mostra-se cada vez mais isolada ao praticar verdadeiros atentados terroristas.
O referendo, por solicitação da oposição ao presidente Evo Morales, foi coordenado e acompanhado pelo Parlamento do Mercosul que levou à Bolívia delegação de 40 observadores do Mercosul.
O referendo confirmou Morales no cargo de presidente, com 67,4% dos votos – 13,7 pontos percentuais a mais do que o presidente obteve na eleição de 2005.
O Parlamento do Mercosul, ao apoiar as instituições bolivianas e se posicionar contra qualquer divisão de território na Bolívia, denuncia que o movimento separatista observado no país é movido pelo preconceito de oligarquias contra o presidente de origem indígena.
Nota do Parlamento do Mercosul
Pela paz em Bolívia
A Presidência do Parlamento do Mercosul vem a público manifestar a profunda preocupação com a situação política da Bolívia.
Mesmo após os recentes Referendos Revogatórios realizados em todos os departamentos da República da Bolívia, que conferiram renovada e sólida legitimidade aos governantes e que transcorreram em clima de mais absoluta normalidade, conforme o depoimento unânime de dezenas de missões observadoras, inclusive a deste Parlamento, a tensão naquele país não dá mostras de arrefecer.
Pelo contrário, observa-se crescente radicalização do processo político boliviano que pode ter conseqüências imprevisíveis.
A não-aceitação de legítimos resultados eleitorais, a recusa ao diálogo, a obstrução de estradas, os discursos pró-separatismo e a ameaça da ocupação de campos de gás, com o intuito de impedir a exportação para Estados Partes do Mercosul, conformam quadro instável que repercute negativamente no Mercado Comum do Sul.
A Presidência apela a todas as forças políticas bolivianas a que aproveitem o novo quadro político criado pelos referendos revogatórios e estabeleçam diálogo de alto nível, o qual deve ser conduzido de modo a pacificar as disputas políticas que ocorrem naquele país e assegurar o desenvolvimento econômico e social e a imprescindível unidade territorial da Bolívia.
A Presidência concita as forças políticas bolivianas, bem como os meios de comunicação de massa daquele país, a que se conduzam, nesse momento crucial da história da Bolívia, com a mesma maturidade e responsabilidade demonstrada pelo grande povo boliviano nos recentes pleitos eleitorais.
A Presidência, ademais, lembra que a República da Bolívia, Estado Associado do Mercosul, é signatária do Protocolo de Ushuaia, que consagrou a cláusula democrática do bloco.
Por último, a Presidência do Parlamento do Mercosul manifesta o seu entendimento de que é do interesse de todos os Estados Partes do Mercosul que a Bolívia se encontre, cada vez mais, com seu destino de nação economicamente próspera, socialmente justa, politicamente estável e democrática.
Parlamento do Mercosul
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