Venezuela e Rússia reafirmam parceria estratégica

Piloto russo e o Tu-160, bombardeiro supersônico pesado

Manobras militares conjuntas no Caribe representaria questionamento cada vez mais aberto de Moscou à hegemonia mundial dos EUA e apoio às nacionalizações de Chávez nas áreas da energia

Da redação do MercadoGlobal

O embaixador da Rússia na Organização do Tratato do Atlântico Norte (OTAN), Dmitri Rogozin, informou, na Europa, na semana passada, que os dois bombardeiros estratégicos russos Tu-160 que aterrizaram na Venezuela na primeira semana de setembro vieram à América do Sul para vôos de treinamento em conjunto com as forças aéreas venezuelanas e que a iniciativa mostra o fortalecimento da cooperação bilateral entre os dois países.
A chancelaria russa divulgou nota afirmando que estão em planejamento outras iniciativas semelhantes com países de outros continentes e que "todos os vôos militares vão realizar-se em estrita observância das normas internacionais sem violar fronteiras de países estrangeiros".

O Tupolev Tu-160 que voou à Venezuela é bombardeiro supersônico pesado, catalogado como o avião mais potente do mundo, superior ao B-1 Lancer, dos EUA.
O chefe do Comando Estratégico Operacional (CEO) da Venezuela, general Jesús González, afirmou que seu país mantêm com a Rússia relação plena de cooperação e assistência técnica.
"É nesse contexto que se inserem as manobras militares que a Venezuela e Rússia realizarão em novembro em águas do Mar do Caribe", disse o general.
Ele reconheceu que as hostilidades norte-americanas contra a Venezuela contribuíram para maior aproximação com a Rússia.
González lembrou que os EUA bloquearam a compra de peças de reposição e equipamentos necessários à atualização da tecnologia militar da Venezuela.
"A Rússia foi uma das nações que nos brindaram com cooperação científica quando os EUA nos negaram. Os exercícios conjuntos estão focados na capacitação do material adquirido pela Venezuela à Rússia, como aviões, helicópteros e fuzis ”, afirmou González.
Os exercícios deverão ser realizados entre os dias 10 e 14 de novembro e a Rússia deverá enviar para a costa venezuelana, o navio nuclear Pedro o Grande e o navio anti-submarino Almirante Chebanenko.

O diretor de Inteligência Estratégica do Estado-Maior Naval, da Marinha venezuelana, contra-almirante Salbatore Cammarata, informou que participarão dos exercícios quatro navios e mil militares russos, além de fragatas e esquadrões patrulheiros e de transporte e unidades aeronavais e submarinas da Venezuela.

Para o analista Thomas Gomart, do Instituto Francês de Relações Internacionais, o envio de unidades militares russas “representa duplo investimento de Moscou: questionamento cada vez mais aberto à hegemonia dos EUA no mundo e apoio às nacionalizações na áreas da energia, que Chávez tem como estandarte”.

Dmitri Orlov, da Agência de Comunicações Políticas e Economicas, diz que os planos de cooperação militar da Rússia com a Venezuela “significam que Moscou aumentará a presença militar em diferentes regiões do mundo, não com a agressividade norte-americana, mas para defender seus interesses geopolíticos”.

O governo dos EUA não esconde a preocupação com a presença militar russa na América do Sul e estará atento aos movimentos realizados com a Venezuela.
Analistas internacionais entendem que a aproximação entre Rússia e Venezuela tem relação direta com o aumento da presença norte-americana no Mar Negro.
Além disso, encontra-se na América do Sul o USS Kearsarge da IV Frota da Marinha norte-americana, reativada pelo governo Bush no primeiro semestre deste ano.

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