Rajendra Pachauri: pessoas comem muito e queimam gordura na academia
Consumismo per capita de uma criança de zero a 12 anos de idade em países ricos proporcionaria vida digna, com saúde e educação, a 15 crianças, no mesmo período de vida, em regiões pobres da América Latina e África
''A Terra está em movimento insustentável''. A afirmação é do economista indiano e vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 2007 Rajendra Pachauri, que participou do I Fórum Internacional de Comunicação e Sustentabilidade, que aconteceu em Brasília (DF), em meados de maio.
Pachauri, presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), lembra de algumas previsões feitas pelo órgão das Nações Unidas.
Segundo ele, até o ano 2020, cerca de 120 milhões de asiáticos serão afetados pela falta de água.
“O desenvolvimento sustentável é essencial. Não tem como não pensar nisso. Porém, a maioria das pessoas não sabe o que de fato é sustentabilidade e não sabe como praticá-la”, diz ele, ao condenar o consumismo doentio da população rica do planeta.
“Precisamos mudar nossos valores. Não podemos gastar tanto ou consumir em excesso. As pessoas comem tanto e depois vão para a academia queimar as gorduras. Isso não faz sentido”, acrescenta ele.
O economista indiano defende a cautela por parte dos governos de países emergentes, como Brasil, China e Índia, quando o assunto é criar tetos para as emissões de CO2 na atmosfera.
Pachauri acredita que esses países precisam preocupar-se com problemas ainda mais básicos, como a falta de eletricidade.
"É esperado crescimento de 70% da demanda por energia dos países em desenvolvimento, até 2030. Mais de 25% da população mundial não têm energia elétrica, sendo que deste total 450 milhões dos afetados são indianos”, lembra ele. Segundo Pachauri, cada nação deve ter responsabilidades diferentes em relação ao posicionamento perante as mudanças climáticas.
“Com milhões de pessoas que ainda não têm nem acesso à eletricidade, temos de cuidar para que essa necessidade seja suprida. Não podemos esquecer que devemos educar nossas crianças para vida mais sustentável. Sim, nós já temos conhecimento suficiente para passar para as gerações mais novas para que elas desenvolvam pensamento mais sustentável e que façam escolhas mais inteligentes”, afirma o Prêmio Nobel da Paz de 2007.
Outras críticas registradas no fórum mostram que o consumismo é cultural nas civilizações atuais e é disseminado para as classes sociais a partir das elites dominantes.
Como exemplo foi apontado que o incentivo a gasto per capita crescente de uma criança de zero a 12 anos de idade da família rica em países desenvolvidos, valor que seria suficiente para proporcionar vida digna, com alimentação adequada, saúde e educação, a pelo menos 15 crianças no mesmo período de vida, junto à população de periferia em países pobres da América Latina e África.
Uma das conclusões do fórum é que o consumismo predatório dos países ricos prossegue pela adolescência até a velhice da população, tornando-se uma das piores causas da degradação física, moral, ética e ambiental pelas quais passa a humanidade e o planeta.
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