EUA focam Brasil para sair da crise do petróleo

Preço de combustíveis faz norte-americanos ficarem atentos à descoberta de Tupi, na Bacia de Santos

Da redação

As dificuldades em enfrentar o alto preço de combustível e os problemas no Oriente Médio estão levando os EUA a voltarem os olhos para o o Brasil hoje às vésperas de tornar-se membro do cartel mundial do petróleo, após a descoberta do campo petrolífero de Tupi, na Bacia de Santos.
Sinais claros disso são as reportagens e editoriais do New York Times, afirmando que as descobertas do campo de Tupi, com até 8 bilhões de barris de petróleo leve, juntamente com os projetos de refino em andamento da Petrobras, podem transformar o Brasil em grande exportador de gasolina aos EUA.

O jornal, no entanto, chama a atenção para o perigo de vir o governo brasileiro endurecer os termos de investimento para a nova fronteira de exploração, fazendo comparações com a Bolívia e Venezuela, que nacionalizaram as respectivas riquezas de energia, cortando regalias das grandes companhias internacionais que há décadas os exploravam desmedida e irresponsavelmente, em conluiu com empresários e elites direitistas dominantes, localmente.

"Ainda assim", afirma o jornal, "o Brasil continua bem mais aberto ao investimento estrangeiro do que seus vizinhos, e tem encorajado companhias estrangeiras de petróleo como Exxon Mobil, Shell e Chevron a investirem na exploração marítima".

O jornal lembrou que há dois anos, mesmo sem Tupi, o Brasil atingiu a meta de auto-suficiência em energia, em parte com a expansão de reservas domésticas do combustível fóssil e em parte com o desenvolvimento de uma grande indústria de etanol, a partir da cana-de-açúcar.
"O imenso esforço de três décadas para transformar cana-de-açúcar em etanol tornou o Brasil o maior consumidor de biocombustíveis vegetais do mundo. O governo exige que a gasolina contenha mínimo de 25% de álcool e que todo posto de combustível tenha pelo menos uma bomba de etanol puro. O crescimento do programa de etanol está colocando o Brasil em melhor posição para tirar proveito da riqueza de Tupi. A Petrobras espera que o uso do etanol crescerá à medida que mais veículos flex cheguem às ruas", disse o jornal, insistindo sempre que, neste contexto,o país terá mais gasolina para exportar.
A Petrobras, que vende 90% de seus produtos refinados ao mercado brasileiro, está consciente em relação a este cenário de exportação, mas não apenas para os EUA.
Para assegurar futuro como exportadora, a estatal está construindo duas refinarias para entrar em operação em 2010 e 2014, que aumentarão a capacidade de refino do país em quase 40%.
Os norte-americanos lembram que a Petrobras também investe em unidades que expandirão a produção de diesel a partir de petróleo pesado, e está investindo US$ 8,6 bilhões na redução do enxofre em suas 11 refinarias.

O campo de Tupi, maior descoberta mundial de petróleo desde o campo de 12 bilhões de barris encontrado no Cazaquistão, em 2000, fica 7 quilômetros abaixo da superfície do oceano e, para chegar até ele, a Petrobrás terá que atravessar mais de 2 mil metros de água e depois perfurar mais de 5 mil metros de areia, rocha e imensa camada de sal que se estende por centenas de quilômetros.
Segundo os analistas, perfurar ao redor ou através do sal representa desafio mais significativo do que perfurar as camadas de sal do Golfo do México, que são mais dispersas, disseram analistas.
Com o campo de Tupi, os 12,2 bilhões de barris de reservas comprovadas do Brasil passaram para cerca de 17,2 bilhões, mas podem ir a 20,2 bilhões, colocando o Brasil à frente dos 17,1 bilhões do Canadá e dos 12,9 bilhões do México.
O país fica entre a China e a Nigéria na escala mundial, segundo a BP Statistical Review of World Energy.
A Venezuela possui mais de 80 bilhões de barris de reservas comprovadas.
Alguns analistas prevêem que o campo de Tupi poderá custar mais de US$ 20 bilhões para ser desenvolvido.
A primeira grande tarefa da Petrobras é encontrar escoamento para as imensas quantidades de gás natural presentes no campo de Tupi, que fica a quase 320 quilômetros da costa.
Dadas as dificuldades de construção de gasoduto vindo de local tão remoto, a Petrobrás está considerando a construção de usinas flutuantes de liquefação de gás natural ou turbina flutuante a gás para geração de eletricidade.

Para enviar o petróleo para a costa, os engenheiros da estatal trabalham em formas inovadoras para manter os oleodutos aquecidos e desenvolver revestimentos mais fortes para os poços resistirem aos efeitos da corrosão do sal.

Ciente de que a Petrobras não terá problema tecnológico insuperável internamente para desenvolver o campo de Tupi, o governo dos EUA volta-se para esta nova fronteira energética até mesmo porque a maioria dos grandes países produtores de petróleo, não apenas aqueles que proclamam ambições socialistas, impõe termos mais duros às companhias de petróleo estrangeiras, especialmente em tempos de altos preços do petróleo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Buscar neste site: