Brasil, China e Índia apóiam africanos, que se negam assinar contrato leonino
Da redação
A mídia internacional continua ignorando o fato de a África ter dito não às vergonhosas propostas de acordos comerciais feitas pela União Européia (UE) às empobrecidas nações africanas.
O Brasil, China e Índia apoiaram a posio Sul,
Na Segunda Conferência de Cúpula União Européia-África, em Lisboa, no final de dezembro, a UE exigiu dos países da África, do Caribe e do Pacífico que assinassem acordo multilateral permitindo a entrada em seus mercados de mercadorias e serviços da UE, sem taxas alfandegárias; no mesmo documento, a UE dizia que iria tarifar importações de produtos africanos como açúcar, carne e banana porque o produtor europeu não poderia ser prejudicado.
O presidente do Senegal, Abdulaye Wade, foi o primeiro a denunciar a proposta criminosa e se recusou a assinar o acordo, abandonando ruidosamente reunião.
O presidente da África do Sul, Thabo M’Beki, apoiou de imediato o colega senegalês.
A Namíbia também tomou a corajosa decisão de não assinar nada, uma vez que aumento das taxas alfandegárias da União Européia sobre sua carne bovina marcaria o fim de suas exportações.
Até mesmo o presidente direitista francês Nicolas Sarkozy, ao tomar conhecimento da vergonhosa proposta, apoiou os países refratários a esses acordos leoninos: “Sou a favor da globalização, a favor da liberdade, mas não sou a favor da espoliação de países que, aliás, já não têm nada”.
A Conferência de Lisboa terminou com constatação de fracasso; José Manuel Durão Barroso, presidente da Comissão Européia, foi obrigado a aceitar a reivindicação dos países africanos e vai retomar as negociações agora, em fevereiro.
Essa importante vitória da África é sinal suplementar do momento favorável que o continente atravessa.
Apesar de ainda existirem conflitos no continente, avanços democráticos consolidam-se na região.
Muitas economias continuam a prosperar e são pilotadas – apesar das desigualdades sociais permanentes – por nova geração de jovens dirigentes.
Outro trunfo: a presença da China, que está a ponto de suplantar a União Européia na condição de maior investidor do continente africano; e que poderá tornar-se, já em 2010, seu primeiro cliente, na frente dos Estados Unidos.
Já vai longe o tempo em que a Europa podia impor desastrosos programas de ajuste estrutural à África.
Brasil, China e Índia apoiaram a reação africana, diante da proposta européia, considerada "escárnio às ex-colônias".
O Ministério das Relações Exteriores (MRE) do Brasil ressalvou que as posições de europeus e brasileiros na aproximação à África são bem diferentes.
"Há diferenças de estilo e de plataforma de onde se opera a política externa. Essencialmente, a cooperação brasileira é Sul-Sul é centrada na superação das assimetrias e no combate à fome e à pobreza. Não é análoga à aproximação da Europa à África", afirmou fonte do Itamaraty.
De acordo com o diplomata, UE e Brasil têm interesse em que a sociedade africana desenvolva-se de forma ordeira, que os conflitos diminuam de intensidade e que vigorem no continente valores universais, como a democracia.
"Mas o olhar dos brasileiros e dos europeus para a África não é exatamente o mesmo. As formas de cooperação são diferentes. Ao contrário da UE, não elencamos prioridades, mas atendemos aos pedidos recebidos", assinalou a fonte do Itamaraty. O diplomata considera que os africanos vêem na opção brasileira maior ajustamento àquilo de que necessitam agora.
"Somos sociedades em desenvolvimento que experimentam ainda assimetrias sociais, com base de produção agrícola semelhante, além de que o Brasil tem experiências tecnológicas e de políticas industriais que interessam aos africanos", destacou.
O diplomata brasileiro admitiu que a recente parceria estratégica do Brasil com a UE e o interesse brasileiro de aproximação a África podem impulsionar uma cooperação triangular no continente africano.
"A triangulação vai ser dado de importância crescente, justamente porque nós ultrapassamos o momento de reconhecer as diferenças. Estamos numa fase de reconhecer os pontos de contacto e trabalhar neles. Temos a certeza de que precisamos sedimentar e operar a relação com a África numa visão de longo prazo", disse.
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