Grandes empresas escondem fraudes de seus executivos

Por questão de imagem corporativa, delitos são
omitidos e não são investigados criminalmente


As denúncias de irregularidades no Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional (FMI) tornaram oportuna a divulgação pela KPMG Consulting de estudo que revela o perfil do profissional que comete atos ilícitos em benefício próprio nas grandes corporações multinacionais, destacando-se o fato de que as empresas comunicam publicamente a irregularidade cometida por seus funcionários.
Mais de 70% dos profissionais desonestos têm entre 36 e 55 anos, possuem diplomas universitários, cursos de especialização e comandam jogadas empresariais de alto risco.
A pesquisa revelou que 36% dos fraudadores trabalhavam na empresa há pelo menos três a cinco anos e quase 91% dos infratores não se contentam em realizar apenas uma transação fraudulenta: voltam ao crime, sempre que possível.
Os executivos preferem trabalhar sozinhos mas, quando atuam em parceria, multiplicam ganhos em quase sete vezes, com a fraude executada.
De acordo como estudo da KPMG, 49% das fraudes são cometidas por executivos do alto escalão.
Golpes como maquiagem de resultados, desvio de recursos e pagamento de propinas variam entre 5 mil euros e 500 milhões de euros por ano.
Outro ponto destacado no estudo é que em 50% dos casos as empresas não comunicam internamente a fraude e 15% selecionam algumas informações para dividir com os colaboradores.
Após a descoberta da fraude, a mídia e as autoridades responsáveis raramente são informadas e, com isso, dificilmente os delitos são submetidos a investigações criminais.
Os crimes cometidos pelo alto escalão são mais sérios e danosos para a saúde financeira e para a imagem da empresa.
"Os crimes cometidos por membros do alto escalão das empresas sempre afetam a saúde financeira e também a imagem e reputação da companhia. Isso acontece porque esses executivos assumem maior responsabilidade pois têm mais liberdade e poder", afirmou o diretor da KPMG Werner Scharrer.
Na visão de Scharrer a maioria das empresas, ao longo das suas vidas corporativas, enfrentará o ato fraudulento: “se sobreviverão às experiências ou emergirão mais fortes dependerá, em última análise, das atitudes e dos processos internos em vigor, para responder, controlar e prevenir a fraude”, ressaltou.
Segundo ele, a questão da remuneração, onde o executivo ganha bônus por conta do resultado obtido é forma segura de não fazê-lo pensar em cometer fraudes corporativas.
“Muitas organizações mundiais, ao se depararem com a crescente diversidade de estruturas e normas que regem a conduta comercial, continuam lutando para reduzir os riscos impostos pela fraude e a conduta imprópria. Para isso, o desenvolvimento de um programa integrado de gerenciamento de risco de fraudes não somente ajudará a apoiar compliance com as normas regulatórias, como também auxiliará a empresa a proteger os seus ativos, inclusive sua reputação”, afirmou Scharrer.
Ao comparar o perfil dos executivos fraudadores dos países citados na pesquisa com os do Brasil, Scharrer disse que existe casos similares, mas ressaltou que a grande maioria dos executivos brasileiros estão pensando mais em se manter na posição em que estão do que cometerem fraudes internas.
Scharrer disse que grande parte das fraudes ocorridas nas empresas estabelecidas no Brasil estão relacionadas a negociação com fornecedores.
"A ética é uma questão que nem todo ser humano tem em qualquer lugar do mundo. Sobretudo, se forem encontradas facilidades de negociações internas ou externas. Nesses casos o crescimento profissional é deixado de lado para prevalecer a ganância", afirmou ele.
O estudo foi baseado em análises de 360 casos atuais de investigação de fraudes realizados pelo departamento internacional de Forensic da KPMG da Europa, Oriente Médio, África e Índia.

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