Mercosul planeja uso sustentável de uma das maiores reservas subterrâneas de água doce do mundo
Talita Bedinelli
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Os quatro membros fundadores do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) vão elaborar plano de uso sustentável do aqüífero Guarani — uma das maiores reservas subterrâneas de água doce do mundo.
Os países já encomendaram estudos que devem ficar prontos até setembro de 2008 que vai abordar questões relativas ao solo, aos mananciais e aos poços perfurados para o consumo da água.
O planejamento deve ser colocado em prática a partir de janeiro de 2009.
O aqüífero Guarani tem volume estimado de 37 mil quilômetros cúbicos e área de 1,2 milhão de quilômetros quadrados, que abrange a bacia do rio Paraná e parte da bacia do Chaco-Paraná. Cerca de 70% da reserva está localizada no Brasil e corta Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.
Existem 930 poços brasileiros perfurados no Aqüífero, que são usados por 68 municípios; os paulistas consomem quase 60% da produção.
“O aqüífero tem volume de água acumulado ao longo de milhares de anos e tem várias possibilidades de uso: humano, agrícola, turístico. Tem que saber cuidar, porque despoluí-lo tem um custo muito mais elevado do que para um rio, já que é escondido. No geral, ele está bem conservado, mas existem alguns riscos de contaminação”, diz o secretario de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente, João Bosco Senra.
“Precisamos conhecer a real dimensão do aqüífero e sua importância, para orientar o trabalho de preservação e o uso de maneira sustentável”, completa.
Por isso, foi criado o projeto Aqüífero Guarani , que começou a ser executado em 2003 pelos quatro países com o apoio do GEF (Fundo Global para o Meio Ambiente, na sigla em inglês) — órgão administrado pelo PNUD, Banco Mundial e PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente). Para subsidiar os trabalhos, foram contratadas três empresas, que ficaram responsáveis por dois estudos e pelo desenvolvimento de um portal com as informações coletadas, que poderão ser acessadas pelo público.
Um dos estudos analisa as características gerais da reserva subterrânea.
“A partir desse mapa, teremos acesso ao que está acontecendo no Aqüífero como todo, para possibilitar projetos de conservação futuros”, comenta Senra.
O outro levantamento abordará quatro áreas específicas, uma de cada país.
Para o Brasil, foi escolhida a cidade de Ribeirão Preto, abastecida integralmente pelo aqüífero.
“A região tem uso mais urbano. Na Argentina foi selecionada área de uso termal, no Paraguai, uma de uso rural e no Uruguai, região transfronteiriça com o Brasil. Vamos conhecer essas realidades mais específicas, desenvolver projetos para elas e depois ampliá-los para outras áreas”, diz o secretário.
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