Verdadeiro caminho para a reforma social

Socialismo romântico de J.J.Rousseau
e o Socialismo científico de Karl Marx


A.H.Fuerstenthal Cientista político e consultor

Mesmo correndo o risco de parecer absurdo, o seguinte ensaio tentará provar que o Socialismo Romântico de J.J.Rousseau tem mais base do que o Socialismo Científico de Karl Marx e seguidores.
Para Marx, o mal quase demoníaco dos tempos modernos é o Capital. A análise marxista da “exploração do homem pelo homem”, através da mais-valia, é clara e convincente.
A mais-valia, isto é, a maneira do Capital remunerar-se à custa de compensação inadequada do trabalho, é explicação irrefutável da eterna fricção entre capital e força de trabalho.

Então, a abolição do capital privado parece passo lógico e inevitável.

O resultado econômico completo do trabalho seria do trabalhador e serviria para sua manutenção, sem sofrer perda alguma sob título do lucro.

O trabalho seria serviço à comunidade, sem pressão, sem competitividade, sem inveja, sem o veneno da ambição.
Ambiente de colaboração harmoniosa, isento de necessidades não satisfeitas, de sofrimento e de humilhação.
Por que, na História concreta, esse sonho nunca se realizou? As razões podem ser múltiplas, mas o motivo principal parece ser que o cálculo marxista jamais fechou. Mesmo o capital, sendo do Estado, precisa de acréscimo para manter a indústria em funcionamento. Mas aí não se trata só de choque entre ideologia política e natureza humana.
Trata-se de problema mais profundo, ou seja, de um erro contido na teoria marxista.
Os grandes culpados não são o capital e os capitalistas. Capital é apenas conseqüência inevitável da Revolução Industrial.
Indignar-se com o capital e suas práticas, é como ser médico e preocupar-se unicamente com sintomas, sem atacar a doença; não haverá cura jamais.
Uma vez que grande parte da energia manual é substituída pela máquina, há necessidade de investimento.
Este investimento precisa do estímulo de retorno vantajoso; sem tal estímulo, o capital simplesmente não vem.
Daí segue fatalmente a história do operariado explorado pela mais-valia e da crise social. Marx e todos seus discípulos são culpados por dois erros: o primeiro, de não reconhecer a natureza humana na sua necessidade de iniciativa livre, mesmo sob condição de risco; o segundo, de não ver o Capital como conseqüência inevitável da industrialização; aí surge a lembrança de Jean Jacques Rousseau com o seu “Retorno à Natureza”.
Evidentemente, não se trata de abolir a máquina, como tentativa do ser humano de compensar pela sua fragilidade biológica. Todavia, há grande passo da construção e do uso de máquinas para a destruição quase completa da natureza, a favor de metrópoles e parques industriais.
Por exemplo: existem centros habitacionais com edificações de até dois ou três andares. São lugares mais humanos e mais agradáveis para convivência do que as típicas cidades verticais da modernidade. Nestas cidades há colapsos absurdos de tráfego, devido ao número e tamanho de veículos.
Por que as prefeituras não controlam o número de carros admissíveis nas suas regiões e, em última instância, fabricáveis em geral? Com isto, vem a questão do envenenamento atmosférico e do enriquecimento das nações portadoras da matéria prima ofensiva.
Por exemplo: sem o enriquecimento dos países islâmicos pelo petróleo, não haveria a crise política islâmico-cristã nem a onda de terrorismo. Uma restrição voluntária da expansão industrial eliminaria crises políticas internas tanto quanto externas. Naturalmente, tal restrição significaria também um freio à propagação humana.
Com a ausência de muitas comodidades oferecidas pela indústria, a sobrevivência de milhões de seres humanos seria impossibilitada.
Uma regra de até dois filhos por família seria estabelecida naturalmente.
Acabaria a liberdade de sacrificar a Terra inteira ao aparente interesse humano imediato.

Isto seria contra preconceitos, tanto religiosos quanto políticos, mas, depois de séculos de guerras, revoluções e sofrimentos por hiper-população, já chegou a hora de alguma autocrítica do gênero humano.
Isto levaria a tipo de reforma talvez já concebido por pequenas seitas, mas nunca por partidos políticos de grande proporção.
Não seria reforma partidária e sim mudança radical de mentalidade.
Sócrates, Cristo, Gandhi e outros reformadores já se pronunciaram num sentido semelhante, mas jamais tiveram resultados decisivos.
Porém, o mundo atual está encontrando-se em estado de conflitos radicais que obriga os contemporâneos a usarem a capacidade intelectual não no sentido de um progresso efêmero e sim de verdadeira salvação da Humanidade.


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