População do planeta envelhece rapidamente, impondo-se novas circunstâncias

Mithre J. Sandrasagra
Da agência IPS


A população mundial envelhece cada vez mais rápido, e a marca de 9 bilhões de habitantes será superada em 2050, segundo previsões da Organização das Nações Unidas (ONU).
O informe “Perspectiva da população mundial: revisão 2006”, apresentado pela ONU, prevê que nos próximos 43 anos vão somar-se ao planeta mais 2,5 bilhões de habitantes, com a população mundial passando dos 6,7 bilhões atuais para 9,2 bilhões.
“A grande carga deste crescimento populacional será absorvida pelos países em desenvolvimento”, afirmou a diretora da Divisão de População da ONU, Hania Zlotnik, ao apresentar o informe.
A população do Sul em desenvolvimento passará de 5,4 bilhões em 2007 para 7,8 bilhões em 2050, segundo o novo cálculo.
Como resultado da queda da fertilidade e da crescente longevidade, a população de um número cada vez maior de países cresce rapidamente, afirmou Zlotnik.
“O envelhecimento é o resultado de grande êxito da humanidade em matéria de saúde, mas a pergunta agora é se a humanidade pode adaptar-se a estas novas circunstâncias”, ressaltou.
A diretora-executiva do Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA), Thoraya Ahmed Obaid, concorda com essa avaliação.
“O envelhecimento da população é fenômeno originado no século XX, devido, em parte, às melhoras na expectativa de vida. Também coincide com o maior número de pessoas jovens da história. O desafio é cobrir as necessidades das pessoas idosas e, ao mesmo tempo, as urgentes demandas dos jovens, sobretudo nos países em desenvolvimento”, disse Obaid.
O lento crescimento da população devido às baixas taxas de nascimento faz com que o número de idosos aumente e o de jovens diminua. Vinte por cento dos habitantes do Norte industrializados são maiores de 60 anos, e se prevê que essa proporção aumentará para 33% em 2050.
Nessas nações, a quantidade de pessoas idosas já superou o de crianças.
Os serviços de cuidados sanitários, pensões e apoios social, antes baseados em força de trabalho jovem, para beneficio dos aposentados devem ser revistos à luz destas transformações demográficas.
“Até 2050, Ásia, América Latina e Caribe estarão onde Europa e América do Norte encontram-se hoje”, disse Zlotnik à IPS. A África se destaca como a única região onde a população ainda é relativamente jovem.
O envelhecimento da população é menor em países do Sul, segundo a pesquisa.
Entretanto, nas nações em desenvolvimento apenas 8% da população são atualmente maior de 60 anos, embora até 2050 essa faixa etária aumentará 20%.
A fertilidade alcançou níveis muito baixos em 28 países em desenvolvimento, incluindo a China.
Zlotnik, disse estar surpresa com o fato de que, até 2050, segundo as previsões, a população do México diminuirá por causa de uma fertilidade menor, maior mortalidade e pela imigração.
“Os países em desenvolvimento deverão aumentar seus investimentos nos jovens”, disse Zlotnik.
A ONU calcula que o número de meninos e meninas no Sul (cerca de dois bilhões) vai manter-se estável até meados do século. Os países do Sul realizam grandes esforços para conseguir educação primária universal até 2015, um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, mas ainda têm um longo caminho pela frente, disse Zlotnik. Deverá haver maior investimento em cuidados médicos e serviços sociais, acrescentou. As novas estimativas dão a entender que será preciso realizar investimentos em planejamento familiar.
“Estas novas projeções são outro alerta para a urgência em dar aos casais os meios para exercitar seu direito humano de determinar livremente o tamanho de suas famílias”, disse Obaid.
O acesso a programas de planejamento pode decidir se o mundo terá 2,5 bilhões ou cinco bilhões a mais de pessoas até 2050, diz o informe.
“Atualmente, cerca de 200 milhões de mulheres nesses países (do Sul) carecem de acesso a serviços anticoncepcionais seguros e efetivos”, acrescentou Obaid.
“Os fundos para programas de planejamento familiar deverão aumentar para atender as necessidades dessas mulheres, não só para determinar o futuro do planeta, mas, também, para prevenir gravidez não desejada e reduzir a mortalidade materna e infantil”, ressaltou a representante da ONU. O novo informe também faz projeções sobre envelhecimento da população e outras tendências que são mais notórias nas nações industrializadas.
Entre 2005 e 2006, a metade do crescimento da população mundial terá como causa o aumento no número de pessoas com mais de 60 anos, enquanto a de menores de 15 anos cairá sensivelmente.
Nas regiões mais industrializadas, a população maior de 60 anos quase duplicará, passando de 245 milhões, em 2005, para 406 milhões em 2050.
Espera-se que a população total das zonas mais industrializadas permaneça praticamente inalterada em 1,2 bilhão. Segundo as novas estimativas, a população dos países do Norte diminuirá até 2050, apesar do aumento de imigrantes do Sul.

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