Perspectivas de emergência dos países do BRIC

Texto de Gilbert Gilles Gerteiny
Professor e Consultor Internacional

A sigla BRIC, acrônimo para designar o Brasil, Rússia, Índia e China, apareceu pela primeira vez em 2003 em tese do Banco de Investimento Goldman Sachs, de autoria do economista Jim O´Neill, cujo tema principal era demonstrar que a economia dos paises do BRIC ia rapidamente desenvolver-se e eclipsar, até 2050, as principais potencias econômicas atuais como os EUA, Japão e União Européia.
A sigla foi também usada em referencia a possível acordo comercial, político e militar assinado em 2002 por Brasil, Rússia, Índia e China.
A sigla, empregada por Goldman Sachs, surgiu como nome genérico para designar esses quatro países e designar os novos paises industrializados.
As perspectivas de crescimento econômico dos paises do BRIC são as mais elevadas para o século XXI.
E esses países aspiram a tornar-se potencias mundiais como os Estados Unidos, União Européia e Japão. Poderiam ser o contrapeso ao G7, formando pelos EUA, Reino Unido, Canadá, Alemanha, Japão, Itália e FrançaHoje O´Neill, se tivesse que repensar sua denominação colocaria BRIMC, incluindo o México que possui todos os atributos para alcançar, ele também, um desenvolvimento rápido.
Eis alguns comentários importantes de O´Neill:
"Globalmente as coisas andaram mais rápido que eu imaginava, em particular para a China e a Rússia. Há cinco anos a taxa de crescimento destes dois paises ultrapassou nossas previsões.
Neste domínio, só o Brasil não fez melhor do que antecipamos. Entretanto subestimamos há cinco anos a simbiose natural que existe entre estes paises, por que a Rússia e o Brasil são ricos em matérias primas que a Índia e a China necessitam. Isto se traduz em forte desenvolvimento do comercio entre estes quatro paises.
Em 2001, pensávamos que seu PIB ultrapassaria os paises do G7 em 2042. Acreditamos hoje que isto acontecerá em 2035.2. Apesar de nossas previsões razoáveis o crescimento do Brasil nos decepciona um pouco.
O handicap do país se deve ao atraso de sua urbanização em relação à China, Índia e de certo modo a Rússia.
Isto explica que nosso modesto objetivo: 3.2% por ano para este decênio. Mas o que nos amedronta é a ausência de reformas macroeconômicas o que permitiria ao setor privado de se desenvolver.
O estado é muito presente, muito influente, mesmo se ele tem a seu crédito a estabilização do ambiente macroeconômico, notadamente a inflação. Progressos que os pessimistas subestimam totalmente.
Por outro lado, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi muito mais favorável ao mercado do que se esperava. No interesse do Brasil, a dupla missão do futuro governo será de incitar ao investimento e de reduzir o papel do estado

Criticas
O conceito de BRIC foi criticado por causa dos fatores mais ou menos imprevisíveis que poderiam intervir e impedir a realização dos objetivos. Notadamente as questões ambientais, os conflitos internacionais, as doenças, o terrorismo e também a gestão dos recursos energéticos.Os paises do BRIC têm populações imensas abaixo do nível de pobreza, situação que poderia desencadear mal estar social crescente e estourar as finanças governamentais.
A Rússia está em declínio demográfico há diversas décadas, o que poderia ter impacto importante no seu futuro.Desde o ano 2000, os problemas ambientais da China, ligados à aceleração de sua economia se tornaram alarmantes; sua poluição atmosférica pode provocar um freio em seu rápido desenvolvimento.

Considerações
A emergência dos paises do BRIC no comércio internacional muda o clima de nossa economia sob diversos aspectos: concorrência em outros mercados, utilização e custos dos recursos.
Os prejuízos talvez sejam menos importantes caso as MPEs dos paises desenvolvidos estejam bem preparadas.
Neste contexto, elas poderiam mesmo descobrir oportunidades.No seio das empresas, uma mobilização de todos é necessária; neste caso todas as funções devem ser comprometidas. Não basta somente investir na robotização, mesmo tendo a possibilidade, é preciso muito mais.

Recomendações
Eis como vislumbramos o comprometimento de alguns departamentos da empresa:--A direção financeira deverá rever o patamar da sua rentabilidade, revisar os preços de custo sob três ângulos e discutir com os parceiros financeiros sobre os novos programas de modernização.
--A direção de vendas e de marketing deverá informar melhor a organização sobre a nova concorrência e também sobre a reação dos concorrentes já existentes.
--A direção de recursos humanos deverá revisar a repartição das tarefas a fim de ajudar a reduzir custos indiretos e baixar o patamar de rentabilidade.
--A direção de produção deverá identificar as medidas de melhoria e propor um programa de modernização; sobretudo não investir às cegas.
--A direção de compras deverá buscar novas economias e assegurar as fontes de abastecimento, caso necessário.
--Finalmente a direção geral e os acionistas deverão, além de coordenar todas as ações, rever o posicionamento estratégico da empresa e buscar todas as formas de ajuda possível de consultores, parceiros, associações de classe e,também de agencias governamentais.
--Quando o vendaval aparece na tela do radar, não basta chamar a sala de máquinas para acelerar os motores a fundo: Precisa-se alertar a equipagem e pedir a todo o mundo sua contribuição para enfrentar a tempestade.

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