Presença inquietante e ameaçadora de Bush na América Latina

A presença do presidente dos EUA, George W. Bush, já chamado de mensageiro de de tragédias, na América Latina preocupa latinos-americanos e norte-americanos, sobretudo porque tem sido amplamente divulgado os planos do Partido Republicano de ampliação das guerras nas quais aquele país mantém-se envolvido, por questões de disputas políticas internas, à medida em que a sucessão presidencial ganha corpo na mídia.
Ou seja, em função de disputas partidárias domésticas, os EUA, com hegemônica força militar e tecnológica sobre o mundo, abrem frentes de guerras em qualquer ponto do planeta, sob qualquer pretexto; há décadas que o país que está em guerra.
Na América do Sul, a administração Bush mira a região chamada Tríplice Fronteira, onde se dividem o Brasil, Argentina e Paraguai, para a qual o Pentágono tem plano de ataque pronto.
O americano Gore Vidal, escritor, implacável crítico do governo Bush, vive desmascarando o que ele chama, de ''a hipocrisia do poder''.
Segundo Gore Vidal, a administração Bush é tão extremista que seria capaz de começar a bombardear a Rússia, o Irã - simplesmente para desviar a atenção da outra guerra e para que o governo não se desmorone antes de tempo.
"Eles são especialistas em fabricar os pretextos para criar pânico e justificar nova frente de guerra", afirmou o escritor.
Gore acaba de visitar Cuba e lá foi entrevistado pela editora Rosa Miriam Elizalde, do jornal Juventude Rebelde .
A seguir, sselecionamos tópicos importantes da entrevista de Gore Vidal.

EUA, país totalitário em guerra permanente
A maioria dos americanos não tem informação sobre história, geografia, religião e o que ocorre no mundo.
A respeito do presidente Harry Truman, por exemplo, o que o americano sabe pe que homem pequenino e bonachão, que tocava piano.
O americano nada sabe sobre o secretário de Estado Dean Acheson, advogado internacional, que sabia de tudo, e que estava por trás do governo Truman.
Foi Acheson quem desenhou o Estado militarizado que surgiu em 1949, com a CIA incluída.
Tudo girou em torno de um documento: o Memorando número 68, de 1950, do Conselho de Segurança Nacional, que se manteve secreto até 1975, e resolveu que deveríamos estar perenemente em guerra contra alguém.
Lutaríamos contra o comunismo, embora este não nos ameaçasse. Estabelecia, de fato, guerra santa, como a que agora temos contra o terrorismo e o Islã, igualmente estúpida e irrelevante.
Truman era tão mau que o converteram em ídolo. Todos os ignorantes admiram Truman sem saber a razão.
Ele terminou com a república e nos colocou nesta onda de conquista.
Truman gritava para o povo que a União Soviética estava avançando. Dizia que a ex-URSS estava a ponto de tomar a Grécia, e que imediatamente depois iria à Itália, à França, e logo cruzaria o Atlântico.
Escutamos os ecos de Truman neste pequeno homenzinho de agora, o senhor Bush, que diz: ''Well, we can't fight them over there... we're gonna have to fight 'em over here... we're gonna have to fight'' (Temos de lutar contra eles lá, ou pelo contrário teremos que combatê-los aqui...).
Nenhum americano, porém, pode pôr em dúvida semelhante delírio sem que que o governo Bush, através da mídia comprada, não lhe coloque a etiqueta de antipatriota ou de imbecil.

Bush de Bagdá
Até uma criança de cinco anos poderia se dar conta de que a solução para o problema dos atentados terroristas é simplesmente policial.
Você não pode ter guerra sem país adversário.
Trate de explicar isto aos americanos; eles jamais entenderão, porque a maioria dos americanos nem sequer sabe o que é um país.
O governo Bush convenceu 80% do povo americano que Saddam Hussein e Osama Bin Laden funcionavam como mesma pessoa e que ambos nos atacaram no 11 de setembro.
Tudo é grande bobagem, grande mentira.
Não havia conexão alguma entre Saddam e Bin Laden, mas Bush queria invadir o Iraque, matar Saddam e iraquianos, completar o trabalho de seu pai e mostrar que ele era o mais audaz dos dois. Queria ser recordado como o ''Bush de Bagdá'', algo assim como um Lawrence da Arábia.

Presidente da fraude eleitoral
Se o povo americano tivesse verdadeira imprensa livre e alguns meios de comunicação alertas, Bush jamais teria sido eleito.
Ele é um ser incompetente. Já tivemos muitos presidentes bobos, mas Bush nem sequer sabe ler bem. Sem alguns de seus conselheiros ao lado, ele não pode responder a perguntas.
Bush não foi eleito em 2000.Al Gore, seu adversário, foi quem ganhou a eleição em 2000 pelo voto popular, com 600 mil votos a mais que Bush.
A intervenção da Corte Suprema e o truque na contagem dos votos falsificaram o resultado das eleições.
Do dia para a noite, viramos república presidida por Bush, república bananeira, sem bananas para vender.
Este é nosso maior problema agora.

Pretexto para novas guerras
A administração Bush é tão extremista, e há gente ali com a mente tão vazia, que seria capaz de começar a bombardear a Rússia, o Irã - simplesmente para desviar a atenção da outra guerra e para que o governo não se desmorone antes de tempo. Eles são especialistas em fabricar os pretextos para criar pânico e justificar nova frente de guerra.
Dois dias depois do 11 de setembro, alguém no governo disse: ''O problema não é se atacarão de novo, mas sim quando''.
Ali foi onde consolidou-se toda essa estupidez.

O que é necessário para restaurar a república?
Recuperar a grande advertência de Franklin Delano Roosevelt, nosso melhor presidente, no discurso inaugural de seu mandato, quando o país colapsava, o dinheiro escasseava e os bancos quebravam.
Ele disse: ''We have nothing to fear but fear itself'' (Não temos nada a temer, salvo o próprio medo). Essa é a base de nossa república.
Diria ao povo americano: ''Não te deixes enganar pelo medo. Há muita gente nos Estados Unidos que ganha dinheiro graças ao temor.
Esse é o trabalho dessa gente: assustar-te''.
Não estou a favor de revolução violenta agora, porque só resulta no oposto do que se procurava.
A revolução francesa deu ao mundo Napoleão Bonaparte, e Luis 16 não era tão mau quanto ele.
Creio, porém, que vamos ter revolução nos Estados Unidos devido ao colapso econômico.
Recentemente, grandes jornais estamparam em manchete que o exército rogava ao governo que lhe desse dinheiro.
Não há mais dinheiro para seguir fazendo o ridículo em Bagdá!
Mas o governo quer arrecadar o dinheiro de qualquer jeito, mas não à custa dos ricos.
Os ricos não têm a obrigação de pagar impostos.
As corporações tampouco.
Antigamente, 50% da receita dos EUA vinham dos impostos e dos lucros corporativos.
Agora pagam menos de 8%.
Os governos republicanos liberaram todos os seus amigos ricos de pagar impostos para que façam doações ao Partido Republicano, com o compromisso de que este seguirá dizendo mentiras ao país e difamando os patriotas, chamando-os de traidores.
Para eles, é magnífico truque do ponto de vista econômico, mas plano maligno para nós, os americanos. E isso nos desagrada.
Perdemos, no governo Bush, o Bill of Rights (Carta dos Direitos fundamentais) e a Carta Magna, na qual se sustentaram todas as nossas liberdades por mais de 200 anos. Não foi e nem será época divertida.

Golpe de Estado inédito nos EUA
No 11 de setembro houve golpe de Estado nos EUA, o primeiro em nossa história. Golpe no qual grupo de gente desonesta, de comitê petroleiro, usurpou o poder do Estado e derrubou o Congresso.
É fato único, e os detalhes darão forma, algum dia, a grande história. Isso é algo que o povo ainda não compreendeu, porque os americanos têm mentalidade muito simples: o que não conhecem ou não viram previamente, não existe.

Verdade sobre Cuba
O governo americano diz sempre que os cubanos detestam morar em Cuba.
Que todos morrem de fome. Inventam essas mentiras de que os hospitais são terríveis e que ninguém cuida deles.
Que os cubanos que adoecem vão à clínica Mayo, nos Estados Unidos. Não há mentira que nosso governo não nos conte quando fala de Cuba.
Nos EUA, a mentira é o idioma livre da nação. Sabe por que vou à televisão? Porque sinto que haverá alguém que me veja e me escute, e a quem eu possa falar sobre o que vi, sem intermediários tendenciosos.
Posso falar-lhes, por exemplo, dos maravilhosos planos médicos de Cuba.
Visitei uma escola de medicina, que se dedica a preparar médicos de muitos países para que ofereçam serviços comunitários aos pobres, algo que o sistema americano odeia.
A medicina nos EUA é preparada para agarrar todo o dinheiro que possa e gozar a vida no Tahiti, ou em outro lugar de férias, e esquecer das pessoas que sofrem. Estive conversando com oito ou nove pessoas de Nova York e Massachussets, que estudam medicina em Cuba.
Perguntei-lhe se a preparação que recebiam na escola de medicina de Cuba era mesmo tão boa como me haviam dito em Havana; eles me responderam que sim, que é melhor que qualquer outra escola que pudessem cursar nos EUA.
Por que não fazemos, nós próprios, o mesmo por nossa gente e pela saúde dos outros povos?
Os médicos cubanos estão nos lugares mais remotos, da África à selva amazônica.
Somente se restaurarmos a Constituição poderemos ter um país com aspirações e êxitos como os de Cuba.
Não acredite que, como americano, eu não sinta inveja do que vi em Cuba. Sou um grande patriota americano e tenho inveja do que vi em Cuba.

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