Receita contra a subserviência da economia brasileira: mercado global aberto à tecnologia nacional

Dimas de Melo Pimenta II
Economista, presidente da Dimep e diretor do Departamento Sindical (Desin) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp)


Cinco anos depois dos atentados ao World Trade Center (WTC) e ao Pentágono, nos Estados Unidos, o mundo continua exposto a riscos de ataques, sejam provenientes do terrorismo internacional ou da alta criminalidade que atinge algumas nações, dentre elas o Brasil.
Assim, não deve causar qualquer surpresa estudo da Forrester Research, companhia norte-americana de pesquisas, consultoria, dados e mediadora de comunidades em tecnologia, que revela: os investimentos corporativos em projetos de segurança deverão atingir US$ 11,2 bilhões até 2008 nos Estados Unidos e Europa, contra apenas US$ 1,1 bilhão em 2005.

De acordo com estudo da Confederação de Serviços de Segurança Européia (CoEES), especificamente nos 25 países da União Européia, o setor experimentou considerável crescimento nas últimas três décadas, tanto em relação ao número de companhias como no número de pessoal da segurança privada.
Na verdade, a mão de obra da segurança pública praticamente se iguala à mão de obra da polícia pública. O estudo aponta que uma em cada 500 pessoas está ligada ao setor de segurança pública.

Além do universo cibernético, essa onda de aplicação de recursos em segurança abrange o controle de acessos em empresas, órgãos públicos, sedes de entidades internacionais, embaixadas, consulados e condomínios residenciais.
Conforme se pode observar na análise dos mercados europeu, norte-americano e também o brasileiro, um dos focos dos investimentos tem sido a tecnologia de biometria de reconhecimento facial, palma das mãos, pupilas dos olhos e impressão digital, reconhecidamente de alta precisão e muito difícil de ser fraudada.

Esta vertente mais sofisticada da segurança, propiciada pela tecnologia de ponta, que controla com eficácia a entrada e saída de funcionários, visitantes e moradores, incluindo o ato de sua conexão aos sistemas de informática e tecnologia da informação (TI), soma-se a outro segmento do mercado que, igualmente, vem crescendo muito.
Trata-se da indústria da vigilância privada, setor que tem movimentado aproximadamente R$ 2 bilhões por ano no Brasil, envolvendo 1.500 empresas especializadas. Somente no Estado de São Paulo, existem 349 firmas legalizadas, que empregam mais de 100 mil vigilantes.

Todos esses números, além de evidenciarem o quanto a presente civilização ainda precisa avançar no combate ao crime (inclusive o organizado), à intolerância internacional e ao terrorismo, demonstram haver grande potencial no mercado da segurança, abrangendo, inclusive, a possibilidade de exportação.
E é preciso estar atento às oportunidades, até mesmo àquelas que emergem das crises e problemas, conforme aconselha sábio e milenar axioma chinês.

Certamente, o credenciamento das empresas ao ingresso, como fornecedoras, nesse promissor e crescente mercado nacional e internacional passa, necessariamente, pelo esforço no desenvolvimento de produtos, processos e tecnologia.
Claro que pesquisa e inovação ainda se constituem numa das lacunas dos setores produtivos brasileiros, considerando a persistência de considerável hiato entre estes e as universidades e centros geradores de conhecimento.
No entanto, em paralelo aos esforços no sentido de que mais cientistas e pesquisadores atuem no âmbito das empresas, como ocorre em numerosas nações vencedoras no mundo globalizado, é necessário o empenho individual de cada organização, visando a se credenciar à prospecção de mercados promissores.

Nesse sentido, também, é interessante aproveitar missões comerciais de entidades de classe, como a que a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) acaba de realizar à Itália, país com o qual o Brasil mantém comércio bilateral de US$ 5,5 bilhões por ano.
O exemplo é oportuno para demonstrar a necessidade de vencermos o estigma, herdado do colonialismo, de que é difícil vender bens com alto padrão tecnológico a nações do primeiro mundo, acostumadas a comprar commodities e produtos primários dos países em desenvolvimento.
Não só podemos como devemos acrescentar cada vez mais à nossa pauta de exportação itens com valor agregado. Esta, aliás, é a receita contra a subserviência e a favor da prosperidade da economia nacional.

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