Quando se pensa em uma região do mundo que esteja em pleno desenvolvimento, certamente o Oriente Médio não é a primeira opção a ser lembrada.
No entanto, estudo realizado pela Roland Berger Strategy Consultants*, maior consultoria estratégica da Europa, mostra que os países do Golfo Pérsico estão fazendo investimentos maciços para se tornar competitivos mundialmente.
Valores bem expressivos estão sendo aplicados em turismo, aviação, comércio, logística, serviços e na área financeira.
São mais de US$ 600 bilhões até o momento, investidos no Gulf Cooperation Council (GCC), que engloba Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Omã, Kuwait e Emirados Árabes Unidos. E não param por aí: a cada semana algum país da região anuncia a construção de um megaprojeto.
O mundo tem um novo centro.” Esta é a frase que enfeita os tapumes de uma gigantesca construção no meio de Dubai: o Dubai Mall, planejado para ser o maior shopping center do mundo. Lá também começa a ser desenhado o Dubai World Central, que promete ser o maior aeroporto em atividade, com um fluxo de passageiros superior a 70 milhões de passageiros em 2011 – capacidade combinada de Heathrow, em Londres, e do Chicago O’Hare, dois dos mais movimentados aeroportos da atualidade. A cidade também vai abrigar o edifício mais alto do planeta. Tudo para que a capital dos Emirados Árabes Unidos se consolide como o elo entre a Ásia e o Ocidente.
Nesse mesmo contexto, Omã é visto cada vez mais como um destino de luxo, que combina o charme oriental com a estabilidade política. O Catar tem feito seu nome no segmento de turismo de negócios e eventos com conferências de alto nível.
Esse é o cenário da região que quer deixar de ser deserta e passar a ser vista como o centro do mundo moderno.
A posição geograficamente favorável – entre a Europa e o Extremo Oriente – e imensas reservas de petróleo e gás dão aos países da região do Golfo vantagem natural e contribuem para esse desenvolvimento.
A importância do Oriente Médio para o comércio mundial também cresce constantemente.
O volume de artigos negociados somente com a Ásia quase dobrou entre 2002 e 2005: US$ 300 bilhões.
De acordo com cifras recentes, o porto de Dubai ocupa a nona posição em todo o mundo.
Um forte crescimento também é esperado para o comércio com a Europa.
Declarações de ambas as partes sugerem que a Comunidade Européia e o os países do Golfo assinarão em breve um acordo de livre-comércio.
E como as empresas brasileiras podem aproveitar essa tendência de crescimento do Golfo?
De acordo com a Roland Berger, entre os setores com grande potencial para realização de negócios, estão móveis e artigos de decoração, materiais de construção, tratores, veículos de transporte como ônibus e automóveis 4 x 4, aviões, têxteis e confecções, calçados, softwares, serviços de automação bancária e predial, cosméticos e produtos de higiene pessoal, fumo, jóias, bijuterias e pedras ornamentais, utensílios domésticos, produtos para pet shops, brinquedos e equipamentos médico-hospitalares, inclusive odontológicos.
E grandes marcas nacionais já estão investindo naqueles países, como a joalheria H.Stern, as redes de vestuário Marisol e Hering, a fabricante de cosméticos O Boticário e a fábrica de móveis de cozinha SCA, que já possuem pontos-de-venda na região.
“Oportunidade é o que não falta no Golfo Pérsico para as marcas brasileiras de consumo. Além dos consumidores locais, o crescente fluxo de turistas e executivos para a região também cria um grande mercado para as empresas”, garante George Freund, sócio da Roland Berger no Brasil.
PARA ONDE VÃO OS BILHÕES DE DÓLARES
Seleção dos principais megaprojetos na região do Golfo
US$ 33 bilhões: World Central Airport, Dubai
Maior aeroporto do mundo, incluindo transações de negócios e domésticas com 750 mil pessoas. O aeroporto vai combinar a capacidade de Heathrow (Londres) e Chicago O’Hare, dois dos mais movimentados aeroportos do mundo.
US$ 27 bilhões: King Abdullah Economic City, Arábia Saudita
Cidade completamente nova, com um dos maiores portos marítimos do mundo e que deve gerar 500 mil empregos.
US$ 27 bilhões : Bawadi, Dubai
Maior cadeia de hotéis do mundo, pretende dobrar a capacidade hoteleira de Dubai até 2016 e chegar a 29 mil leitos.
US$ 25 bilhões: Palms, Dubai
Construção de três orlas marítimas com palmeiras.
US$ 20 bilhões: Business Bay, Dubai
Construção de uma zona franca urbana de negócios com centenas de arranha-céus e a maior marina do mundo.
US$ 15 bilhões: Al Raha Beach, Abu Dhabi
Área residencial e de negócios para mais de 120 mil habitantes.
US$ 15 bilhões: Blue City, Omã
Nova cidade para 250 mil pessoas, projetada para atrair 2 milhões de turistas por ano.
US$ 5 bilhões: Port of Arabia, Ras Al Khaiman
Instalações turísticas e de lazer ao longo de 13 quilômetros de costa.
US$ 5 bilhões: Lusail Real Estate Development, Catar
Construção de casas para 200 mil habitantes.
US$ 4 bilhões: Railway Expansion Project, Arábia Saudita
Mais de mil quilômetros de novos trilhos entre a costa leste e a oeste.
*Presente no Brasil há cerca de 30 anos, a Roland Berger Strategy Consultants foi fundada em 1967, em Munique e Milão, e presta serviços a clientes no mundo.
Com 31 escritórios em 22 países e 1.700 funcionários, a empresa realiza projetos que enfocam temas relevantes de alta gestão empresarial e possui know-how em diversos ramos, como processos e alta tecnologia, varejo e bens de consumo, transportes, automotivo, serviços financeiros, serviços públicos (água, luz e gás), administração pública e saúde, química e óleos, farmacêutica e telecomunicações.
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