Hora da verdade na América Latina: Vaticano deve abrir seus arquivos sobre as ditaduras do Cone Sul

O ativista Martín Almada (foto), que, em 1992, descobriu os chamados “Arquivos do Terror”, documentos oficiais que revelam os abusos do regime militar de Stroessner, disse à agência EFE que a abertura dos arquivos vaticanos estaria em consonância com a colaboração que o Papa teve no julgamento pelo assassinato do bispo argentino Enrique Angelelli, no início do julho.


Além disso, eventual iniciativa do Vaticano no sentido de abrir os arquivos, viria alinhar-se com os trabalhos de países sul-americanos em busca da verdade do que ocorreu nos anos de chumbo no continente.

Quanto |à colaboração de Francisco no julgamento pelo assassinato do bispo Angelelli, é bom que se lembro que um tribunal argentino condenou à prisão perpetua do ex-general Luciano Benjamín Menéndez e do ex-comodoro Luis Fernando Estrella pelo assassinato de Angelelli, durante a última ditadura militar (1976-1983).

Angelelli faleceu em 1976 após capotar a caminhonete que conduzia pela rodovia de La Rioja, enquanto investigava o assassinato de dois sacerdotes e um leigo que estavam sob a mão de militares.

Uma das provas chaves apresentadas neste julgamento foi fornecida pelo Vaticano no mês passado quando, a pedido do papa Francisco, revelou-se uma carta e um relatório enviados por Angelelli a Santa Sé pouco antes de sua morte.

“O papa deu sinais claros de mudança, para que a Igreja católica se abra para a sociedade, que supõe abrir os arquivos para a consulta dos estudantes e pesquisadores sociais. Também solicitamos que tais arquivos diplomáticos sejam declarados pela UNESCO como Memória do Mundo”, disse Almada.

Stroessner manteve um regime militar personalista que se prolongou até 1989, no qual foram registrados um total de 425 desaparecidos ou executados pelas forças de segurança, além de cerca de 20 mil detidos, a maioria vítimas de torturas e abusos, como informou em 2008 a Comissão de Verdade e Justiça (CJV).

A Justiça do Paraguai condenou apenas um pequeno grupo de policiais por delitos durante a ditadura, em processos realizados pouco depois de seu fim.


Fonte: Religión Digital


 A tradução: Cepat.



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