Rumo ao desbloqueio: EUA revelam que Cuba tem grandes reservas de petróleo e gás

Já atuam na ilha as petrolíferas Repsol, da Espanha, Norsk-Hydro, da Noruega, Sherritt, e Pebercan, do Canadá, PetroVietnã, Patronas, da Malásia, PDVSA, da Venezuela, ONGC, da Índia, e a Petrobras

Marcelo Rech, especial de Havana
Diretor do Inforel


De acordo com o governo dos Estados Unidos, as reservas de petróleo e gás de Cuba no Golfo do México pode estar entre as maiores da América Latina.
Estima-se em 4,6 bilhões de barris de petróleo e 9,8 trilhões de metros cúbicos de gás; atualmente, Cuba importa 40% do combustível que consome.
No entanto, para o professor Jorge Mario Sánchez-Egozcue (foto), do Centro de Estudos dos Estados Unidos, da Universidade de Havana, “esse potencial em águas profundas vai exigir muito em investimentos que terão de ser feitos por grandes empresas em anos de pesquisas e investigações”.
Sánchez-Egozcue não acredita que o governo cubano esteja disposto a priorizar essa exploração: “Cuba estaria entre o oitavo e o sexto maior produtor de petróleo das Américas, mas o governo não tem pressa”.
Para se ter idéia de custos, a empresa espanhola Repsol paga US$ 100 mil diários pelo arrendamento de torre européia que lhe permite avançar nas pesquisas.
Além da espanhola, já atuam em Cuba a Norsk-Hydro, da Noruega, Sherritt, e Pebercan, do Canadá, PetroVietnã, Patronas, da Malásia, PDVSA, da Venezuela, ONGC, da Índia, e a Petrobras, do Brasil.
Outra alternativa cubana frente ao embargo econômico norte-americano é o turismo. O país tem capacidade para receber cerca 2,2 milhões de turistas anualmente, mas não possui infra-estrutura compatível.
Os turistas norte-americanos, de acordo com o Departamento de Estado, poderiam responder por 50% desse fluxo, mas o governo dos Estados Unidos controla a viagem de seus nacionais à ilha.

Quem desembarca em Cuba sem autorização é multado.
Recentemente, torcedores da seleção norte-americana disfarçaram-se para assistir à partida em que os norte-americanos derrotaram Cuba por 2 a 0, em Havana, pelas eliminatórias da Concacaf ao Mundial de 2010.
Tudo para não serem multados na volta; senhora de 70 anos que esteve em Cuba e percorreu o país em bicicleta, foi multada em US$ 70 mil.
Os cubano-americanos representam parcela importante desse turismo.
Eles vão à ilha para visitar parentes, mas desde 2004, os Estados Unidos só consideram “família”, pai, mãe, avós e irmãos e a freqüência permitida é de viagem a cada três anos.
“Creio que seria erro transformar o turismo numa das principais fontes de receita para Cuba. Não temos infra-estrutura para isso. Os turistas norte-americanos e europeus querem serviços e infra-estrutura de telecomunicações, de qualidade e isso não temos”, adverte o professor Sánchez-Egozcue.
América Latina é uma das apostas de Cuba
Para Rogelio Sierra Díaz, diretor de América Latina e Caribe do Ministério de Relações Exteriores de Cuba, a vontade política dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Raúl Castro, é responsável pelo alto nível das relações bilaterais e o fortalecimento das relações de Cuba com a América Latina.
Em novembro, Raúl Castro participou da primeira Cúpula América Latina e Caribe (CALC), e das cúpulas do Grupo do Rio e do Mercosul, em Salvador (BA), quando foi taxativo ao reafirmar o compromisso do país com a região.

Castro foi enfático ao destacar que Cuba não reivindica nem espera mudanças na Organização dos Estados Americanos (OEA), de onde foi expulsa em 1962.

O comércio entre Brasil e Cuba passou de US$ 200 milhões para US$ 500 milhões desde 2003 e é favorável aos brasileiros em US$ 100 milhões.

A aproximação permitiu, por exemplo, que o Centro de Engenharia Genética de Cuba firmasse parceria com a Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), no desenvolvimento de vacinas contra epidemias comuns na África.
Cuba enxerga no Brasil líder mundial na luta contra o embargo norte-americano à ilha.
Sierra Diaz destaca a postura do ministro Celso Amorim para quem “o Brasil quer ser o primeiro sócio de Cuba e não apenas no comércio”.

Para Rogelio Díaz, “a CALC é um espaço que deve ser fortalecida e que tem o respaldo de toda a região. Trata-se de um mecanismo autônomo sem a ingerência de nações extracontinentais”.

Atualmente, Cuba mantém relações com 30 das 32 nações latino-americanas. Com a Costa Rica há apenas um relacionamento consular e com El Salvador, nada.
O governo cubano espera restabelecer as relações diplomáticas com a posse de Mauricio Funes, eleito presidente salvadorenho em 15 de março.

A América Latina e o Caribe respondem por 40% de todo o comércio exterior de Cuba. Em 2005, o país recebeu 25 chefes de Estado dessa região.
Em 2007, foram 21 e no ano passado, 31.
No mês de dezembro, foi realizada em Santiago de Cuba, a Cúpula Cuba-Caricom que recebeu 14 presidentes.
“São expressões de que os tempos são outros, os anos 70 ficaram para trás. Esse fluxo torna sem efeito a norma da OEA, que também é a expressão de política absurda e anacrônica dos Estados Unidos de impor o isolamento de Cuba. Quem está isolado na América Latina são os Estados Unidos”, afirmou Díaz.
O diplomata destacou que os latino-americanos há muito não respeitam as normas impostas por Washington.
Na sua avaliação, “manter relações com Cuba é fortalecer a integração regional e a independência frente aos Estados Unidos”.

De acordo com o embaixador brasileiro em Havana, Bernardo Pericás, “a CALC formalizou a reinserção de Cuba na América Latina e o Brasil jogou um papel importante nesse contexto”.

Para o embaixador brasileiro, “Cuba sempre foi muito correta em suas relações com a América Latina e hoje colhe os frutos de política externa séria e competente”.

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