Países usam pretexto da crise para reduzir programas sociais e extinguir ajuda à campanha internacional contra pobreza e desigualdade no mundo
Da redação com agência Inter Press Service (IPS)
Falta dinheiro na campanha das Organizações das Nações Unidas (ONU) contra a miséria e fome no mundo, enquanto trilhões de dólares estão sendo mobilizados, nos quatro cantos do planeta, para salvar instituições financeiras.
O volume de dinheiro suficiente para acabar com a pobreza mundial é ridicularmente baixo e irrisório diante de recursos mobilizados na crise global de crédito.
O pior é que muitos países usam o pretexto da crise para reduzir programas sociais e e extinguir ajuda à campanha internacional contra a pobreza.
“É vergonhosa a situação em que vivemos. Há dólares à vontade para salvar os bancos e não há dinheiro para erradicar a indigência do mundo”, disse Marina Navarro, porta-voz, na Espanha, de mil organizações não-governamentais do mundo contra a fome.
Segundo ela, pode-se entender determinadas medidas para sair da crise econômica, provocada pela falta de controle no mercado financeiro dos Estados Unidos, mas as providências jamais devem ser à custa do aumento da fome, da pobreza e da desigualdade no mundo.
A afirmação da dirigente foi feita à IPS em Madri na celebração do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1993.
“O número de miseráveis no planeta aumentou em 50 milhões, superando a casa dos 900 milhões”, disse a ativista em referência aos resultados do primeiro dos oito compromissos com data-limite em 2015 assumidos pelos governos em 2000 na ONU.
Os compromissos incluem ações em prol de saúde, educação, igualdade de gênero, meio ambiente, desenvolvimento sustentável e comércio internacional.
A campanha da Aliança Contra a Pobreza objetiva que em 2015 se tenha reduzido pela metade a porcentagem de pobres e indigentes em relação a 1990.
Em termos gerais e graças ao crescimento econômico, as regiões em desenvolvimento, especialmente no continente asiático, conseguiram crescimento constante e sua taxa de pobreza baixou de 80% para 20% nos últimos 25 anos. Porém, segundo a ONU, na África subsaariana metade da população continua vivendo com menos de US$ 1,25 por dia, em média, valor, que, embora seja muito baixo, não é alcançado nesta e em outras regiões pobres do mundo.
O porta-voz da Coordenadora das Nações Unidas para o Milênio, David Ortiz, disse que aumentam as desigualdades com o crescimento concentrado da riqueza e que os países estão longe de cumprir as metas dos Objetivos do Milênio de 2015,
"Na América Latina cresceu consideravelmente a renda média nos últimos anos, mas aumentou a pobreza. Na África, cada dia há mais seres humanos extremamente pobres, enquanto uns poucos se tornam extremamente ricos. São situações intoleráveis“, disse Ortiz.
A italiana Marina Ponti, diretora da ONU na Europa, mobiliza a instituição para que o problema sensibilize os governantes.
"Não podemos ficar sentados diante da pobreza do mundo”, disse ela.
Para Sergio Marelli, presidente da associação das organizações não-governamentais da Itália, a atual situação econômica não justifica corte de recursos em programas sociais internos nem em campanhas internacionais contra a miséria humana.
"Os governos devem entender que o investimento na luta contra a pobreza tem retorno seguro, porque se apóia no desenvolvimento econômico mais racional e ordenado. O dever dos cidadãos é vigiar seus governantes e observar se cumprem as decisões em consonância com a vontade da humanidade, que é extinguir a miséria do mundo. Exigimos o cumprimento dos compromissos por parte dos Estados junto à ONU. Nossa critica é indiferente às ideologias governamentais ou à cor dos partidos políticos locais”, concluiu Marelli.
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