Petróleo sob o gelo

Erebus e Terror: caminho do Ártico
Canadá envia expedição ao Pólo Norte para provar que a riqueza do Ártico pertence-lhe historicamente


Por Luciana Sgarbi
Da revista IstoÉ

Quando o candidato democrata a presidente dos EUA, Barat Obama, promete, em campanha eleitoral, a acabar, em 10 anos com a dependência norte-americana do petróleo do Oriente Médio, ele mira duas enormes fonte de óleo e gás, além da produção de energia alternativa do biocombustível.
O primeiro foco de Obama é o petróleo sob o Alaska, mas o grande trunfo está no Pólo Norte.
Segundo a agência governamental norte-americana US Geological Survey, 25% das reservas mundiais de petróleo estão localizadas a norte do círculo polar.
Trata-se de novo eldorado que os países costeiros (Rússia, EUA, Canadá, Noruega, Dinamarca, Finlândia, Suécia e Islândia) podem reivindicar o direito de exploração. Ali estão dez bilhões de toneladas de petróleo e gás, ou seja, um quarto das reservas de todo o planeta, o equivalente a 400 bilhões de barris.
As reservas da Arábia Saudita, atualmente o maior produtor mundial, são de 262 bilhões.
Localizado em águas internacionais, o Pólo Norte, na verdade, pertence a todo o mundo – portanto, não é particularmente de ninguém.
Ele está sob a tutela da Convenção Internacional do Direito do Mar (órgão da ONU), que declara serem os fundos marinhos, situados além das jurisdições nacionais, "patrimônio comum da humanidade".
Grupos petrolíferos norte-americanos já articulam com empresas e governos dos países costeiros ao eldorado, o início de trabalho conjunto de localização e dimensionamento da riqueza petrolífera.
Obviamente, a disputa tende a acirrar-se no dimensionamento do quinhão de cada país limítrofe à área, mas também pesa a história de tentativas de conquista do território e o Canadá
afirma ter direito a boa parte do petróleo que está sob o Ártico. alegando que os canais que formam a Passagem Noroeste estão em sua área territorial.
Segundo a convenção, cinco países com territórios dentro do Círculo Ártico (Rússia, EUA, Canadá, Noruega e Dinamarca) estão limitados a zona de controle econômico de 320 quilômetros ao longo de sua costa.
O Canadá, no entanto, diz ter direito a porção maior e, para tentar comprovar a sua tese, envia agora expedição em busca de vestígios de navios do século XIX que teriam usado misteriosa rota à qual o país diz ter direito.

Era o ano de 1845 quando o inglês John Franklin e mais 128 homens, sob seu comando e a bordo dos navios Erebus e Terror, foram vistos pela última vez ao tentarem encontrar a mítica Passagem Noroeste, capaz de encurtar a rota entre Atlântico e Pacífico.
Eles desapareceram e até hoje esse é um dos grandes mistérios da conquista do Ártico.
Essa tal rota jamais pôde ser explorada por causa das calotas polares, mas, agora, como as geleiras estão derretendo em decorrência do aquecimento global, torna-se mais viável a possibilidade de se explorar a região.
Passados 150 anos, a Passagem Noroeste parece mais acessível do que nunca e há estimativas de especialistas de que até o verão de 2015 toda a sua área estará degelada.
O envio da expedição foi anunciado pelo ministro do Meio Ambiente do Canadá, John Baird, com ares triunfais e bom humor: "Somos capazes de rivalizar com as aventuras de Indiana Jones", disse.
O principal objetivo da missão é desvendar o mistério do desaparecimento dos navios de Franklin, uma vez que, se forem encontrados vestígios das embarcações e ficar provado que ele de fato explorou a região onde hoje se sabe haver petróleo, é considerável ponto a mais para o governo canadense afirmar que o Ártico é seu.

Ler original em

http://www.terra.com.br/istoe/edicoes/2026/artigo100373-1.htm

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