EUA têm no mundo mais de dois milhões de soldados, com os maiores e mais sofisticados equipamentos, o melhor treinamento e remuneração militar mais elevada do planeta, segundo Leujane Mihran (foto)
A polêmica IV frota da Marinha norte-americana começou a operar no dia 9 de agosto, quando o USS Kearsarge partiu de Miami em direção à Nicarágua. Nesta primeira missão, que durará quatro meses, o navio percorrerá seis países centro-americanos, caribenhos e sul-americanos.
Os EUA, com o maior e mais poderoso exército da terra, têm mais de dois milhões de soldados, espalhados em todos os continentes, são os que detêm os maiores e mais sofisticados equipamentos, a maior tecnologia, o melhor treinamento e seus soldados – todos profissionais – são os melhores remunerados no planeta.
Segundo Lejeune Mirhan, estudioso do assunto e presidente do Sindicato dos Sociólogos do Estado de São Paulo, os EUA têm sete frotas navais.
A polêmica Quarta funcionou entre 1943 e 1950; as outras encontram-se no momento nas seguintes localidades: Terceira – Norte e Leste do Pacífico; Segunda – resto do Atlântico Norte, costa Leste dos EUA e Oeste da África; Quinta – fica constantemente no Golfo Pérsico vigiando o estreito de Ormutz; Sexta – No mar mediterrâneo e a Sétima – Oeste do Pacífico e todo o Oceano Índico.
Quanto ao potencial que essas frotas navais possuem, Lejeune diz que não só armamentos nucleares são deslocados no mar: pela média, cada frota leva até 120 aviões, até 60 tanques, três submarinos nucleares, 12 navios de escolta (cruzadores, contratorpedeiros ou destróieres).
"O mais surpreendente é a capacidade de bombardeio. Sabe-se que qualquer ponto na terra, em nosso planeta, pode ser atacado por avião norte-americano em até 90 minutos, saindo de porta-aviões, que são as naus capitânias das frotas navais. Ataque dessa natureza, ordenado pelo presidente dos EUA, poderia ocorrer sem que aeronave supersônica norte-americana precisasse aterrisar em terra ou reabastecer. Levanta-se vôo, ataca-se e volta-se à base, no porta-aviões nuclear", diz o pesquisador.
A sede central da Quarta Frota será na cidade portuária de Maryland. Ainda que a frota não esteja completa em sua formação total, nessa cidade existem pelo menos 21 grandes navios estacionados e seis esquadrões de helicópteros da marinha americana. A frota, do ponto de vista operacional, deverá estar subordinada ao Comando Sul dos Estados Unidos (United States Southern Command).
O novo comandante dessa frota será o contra-almirante Joseph Kernan, que antes havia chefiado as chamadas Forças SEAL, especializadas em missões antiterroristas e especiais. Para Lejeune, a razão do foco militar norte-americano na América Latina é a onda progressista que vive o continente.
"Após a onda neoliberal que quase devastou a América do Sul, temos presenciado vitórias de governos progressistas na região; alguns mais à esquerda, outros ao centro esquerda, mas, a verdade é que o povo latino-americano vai dando basta às privatizações, à precarização do trabalho, às demissões, aos desmandos e ao autoritarismo por aqui vividos por décadas seguidas.
Além disso, temos as recentes descobertas dos mega campos petrolíferos na costa brasileira, a mais de 300 quilômetros mar adentro e abaixo da plataforma continental, em áreas que os técnicos vêm chamando de pré-sal".
Lejeune lembra que o primeiro presidente da região a questionar a reativação da Quarta Frota foi Lula; posteriormente, praticamente todos os chefes de executivos sul-americanos criticaram a iniciativa do governo dos EUA e duvidaram dos propósitos pacifistas alegados pelo staff da Casa Branca.
"De minha parte, tenho claro que os propósitos são claramente intimidatórios. São recados, sinais que os EUA enviam a todos nós, de que estão atentos ao desenrolar dos acontecimentos políticos do subcontinente. Uma clara ameaça no ar contra todos os nossos povos. Como já se disse, um império, em sua fase de decadência, vai ficando cada vez mais agressivo e mais guerreiro.
De nossa parte, devemos nos precaver, denunciar, usar nossa diplomacia para desmascarar as boas intenções dos americanos, que escondem suas verdadeiras intenções de manter a sua dominação de todos os nossos povos.
Mas, serão derrotados em seus objetivos", afirma Lejeune, que é também escritor, arabista e professor membro da Academia de Altos Estudos Ibero-Árabe de Lisboa, membro da International Sociological.
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