Lugo anuncia medidas que atingem interesses da minoria rica do Paraguai

TV Globo destaca compromisso em renegociar Itaipu com o Brasil e omite programa do novo governo que deverá mudar a vida do país vizinho

Lula e demais presidentes sul-americanos levaram
solidariedade ao presidente Lugo, que enfrenta
o desafio de tirar o seu povo da miséria gerada
por décadas de domínio da oligarquia local

O ódio direitista, elitista e retrógrado da tv Globo contra conquistas populares na América Latina repete-se consistemente a cada notícia nas casas de milhões de brasileiros e, ao divulgar a posse do presidente do Paraguai, Fernando Lugo, não poderia ser diferente: os apresentadores dos telejornais da emissora limitaram-se a informar que Lugo assumia o cargo com o compromisso de campanha de renegociar o contrato da hidrelétrica binacional de Itaipu.
A tv Globo omitiu que a proposta de governo que elegeu Lugo representa revolução em país estancado, com Estado mergulhado em inércia inoperante, fruto de mais de seis décadas de domínio de grupos liderados por empresários e políticos de perfil ideológico semelhante aos que aqui no Brasil dão sustentação à mídia corporativista integrada pelo grupo Globo.
A tv Globo escondeu também que Lugo, antes de tomar posse, anunciou medidas que atingem diretamente
os interesses da classe dominante local: aumento de impostos, aplicação da política fiscal, reforma agrária – cerca de 200 famílias possuem 70% das terras do país –, ataque ao contrabando e melhora nas condições de vida de funcionários públicos e policiais para atenuar outro câncer disseminado na sociedade paraguaia que é a corrupção.
"O dia de hoje marca o fim do Paraguai elitista e secretista, famoso pela sua corrupção", disse Lugo à multidão reunida em frente ao congresso paraguaio.
"Esta mudança não é apenas questão eleitoral. A mudança no Paraguai é mudança política, talvez a mais importante na história do país", acrescentou ele.
Na área rural, além de dar propriedades aos camponeses sem-terra para ajudá-los a sair da pobreza e da fome, Lugo aumentará os impostos de exportação, especialmente sobre a soja; o Paraguai é o quarto maior exportador mundial deste grão e mais de um terço da população passa fome.
No âmbito político, a proposta de Lugo é unificadora, ao invés de ser arrastado para a lama que caracteriza a política paraguaia.
O presidente sabe, e tem dito isto, que terá de ser capaz de formar coalizões, fazer acordos e buscar aliados que o ajudem a implementar a sua agenda política.
Quanto à renegociação de cláusulas desfavoráveis do contrato da usina hidrelétrica de Itaipu, esta é questão considerada importante por quase todos os paraguaios – menos pela classe dominante e por ex-dirigentes do país, que se beneficiaram descaradamente (e continuam beneficiando-se) dos acordos com os militares brasileiros, na época de fortes ditaduras em ambos os países.
Lugo deverá acertar com o Brasil e Argentina aumento no valor que recebe pela energia vendidas nas hidrelétricas de Itaipu e Yacyretá, sobre o Rio Paraná, que corta os três países.
"Iremos até nossos pares para que essas causas nacionais transformem-se em causas binacionais de solidariedade, que revelem a consciência de futuro compartilhado", afirmou Lugo.
A tv Globo, na prática de divulgar apenas o que lhe interessa, omitiu também que o presidente Lula já reconheceu a necessidade dessa renegociação, a exemplo do diálogo mantido com o governo de Evo Morales, na Bolívia, que obteve exploração mais justa para o gás e petróleo daquele país, apesar da oposição da direita brasileira, com apoio da mídia corporativista, liderada pela tv Globo.

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