Reativação da Quarta Frota dos EUA para policiar América Latina causa indignação

Simon, Suplicy e Cristovam: indignação do Congresso, que quer ouvir o embaixador norte-americano sobre comportamento belicista na AL

Senadores dizem que não há assunto interno da América Latina que sirva de pretexto para iniciativa militar dessa natureza por parte dos norte-americanos

Por Marcelo Rech
Do site inforel@inforel.org

Os senadores Eduardo Suplicy (PT-SP), Cristovam Buarque (PDT-DF), Pedro Simon (PMDB-RS) e João Pedro (PT-AM), estiveram com o embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Clifford Sobel, e rechaçaram a reativação da Quarta Frota da Marinha norte-americana que vai patrulhar as águas latino-americanas.
Além de manifestarem o desagrado do Brasil e a preocupação do Legislativo, os senadores pediram ao diplomata que leve a posição do país aos candidatos presidenciais Barack Obama e John McCain
De acordo com
João Pedro (foto), foi feito pedido para que a Quarta Frota não venha, por absoluta falta de necessidade.

"A notícia de recriação dessa frota teve repercussão muito negativa em toda a América Latina e estranhamos que a decisão tenha sido tomada já no final do governo Bush e num momento de tranqüilidade política na região”, acrescentou o parlamentar.
Para os senadores, não há nenhum assunto interno
da América Latina que sirva de pretexto para uma iniciativa militar dessa natureza por parte dos Estados Unidos.
“Somos capazes de resolver nossas divergências com tranqüilidade, como já demonstramos recentemente quando do incidente envolvendo Equador e Colômbia”, enfatizou Simon.
Há três meses o governo dos Estados Unidos informou que a Quarta Frota naval voltaria a navegar pelos mares da América Latina a partir deste mês, com um dos mais avançados porta-aviões, equipado com mísseis nucleares.
A frota está baseada em Mayport, Flórida.

O embaixador Clifford Sobel rebateu as críticas e garantiu que a Quarta Frota não contará com navios permanentes e suas atividades serão focadas na ajuda humanitária, com a assistência à vítimas de desastres naturais e o combate ao narcotráfico.

Sobel não convenceu os senadores e o assunto poderá ser discutido em audiência pública no Congresso.

O embaixador ouviu que a marinha norte-americana atuou nos eventos que antecederam o golpe militar de 1974, conforme relatou em livro o então embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Lincoln Gordon.
Gordon explicou que vários navios dos Estados Unidos permaneceram próximos à costa brasileira para apoiar os militares golpistas em casa de uma reação das forças fiéis ao governo.
Suplicy lembrou ao embaixador que Brasil e Estados Unidos mantêm relações muito boas com a região, apesar de divergências pontuais, como no caso da guerra da agressão militar norte-americana ao Iraque.

Para Simon, a decisão dos Estados Unidos causa ainda mais preocupação por ter sido tomada no momento em que o Brasil anuncia a descoberta de gigantescas reservas de petróleo em águas profundas do Atlântico e a 300 Km do litoral brasileiro, que podem produzir até 100 bilhões de barris.

A Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional do Senado, aprovou requerimento do senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) (foto), para que o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e o embaixador dos Estados Unidos, Clifford Sobel, sejam convidados a falar sobre a reativação da Quarta Frota da Marinha norte-americana.
Inácio Arruda considera essencial que as autoridades expliquem por que a Quarta Frota monitora o Atlântico Sul.
Para Romeu Tuma (PTB-SP), é preocupante que o anúncio tenha sido feito logo após o Comandante da Marinha, Almirante Julio de Moura Neto, ter reconhecido publicamente as dificuldades operacionais da Marinha.


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