Iniciativa estimulará o regresso dos estudantes estrangeiros para países de origem, com parte dos cursos sendo à distância
O presidente Lula está muito entusiasmado com a idéia de criar-se universidade voltada para os países lusófonos, disse o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. "Ele quer a universidade operando em 2010.
Isso vai contribuir muito para maior integração dos nossos povos", disse Amorim.
De acordo com o ministro, o objetivo é atender as necessidades dos países mais pobres da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e a iniciativa pode ser anunciada por Lula já na próxima cúpula da organização.
O projeto está sendo finalizado e deve ser enviado ao congresso no próximo mês.
A previsão é que a Universidade da CPLP (UniCPLP) ou Universidade da Integração Luso-Afro-Brasileira – o nome ainda não está definido - comece a funcionar em 2010. Segundo o secretário de Ensino Superior do Ministério da Educação, Ronaldo Mota, a determinação para criar a provisoriamente denominada UniCPLP veio do próprio presidente.
Esta é a segunda universidade anunciada pelo atual governo com o objetivo integrar o Brasil a outras nações.
A primeira, em 2007 e que começa a funcionar no próximo ano, é a Universidade Latino-Americana, construída em Foz do Iguaçu, na fronteira com Argentina e Paraguai.
Nesse projeto, as línguas portuguesa e espanhola serão partilhadas: metade dos alunos será de brasileiros e a outra metade da América Latina e do Caribe.
Para participar do corpo docente, brasileiros e latino-americanos poderão se candidatar em igualdade de condições.
"A UniCPLP tem similaridade com a Universidade Latino-Americana, mas os olhos do projeto estão voltados para a África", disse Ronaldo Mota.
A língua será única, aproveitando o idioma comum dos oito membros da CPLP – Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste –, e a formação de professores vai ser prioridade. Será dada ênfase também às carreiras que os países africanos têm mais interesse, como licenciatura em Ciências da Saúde, Física, Biologia, Engenharia, Tecnologia, Administração e Agronomia.
"A UniCPLP pretende ser absolutamente inovadora do ponto de vista acadêmico, com projetos políticos pedagógicos próprios, que levem em conta algumas peculiaridades", destacou o secretário.
Uma dessas peculiaridades, segundo Mota, é estimular o regresso dos estudantes estrangeiros para seus países de origem, com parte dos cursos sendo ministrada no Brasil e a outra parte à distância.
"Vamos coordenar simultaneamente um conjunto grande de pólos de educação à distância na África, não estando excluída do projeto a participação de outros países africanos fora da CPLP", destacou Ronaldo Mota.
A meta é chegar a 10 mil estudantes quando a universidade estiver funcionando plenamente. A sede já foi escolhida: Redenção, a 66 quilômetros de Fortaleza.
O Ceará é o estado mais próximo de Portugal e da África.
A escolha é simbólica porque a cidade é conhecida como uma das primeiras do Brasil a abolir a escravidão.
O governo do Ceará, que tem grande interesse no projeto, já doou terreno de 42 hectares para a construção da universidade, que será custeada pelo governo brasileiro.
"Operacionalmente, a construção é mais fácil se executada por apenas um país. Depois abriremos para a cooperação com outros países da CPLP, com quem queremos ter laços estreitos, especialmente com Portugal", disse o secretário de Ensino Superior.
Ronaldo Mota destacou a importância da interação da UniCPLP com outras instituições de educação superior de língua portuguesa.
"Vamos ter futuro muito melhor do que foi o passado e está sendo o presente no que diz respeito à integração acadêmica. Queremos educação integrada e de alta qualidade", declarou.
O custo do projeto não está definido, porque depende de alguns pontos, como as carreiras que serão oferecidas pela universidade.
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