Somente no Mato Grosso, investidores externos possuem 754 mil hectares; Amazônia apresenta-se com propensão maior à ampliação de grandes territórios nas mãos de estrangeiros
Agência Brasil
Números do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) mostram que estrangeiros são donos de mais de 3,8 milhões de hectares de terra no Brasil. Somente em Mato Grosso, os investidores internacionais têm aproximadamente 754 mil hectares, divididos em 1.377 propriedades rurais; seguem na lista São Paulo e Mato Grosso do Sul, Estados em que os estrangeiros têm, respectivamente, 504 mil e 423 mil hectares.
Diante do quadro, a Advocacia-Geral da União (AGU) já trabalha na elaboração de um parecer para limitar a compra de terras brasileiras por estrangeiros, como estratégia de defesa da soberania do país. A lei federal existente é pouco restritiva e movimentos sociais consideram a concentração estrangeira inadmissível em um país com demandas camponesas não atendidas.
"É incoerência, injustiça e imoralidade. Como se não bastasse a concentração de terras nas mãos de poucos brasileiros, outra parte que poderia ser destinada à reforma agrária está com não-brasileiros", criticou, em entrevista, o padre Dirceu Fumagalli, coordenador nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT).
Favorável ao endurecimento da legislação, o padre Fumagalli avalia que a presença crescente de estrangeiros no meio rural pode ter conseqüências mais graves na região amazônica.
"A Amazônia, por estar no foco do embate da questão ambiental, tem propensão maior à ampliação de grandes territórios nas mãos de estrangeiros", disse. Para ele, a preocupação é porque o primeiro impacto se dá sobre as comunidade tradicionais. Quem também defende providências imediatas do governo para conter a ocupação de terras nacionais por estrangeiros é o deputado federal Anselmo de Jesus ( PT-RO), coordenador da Frente Parlamentar da Agricultura Familiar.
"Temos que colocar regras mais duras, como existem em outros países, e isso tem que ser para já. Precisamos de políticas mais voltadas para atender as necessidades de quem vive na região e assim ela ficará protegida", afirmou o deputado.
Natural da Amazônia, o parlamentar diz que o governo e a sociedade brasileira precisam se conscientizar da necessidade de atuar juntos para proteger a região, superando descaso histórico.
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