Expedição russa finca bandeira no fundo do Oceano Ártico


A árdua disputa por bilhões de toneladas de petróleo, gás e outras riquezas minerais da região

Gilberto Barros Lima
Acadêmico em Relações Internacionais do Instituto Blumenauense de Ensino Superior, Blumenau (SC)

Análise elaborada pelo explorador Paul Reynolds destaca nova corrida pelo ouro na região do Ártico, localidade onde se afirma a existência de reservas petrolíferas com a capacidade de 10 bilhões de toneladas, gás e outros minerais.
Entre os competidores desta corrida universal, a Rússia tomou a dianteira afirmando categoricamente que o Oceano Ártico é território russo; a ousadia foi liderada pelo parlamentar e famoso explorador Artur Chilingarov ao fincar no leito oceânico ártico a bandeira russa.
O ato faz lembrar o episódio da conquista do solo lunar pelos americanos que fincaram a bandeira americana naquele planeta.
A arriscada expedição russa foi efetuada por dois mini-submarinos (MIR-I e MIR-II) que atingiram o fundo do Oceano Ártico, à profundidade de 4,2 quilômetros, em inédita missão, que tem a finalidade de comprovar a extensão geológica da cadeia de montanhas submarinas considerada da Rússia, estimada em 2 mil quilômetros de extensão.

Nas palavras de Chilingarov, o motivo principal é que a região explorada faz parte da extensão da plataforma continental russa, conhecida como a Cordilheira de Lomonsov.

Chilingarov destaca o sucesso da expedição, dizendo que “nós enfrentamos a mais dura e arriscada missão, descer as profundezas, até o leito do mar, no mais inóspito dos oceanos, onde ninguém foi antes, e ficar de pé no meio do oceano com os nossos próprios pés”.
Desde 2001, a Rússia lançou pedido formal para a Comissão de Limites da Plataforma Continental das Nações Unidas, que decidiu o reenvio da solicitação russa.
Cabe enunciar que a Convenção das Nações Unidas (1982) sobre o Direito do Mar através do artigo 76 decreta que um Estado pode reivindicar até 200 milhas náuticas definidas como “zona exclusiva”, entretanto, o mesmo artigo considera que os Estados tem direito até 150 milhas náuticas ao leito do mar, desde que a medição basilar dessas distâncias dependa do término da plataforma continental.

No parecer da Rússia, a colocação da bandeira de titânio em cápsula de metal, no leito do Oceano Ártico, foi considerada gesto simbólico, para alguns saudosos trouxe novo sentimento de nacionalismo, adormecido desde a extinção do poderio soviético; contudo, para outros Estados, como o Canadá e EUA, a interpretação não foi correspondida da mesma forma, inclusive a resposta imediata foi à proposta da construção de navios patrulha para serem enviados à região.

A disputa russa pelas riquezas naturais da região foi acirrada pelo constante derretimento da camada polar; na continuidade do fenômeno, a exploração dos recursos naturais será facilitada.

O acontecimento das mudanças climáticas foi previsto anteriormente pelos pesquisadores internacionais; previa-se que os impactos ambientais sobre o Ártico derreteriam a camada polar com maior rapidez, devido ao aquecimento global.

A partir dessas previsões, a Rússia lançou a ofensiva na obtenção da área requisitada pelas explorações de Chilingarov, para tentar impedir que, após o derretimento da camada polar, o novo trecho possa servir de rota de navegação para outros países explorarem os recursos naturais que pertenceriam, no ponto de vista do explorador, ao território russo.

De qualquer forma, os Estados Unidos ressaltam, através de mapeamento geológico, que, na região do Ártico, está localizado um quarto das fontes energéticas mundiais, e nenhuma plataforma continental estende-se até os limites do Pólo Norte; até mesmo porque a área é administrada pela Autoridade Internacional de Fundos Marinhos.

A questão territorial está cercada de diversas disputas, na perspectiva do reconhecimento das riquezas naturais do Oceano Ártico.
Além da Rússia, os EUA, Canadá, Noruega e Dinamarca competem-se sobre outros direitos na região ártica. A Rússia prossegue na tentativa de posse da região do Oceano Ártico, buscando de todas as formas os direitos legais anteriormente reivindicados à Comissão de Limites da Plataforma Continental das Nações Unidas, que persiste em adiar a delicada situação.

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