Geórgia versus Rússia: Bush tentou começar briga com Putin e Putin bateu na cabeça dele com taco de beisebol
John Hemingway Escritor, tradutor e historiador, formado pela Universidade da Califórnia (UCLA)
Você não gosta disso? Você não gosta da suprema ironia de tudo?
Exatamente na abertura dos Jogos Olímpicos em Beijing, o pro-ocidente governo da Geórgia decide iniciar ofensiva contra sua quase inteiramente independente província de Ossétia do Sul.
Declarando que suas tropas estavam bombardeando a capital da Ossétia para “restaurar a ordem constitucional”, o exército georgiano matou mais de 1500 pessoas e basicamente demoliram Tskhinvali.
Entre os que morreram, enquanto o mundo assistia soprano inglês em Beijing cantar “você e eu, de um só mundo, coração a coração, nós somos uma família”, estavam dez soldados russos estacionados em posto de “observação da paz” na província.
Moscou não gostou e colunas de tanques e artilharia pesada logo começaram a avançar através da fronteira em defesa da população de maioria russa.
A Geórgia declarou guerra à Rússia e implorou a intervenção dos EUA e da União Européia de algum jeito.
O presidente georgiano declarou que seu país estava “olhando com esperança” para os Estados Unidos.
A confrontação armada com a Rússia, ele declarou, “não é mais sobre a Geórgia, é sobre a América, seus valores …a América defende e apoia as nações que amam a liberdade. Isto é o que a América faz”.
Eventualmente, assim que a Rússia derrotou o exército da Geórgia, treinado por americanos e israelenses, o Kremlin concordou com cessar-fogo proposto pela União Européia.
A Geórgia não tinha escolha a não ser concordar com os termos humilhantes de Putin e nesse ponto eles podem esquecer qualquer idéia de retomar o controle sobre as duas províncias que estão se separando.
Era, e ainda é improvável, que alguém venha a ajudar a Geórgia.
Além da incrível (e hipócrita) ameaça de Bush aos russos de que “invasões de nações soberanas” não seriam toleradas no Século 21 (ele convenientemente esqueceu de falar sobre o Iraque e Afeganistão), os georgianos podem esperar pouco de seus aliados da OTAN.
Na nova guerra fria da América contra a Rússia, a Georgia e seu exército são apenas peões no Grande Jogo.
Desde o fim da União Soviética, nos anos 90, as administrações dos EUA têm cultivado tensões regionais no Cáucaso, além do esforço para ganhar o controle sobre os recursos estratégicos de petróleo na região.
Promover a admissão da Geórgia como membro pleno da OTAN era parte do plano.
Encorajar e depois reconhecer a declaração unilateral de independência de Kosovo da Sérvia foi o recado direto ao mundo e especialmente à Rússia.
“Nós ainda controlamos o mundo”, os Neocons parecem estar falando a Putin, “e nós podemos cercar você com estados que são nossos clientes, como a Georgia, ou criar “protetorados independentes” em Kosovo e Afeganistão e vocês não podem fazer droga nenhuma”.
O risco, claro, é que os russos eventualmente podem reagir e se o fizessem a intensidade do seu contra-ataque colocaria em xeque os Neocons e suas fracassadas estratégias.
Bush, o rico, o idiota alcólatra, tentou começar briga com Putin e Putin bateu na cabeça dele com taco de beisebol.
Todo mundo tem seus limites e assim como é fácil provocar guerra, quando a matança começa, você nunca sabe onde ela vai acabar.
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