Outros textos sobre migração

1.Emigrantes remetem menos dinheiro ao Brasil
Os Emigrantes brasileiros no mundo mandaram menos dinheiro ao Brasil em 2007 (US$ 7,1 bilhões) do que em anos anteriores (sempre no patamar de US$ 7,3 bilhões).
Segundo o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a queda aconteceu só no Brasil, e não em outros países América Latina, porque o forte crescimento da economia brasileira está desestimulando a imigração, ao criar mais oportunidades de trabalho internamente, e a queda do dólar está desestimulando os imigrantes a mandar dinheiro dos EUA para o País.
"A notícia do declínio (nas remessas) é boa para o Brasil", disse Donald F. Terry, gerente do FOMIN, o fundo do banco multilateral que prepara o estudo sobre remessas anualmente desde 2000.
Ele estima que mais centenas de milhares de imigrantes brasileiros nos EUA estão decidindo deixar o país e voltar à terra natal, acrescentando que em Massachusetts, onde reside, a queda é mais sensível, do salão de cabeleireiro que tem menos movimento à agência de viagens que só está vendendo passagens de volta ao Brasil.
Os EUA continuam sendo a principal fonte de remessas ao Brasil, com pouco mais de US$ 4 bilhões enviados ao ano, seguidos pelo Japão, com mais de US$ 2 bilhões, e de Portugal, com entre US$ 500 milhões e US$ 700 milhões, disse Terry.
Os imigrantes mandaram US$ 66,5 bilhões do mundo todo para a América Latina em 2007, 7% a mais que no ano anterior, o que demonstra desaceleração no ritmo de crescimento do envio de remessas, que costumava aumentar acima dos dois dígitos anualmente.
Em 2006, o envio de remessas cresceu 16%, para chegar a US$ 62,3 bilhões, e esse crescimento foi ainda maior, de 25%, em 2005.

2. Como os brasileiros nos EUA enfrentam a crise local
Entre os quase 1,5 milhão de brasileiros residentes nos EUA não há apenas empregados formais e informais; milhares são pequenos e médios empresários.
Segundo dados do Censo 2000 americano – a pesquisa é atualizada a cada dez anos – há quase 40 mil negócios geridos por brasileiros no pais, em serviços e varejo, desde salões de beleza a supermercados ou empresa de remessa de dinheiro, que são duplamente afetados pela crise.
Primeiro, porque há menos dinheiro em circulação, devido à queda do consumo; segundo, há o fato de muitos brasileiros, clientela maior do nicho ocupado pelos patrícios, estarem voltando para o Brasil.
Professor da Universidade de Massachusetts, Carlos Eduardo Siqueira lembra que a economia americana, apesar de seu tamanho, não é paraíso.
"Há momentos de recessão, como o que estamos vivendo agora, que podem abalar qualquer empresa. O governo ajuda os pequenos empresários nessas horas, com incentivos financeiros, mas a crise é significativa. Tivemos outras ocasiões de aperto recente, primeiro com a bolha da internet e, depois, com os atentados ao World Trade Center", diz ele.
Fausto Rocha, diretor-executivo do Centro do Imigrante Brasileiro (CIB), acrescenta terceiro fator: a falta de planejamento e de capacitação ded brasileiros, que, segundo ele, é permanente, mas agrava-se na crise.
"Muitos brasileiros chegam aos EUA com a ilusão de que gerir negócio aqui é fácil; não pesquisam o mercado; arriscam-se e, como a demanda em tempo normais é alta e crescente, conseguem gerir o empreendimento, mas com muita perda de tempo e dor de cabeça. No momento em que a crise acontece, aí vai tudo por água abaixo", afirma ele.
Rocha diz que o CIB tem ajudado os empresários a alavancarem negócios, inclusive com programas de capacitação do Sebrae.
Ele acredita que, capacitando esses brasileiros empreendedores, há ganho duplo: comunidade mais bem-sucedida e, automaticamente, resultado maior para o Brasil, pois, com condições financeiras, esses brasileiros podem investir em imóveis e outros bens no País.
"Está faltando política do governo do Brasil em relação ao imigrante. O Brasil pode beneficiar-se mais dos brasileiros que estão no exterior, se o governo apoiar a abertura de negócios aqui. Para isso, é preciso também que os dois países acertem os interesses de ambos, nesta área", diz Rocha.

3. Brasileiros espalham-se nos EUA.
A comunidade brasileira radicada nos EUA passou por processo que permitiu que ela se espalhe pelo país, o que lhe facilita a conviver com a crise local, de acordo com o sociólogo norte-americano Franklin Goza, professor da Universidade Bowling Green, do Estado de Ohio.
Ele já lecionou no Brasil e fez pesquisas sobre os brasileira nos EUA.
"Os brasileiros procuram falar inglês, muitos comunicam-se perfeitamente bem no idioma, e são familiarizados com a sociedade americana. Por isso tendem a não ficar mais apenas em uma região, ou cidade. Eles já criaram bases em praticamente todos os 50 Estados norte-americanos", afirma Goza.
Segundo o professor, quando as pessoas chegam aos EUA, elas gostam de ficar em um só lugar, porque encontram proteção no grande número de pessoas da mesma nacionalidade e os brasileiros não fugiram desta regra.
"Mas agora eles vão para onde eles acham que podem ganhar dinheiro; estão indo onde há oportunidades".
Segundo o Ministério das Relações Exteriores, de 1,3 milhão a 1,5 milhão de brasileiros vivem nos EUA, sendo 450 mil ilegais.
Marcello, imigrante brasileiro que vive em situação ilegal na região da cidade de Seattle, no Estado de Washington, residiu antes no Estado da Geórgia, mas optou por fixar-se no extremo noroeste do país em busca de melhores oportunidades.
Segundo ele, Washington oferece certas vantagens para os imigrantes que alguns outros Estados não proporcionam, como a possibilidade de tirar carteira de habilitação.
"A comunidade brasileira é crescente na região de Seattle. Alguns vêm tirar carteira de motorista, gostam e decidem vir para cá", disse ele.

4. Denúncia: imigrantes ilegais tratados como criminosos e torturados nos EUA
O jornalista Eliakim Araújo, editor do site Direto da redação, denunciou que, para justificar os erros que comete na política internacional, o governo Bush implantou terrorismo interno, cujas vítimas são os imigrantes indocumentados, ou ilegais.
Segundo Eliakim, enquanto o país debate medidas que tornem mais rigorosas as leis de imigração, milhares de pessoas que não são cidadãos norte-americanos passam dias, meses ou anos encarcerados, até que o governo decida se e quando vai deportá-los; e, nestes centros, são tratados como criminosos comuns, apesar de não terem cometido crime algum, a não ser o fato de estarem no país em situação irregular.
O jornalista disse que a lista, compilada pela Imigração e Alfândega, mostra que as prisões de indocumentados não param de crescer: em menos de três anos, um milhão de pessoas passaram pelos centros de detenção e, para esconder o que ocorre nestas prisões, a imigração usa diversos recursos como deportar ou transferir testemunhas de violência cometida contra presos.
A violência contra os imigrantes indocumentados, detidos à disposição do governo americano, dá-se de outras formas também.
Em agosto de 2007, o brasileiro Edimar Alves de Araujo, 34 anos, foi detido em blitz de trânsito e levado em custódia por estar em situação irregular no país.
A irmã dele, Irene, assim que soube do ocorrido foi à delegacia levar-lhe medicamento contra epilepsia que ele não podia deixar de tomar. mas não conseguiu convencer os policiais dessa necessidade e eles não aceitaram o remédio.
Horas depois o brasileiro morria dentro da prisão.
"Os direitos humanos passam longe desses centros de detenção; mas as autoridades imigratórias do governo Bush não estão preocupadas com direitos humanos, seguem a linha dura do seu presidente que ocupa o Iraque, tortura e mata inocentes no país, sem motivação. Logo, maltratar ou até mesmo matar imigrante em estabelecimento prisional é café pequeno perto do que o chefão de Washington faz", diz Eliakim.


5. Brasil tem 600 mil imigrantes ilegais
O Brasil tem pelo menos 600 mil imigrantes ilegais, segundo o Serviço Pastoral dos Migrantes, entidade ligada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB); a maioria é formada por bolivianos, paraguaios, peruanos, chilenos, argentinos e colombianos.
"A tendência é aumentar a presença do imigrante irregular, a partir do momento em que países do primeiro mundo que antes os recebiam, como Portugal e Espanha, passaram a fechar as portas para os latinos”, afirmou Luiz Bassegio, fundador da pastoral, que presta assistência a imigrantes.
O coordenador do Centro de Apoio ao Imigrante, Paulo Iles, disse que os imigrantes sul-americanos sofrem com o preconceito de setores da sociedade brasileira.
No Brasil, os imigrantes ilegais ganham o equivalente a mais de US$ 200 e podem mandar US$ 50 para a família; em suas terras de origem, muitas vezes, recebem US$ 30 por mês.
O Brasil realizou anistia geral para estrangeiros em 1998, legalizando os clandestinos.
Não está prevista nova anistia.
É preciso que o governo federal regularize a situação dos ilegais para que eles possa gozar dos direitos que usufruem os estrangeiros em situação regular no Brasil: à saúde pública e seus filhos, à educação gratuita, o que não ocorre em muitos dos países que recebem imigrantes brasileiros.

6. Custo da legalidade em Portugal
Ucraniano paga 16 vezes mais do que um português por documentos equivalentes, como cédula de identidade ou carteira de habilitação, enquanto que os imigrantes do Brasil ou de Cabo Verde são obrigados a pagar três vezes mais do que o português.
As conclusões são do estudo “Quanto custa ser imigrante”, dos pesquisadores Tiago Santos e Edite do Rosário, encomendado pelo Observatório da Imigração .
Os especialistas focaram brasileiros, cabo-verdianos e ucranianos, as três nacionalidades mais numerosas entre os imigrantes em Portugal.
Por autorização de residência permanente, equivalente a carteira de identidade, o brasileiro ou cabo-verdiano paga US$ 33, três vezes mais do que o português; o ucraniano gasta US$ 335, aos quais se devem somar outros US$ 423 no caso da lei de reagrupamento familiar, que permite trazer cônjuge e filhos para o país.
A esposa, ou o marido, caso seja ela a trabalhadora imigrante, deve pagar mais US$ 176 por visto de residência, e os filhos outros US$ 299.
Existe notória diferença na obtenção de autorização de residência permanente, que pode ser solicitada ao completar oito anos no país.
O estudo descreve família típica, com marido, mulher e um filho.
Se for de Cabo Verde paga US$ 254; a quantia que sobe para US$ 289, para brasileiros; e dispara para US$ 1.220 para ucranianos.
Todos os documentos ucranianos, como certidões de casamento, de nascimento e de antecedentes requeridos pelo SEF devem ser traduzidos e autenticados por sua embaixada, ao custo de US$ 22,5 por página.
Rosário e Santos afirmam que os imigrantes são forçados a pagar quantias “excessivas” e que os sucessivos governos dos últimos anos usaram este dinheiro para financiar o antes deficitário serviço de imgração e o que sobra vai para os cofres do Estado.
Roberto Carneiro, ministro da Educação entre 1987 e 1991 e coordenador do Observatório da Imigração, a discriminação é vergonhosa: "são grupos populacionais que buscam Portugal como solução de vida, apesar de indicadores demonstrarem os benefícios para o país desses fluxos migratórios".
O documento recomenda substancial redução dos valores cobrados dos imigrantes, que, por sua vez, consideram impossível que o governo do primeiro-ministro socialista José Sócrates mude as regras do jogo, pois o serviço de imigração converteu-se em importante fonte de renda para o Estado, em país onde cada centavo conta para reduzir o déficit público.

7. Dificuldades na migração do Brasil para o Japão.
Continua crescente a migração para o Japão de filhos (nisseis) e netos (sanseis) de japoneses que há 100 anos começaram a vir para o Brasil.
Este movimento chamou a atenção do geógrafo Ricardo Hirata Ferreira, que decidiu estudá-lo, percebendo que apesar das variações de cada caso, a condição do migrante sempre está acompanhada de conflitos e o processo de inserção destes descendentes na sociedade japonesa não se dá facilmente.
Ferreira passou 39 dias no Japão entrevistando dekasseguis que deixaram o Brasil para trabalhar naquele país, e identificou quatro grupos em diferentes situações.
As entrevistas compõem o estudo realizado na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.
O primeiro caso é dos que vão para o Japão para trabalhar e poupar, com meta bem definida, como adquirir a casa própria no Brasil, por exemplo.
Planejam permanecer no país de dois a três anos, período em que levam vida mais regrada "da casa para o trabalho e do trabalho para a casa".
Os contratos de trabalho não são feitos diretamente com as fábricas japonesas onde prestam serviço, mas com empreiteiras que terceirizam esta mão-de-obra.
São assim praticamente excluídos de benefícios como assistência médica e previdência.
Ferreira explica que o Japão é um país aversivo ao imigrante de maneira geral, principalmente ao de país periférico
Apesar de o mercado de trabalho absorver estes trabalhadores em atividades braçais, o Estado e a sociedade não os vêem com bons olhos.
O segundo grupo é formado por descendentes que não têm a mesma preocupação em poupar, e já estão no Japão de 5 a 8 anos.
A idéia de voltar ao Brasil é encarada como projeto para futuro indeterminado, mas costumam vir com mais freqüência para passear e visitar parentes.
No terceiro grupo, estão aqueles migrantes que dão claras indicações de que não voltarão ao Brasil.
Grande parte destes já tem visto permanente, família com filhos em escolas para japoneses e até contratos de trabalho direto com as empresas japonesas.
O quarto grupo compreende a população que começa a ser representativa no Japão: são os filhos de migrantes que, apesar de nascidos lá, não são reconhecidos como japoneses pelo governo; muitas são crianças e adolescentes estudam em escolas específicas para brasileiros, mas os que estudam em escolas japonesas passam por dificuldades para se adaptar em função da língua e dos padrões rigorosos.
Esta geração sofre de preocupante crise de identidade, relatando não se sentir brasileira, pois quando estão no Brasil são vistos como japoneses -, e nem japoneses, pois lá são tratados como ‘gaijins’, termo destinado aos estrangeiros e que pode ter uma conotação negativa, sendo inimigo um de seus significados".

8. Mulheres já são metade da migração mundial.
A comissária para a Imigração e o Diálogo Intercultural de Portugal (Acidi), Rosário Farmhouse, disse que o número de mulheres que migram no mundo tem aumentado nos últimos anos, representando, atualmente, cerca da metade dos migrantes.
Rosário Farmhouse participou em Lisboa de almoço sobre modernização das políticas sociais e do modelo social europeu.
O aumento do número de mulheres, segundo a comissária, é justificado por alteração no padrão tradicional de imigração.
Antes, primeiro imigrava o homem sozinho, e só depois a mulher com os filhos.
Atualmente, as mulheres estão imigrando sozinhas ou optam por acompanhar o marido, deixando os filhos nos países de origem, disse a responsável, que alerta para a discriminação e as dificuldades enfrentadas pelos imigrantes do sexo feminino.
A mulher que opta por imigrar é discriminada também no país de origem, quando precisa deixar os filhos, destacou Rosário Farmhouse, enumerando como principais dificuldades das imigrantes fora do país de origem a língua, o acesso à habitação, a saúde e o trabalho.
"A mulher tem mais dificuldade em aprender a língua, uma vez que normalmente está em casa com os filhos ou exerce trabalhos domésticos", disse, considerando também que imigrante tem mais dificuldades para arranjar uma casa sozinha do que um homem.
A alta comissária alertou que muitas mulheres imigrantes, quando estão grávidas, desconhecem seus direitos de acesso à saúde e não são acompanhadas por médicos.
No trabalho, as imigrantes são alvo de discriminações, tendo em conta que a maioria faz trabalhos domésticos e não tem contrato de trabalho, segurança social, nem seguro", afirmou Rosário Farmhouse, adiantando que esta situação frágil, muitas vezes, as impede de regularizar sua situação no país.

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