Mineradoras brasileiras e estrangeiras mudam estratégia e partem para ofensiva no Congresso e no Executivo
Parlamentares e líderes políticos de esquerda, além de técnicos do governo, estão atentos e aumentam as denúncias contra o lobby de grupos privados brasileiros e estrangeiros para acabar com o monopólio estatal sobre a mineração de urânio, cujas ações acabam de envolver o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão (foto).
As novas pressões das mineradoras brasileiras e estrangeiras interessadas em explorar e exportar o urânio do país mostram que o lobby mudou de estratégia e partiu para ofensiva.
Parte dos lobistas, coordenada por mineradoras brasileiras, intensificou atuação no Congresso Nacional e Executivo; enquanto as mineradoras estrangeiras atacam através da mídia local e internacional: na última semana, a superpoderosa agência de notícias Bloomberg divulgou entrevista do ministro Lobão, que defendeu a privatização da mineração do urânio, do refino e da exportação do combustível nuclear, o que deixou autoridades do governo de orelha em pé.
Lobão, em entrevista, em Brasília, à TV Bloomberg, que distribuiu mundialmente as imagens, assumiu o discurso antimonopólio.
Segundo o ministro, a abertura da mineração, refino e mesmo exportação ao setor privado seria toda sujeita ao estrito controle do governo.
"Vamos fazer tudo com segurança. A abertura do mercado a empresas não-governamentais pode ajudar o Brasil, país detentor da sexta maior reserva de urânio do mundo, a alcançar o quarto lugar", disse Lobão .
Em seguida, o ministro afirmou que estão sendo feitos estudos sobre como abrir a mineração e o refino de urânio à iniciativa privada, no Brasil, acrescentando que as mudanças, em estudo em cinco ministérios, para pôr fim ao monopólio estatal podem entrar em vigor dentro de um ano.
O monopólio é controlado pelas Indústrias Nucleares do Brasil
"Há muitas empresas interessadas. Os investimentos necessários e o nível de exportações que poderiam ser realizadas ainda não foram mensurados. Mas não há dúvida de que o monopólio e a forma pela qual estamos tratando desse minério valioso nos causam danos ou nos fazem perder oportunidades", afirmou o ministro, praticamente lendo o script elaborado pelas mineradoras brasileiras e estrangeiras.
A Vale, produtora de minério de ferro, e o Grupo EBX, do empresário da mineração Eike Batista, coordenam o lobby doméstico para a quebra do monopólio brasileiro; entre as estrangeiras, estão no comando a Bunge e a BHP Billiton.
Os lobbies trabalham pela Proposta de Emenda à Constituição Nº 171, de 2007, que acrescenta o parágrafo único ao art.21, e o parágrafo 5º ao art. 177 da Constituição Federal, extingüindo o monopólio da União.
A quebra do monopólio do urânio seria novo crime contra o Brasil, a exemplo do que ocorreu com o minério de ferro, a energia elétrica, as telecomunicações e quase aconteceu com o petróleo e gás.
A privatização do urânio seria mais nocivo ainda ao País porque pretenderia exportar o minério em estado primário, em momento em que os preços internacionais do produto não param de subir e o Brasil já tem, plenamente desenvolvida, tecnologia para processá-lo.
Com apenas 30% do território prospectados, as reservas brasileiras já somam 309 mil toneladas, mas podem chegar a milhões de toneladas.
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