Governo dos EUA mantém pressão contra relações brasileiras no Hemisfério Sul
O governo norte-americano, utilizando-se da mídia internacional e brasileira, voltou a atacar o relacionamento comercial do Brasil com República Islâmica do Irã: reportagem do jornal "O Estado de S.Paulo" revelou que empresas brasileiras utilizam operação de triangulação, via Porto de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, para acessar o mercado iraniano, descumprindo assim sanções comerciais impostas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas contra o Irã.
A ofensiva de Washington obrigou o Ministério das Relações Exteriores a emitir nota em favor dos exportadores brasileiros, afirmando que as vendas de carne, açúcar, milho em grão, óleo de soja, chassi com motor para veículos leves, minério de ferro, autopeças, produtos petroquímicos e celulose, seja direta ou indiretamente ao Irã, não configuram descumprimento de resolução da ONU, porque não se relacionam com programa nuclear nem com mísseis balísticos.
O Itamaraty reafirmou assim a interpretação do governo brasileiro em relação à decisão da ONU.
Diz a nota: "O Ministério das Relações Exteriores esclarece que nenhuma resolução do Conselho de Segurança da ONU proíbe exportações de açúcar, carne ou quaisquer outros produtos que fazem parte de nossa pauta de exportação para o Irã. As proibições de exportações para aquele país, impostas pela ONU, cobrem somente itens relacionados ao programa nuclear e de mísseis balísticos. Nos casos de armamentos pesados, vigora a exortação de vigilância e cautela."
A interpretação do Itamaraty atende ao plano de expansão das relações política, comercial e cultural brasileira não apenas no Golfo Pérsico, mas junto a países do Hesmifério Sul, o que desagrada ao governo dos EUA.
Neste sentido é importante lembrar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, preparam-se para rodada de visitas ao Golfo Pérsico, oportunidade em que o relacionamento não só comercial, mas político e cultural do Brasil com aquela região deverá ser incrementada.
Sob aspecto comercial, o Brasil estreita a relação comercial com o Golfo Pérsico para beneficiar-se com parte da enxurrada de petrodólares que devem irrigar o desenvolvimento da região neste momento de alta do petróleo. As exportações aos Emirados Árabes Unidos cresceram mais de 4 000% nos últimos 20 anos, revelam os dados do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Em 2007, ingressaram nos Emirados um volume de produtos que rendeu ao Brasil US$ 1,196 bilhão em receitas de exportação; em 1987, essa receita foi de apenas US$ 28,8 milhões.
O Brasil mantém vendas diretas para o Irã, mas ao contrário dos Emirados Árabes o crescimento das vendas nos últimos 20 anos foi menor.
Entre 1987 e 2007, a exportação para o Irã cresceu 729,9%, o que elevou as vendas de US$ 221,4 milhões para US$ 1,837 bilhão em 2007.
Na pauta, além de milho em grão, óleo de soja, açúcar, chassi com motor para veículos leves, minério de ferro, autopeças, produtos petroquímicos e celulose, há mais de 100 itens.
As sanções da ONU em relação a itens de programa nuclear e de mísseis balísticos decorrem de pressão dos EUA sobre o organismo, que acusa a República Islâmica do Irã de negar-se a divulgar o conteúdo do seu programa nuclear.
A verdade é que o Irã já divulgou esse conteúdo, provando à ONU e ao mundo que o programa nuclear do país tem fins pacíficos e está voltado para geração de energia. A presença brasileira no Irã já provocou a ira dos Estados Unidos em outras ocasiões: em 2007, por exemplo, investimentos da Petrobras em Teerã, feitos em parceria com a espanhola Repsol, foram denunciados por diplomatas norte-americanos, com ampla divulgação na mídia internacional e brasileira, que alegaram descumprimento das sanções impostas pela ONU.
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