Bush quer usinas brasileiras de álcool nas mãos dos cartéis americanos


Estratégia, embora pacífica, é a mesma que levou os EUA à pilhagem do Afeganistão e do Iraque, em busca do controle de reservas do petróleo.
Se os EUA quisessem mesmo oferecer oportunidades ao Brasil, poderia começar acabando logo com a sobretaxa em cima do etanol brasileiro.
Os EUA precisam importar álcool porque sua produção, a partir do milho, é insuficiente para a alteração da matriz energética projetada pelo governo, que vê o aumento atual da produção de álcool criar problemas sérios, com a elevação do preço do milho, e é muito difícil aumentar a área plantada nos EUA, que já é gigantesca.
Como o álcool brasileiro é muito mais barato – e a obtenção dele, a partir da cana, mais produtiva – seria lógico que os EUA diminuíssem as barreiras à venda do etanol brasileiro.
No entanto, o presidente americano George W. Bush, em visita a São Paulo, nem ao menos incluiu na pauta de suas discussões com o presidente Lula a sobretaxa ao etanol brasileiro.
Está claro que os EUA – através dos cartéis de energia – querem apropriar-se dos meios de produção de álcool brasileiro, e não comprar a produção.
Ou seja, a mesma política imperialista de sempre: apropriar-se das fontes de energia da periferia do sistema.
Para os cartéis energéticos e para o próprio governo americano, até há pouco tempo, essa fonte de energia, o álcool, não era tão importante.
Mas agora, com a situação energética mais do que problemática pela frente, eles perceberam que a fonte é muito importante; é estratégica – e vai ser vital ao país que concentra, entre outras coisas, 40% dos veículos automotivos do planeta.
A estratégia americana de saque às fontes mundiais de energia mantém-se na ordem do dia: agora, ao lado da invasão do Afeganistão e do Iraque, e das ameaças ao Irã, em busca do petróleo, está a tentativa de açambarcar o etanol brasileiro.
Assim, neste primeiro momento, já atuam os grupos Archer Daniels Midland (ADM), maior produtor de etanol dos EUA, Cargill, Infinity Bio-Energy, Clean Energy Bio-Energy, a Globex e Pacific Ethanol, colocando os pés no Brasil, adquirindo ou tentando comprar usinas brasileiras de álcool.
Multinacionais de outros países, mas diretamente vinculados aos cartéis americanos, vão pelo mesmo caminho: o grupo francês Louis Dreyfus, recentemente, adquiriu as 5 usinas do grupo Tavares de Melo, tornando-se o segundo maior produtor de etanol do país.
Os grupos japoneses Mitsubshi e o Mitsui, no momento, anunciaram que estão procurando parceiros para a produção de etanol no Brasil.
Esse tipo de abertura do mercado do biocombustível brasileiro vai inteiramente contra a diplomacia do álcool, que o Itamaraty desenvolve há anos em vários continentes e acontece exatamente quando o Brasil pode obter os dividendos políticos e econômicos de ter sido pioneiro na produção de uso do álcool combustível.
Segundo o chefe do Núcleo de Assuntos Estratégicos (NAE) da presidência da República, Oswaldo Oliva Neto, os biocombustíveis, ao contrário do petróleo, favorecem a paz e poderão contribuir para a redução da tensão internacional.
"A maior parte da África, América Latina e Oceania tem possibilidades de produzir etanol a partir da cana-de-açúcar, reduzindo a concentração da produção e da comercialização de combustíveis. Essa descentralização oferece maior segurança de fornecimento e menor dependência, em comparação com o petróleo exportado por poucos países", acrescentou Neto.
Ele lembrou que o Brasil, situado na zona mais desarmada do mundo e que não se envolve em conflitos militares desde a Segunda Guerra Mundial, pode ser o maior produtor de etanol, capaz de substituir 5% de toda a gasolina consumida no mundo.
Reduzir a demanda de petróleo, ampliando o tempo de exploração das atuais reservas e, dessa forma, atenuando a alta de seu preço, também contribui para abrandar as tensões, segundo Neto, que é coronel do Exército.
Em sua opinião, os biocombustíveis fornecem conceito de maior harmonia a respeito do meio ambiente e maior contribuição ao desenvolvimento social, ao oferecer segurança de abastecimento, redução dos gases causadores do efeito estufa, abertura de novos mercados para países pobres e possibilidade de aumentar o crescimento econômico mundial em novas bases.

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